Estudos Clínicos: Terapia por Ondas de Choque para Fasceíte Plantar
A Fasceíte Plantar é uma dor musculoesquelética comum. Estima-se que afeta até 10% de corredores e população geral. A Fasceíte Plantar consiste em uma dor localizada posteriormente na planta dos pés, próxima ao tornozelo, com característica de ser pior e mais intensa durante a manhã e logo após a primeira pisada do dia, e também pior após ficar sentado por muito tempo.
Clinicamente, há um aumento de tensão e inflamação na origem da fáscia plantar no processo medial da tuberosidade calcânea do pé, e a dor aumenta com o alongamento passivo da fáscia plantar.
A etiologia e causa da Fasceíte Plantar é desconhecida, e provavelmente multifatorial.
Excesso de carga pode resultar em inflamação, degeneração, microrupturas e/ou fibrose na origem da fáscia plantar. Um esporão calcâneo pode estar presente em 50% dos pacientes com dor no calcâneo, porém, este mesmo esporão é encontrado em 10 a 27% de pessoas assintomáticas (ou seja, o esporão não é necessariamente relacionado à dor da Fasceíte Plantar).
A Fasceíte Plantar é uma patologia geralmente encontrada em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres.
Outros fatores de risco para o desenvolvimento dessa dor incluem obesidade, e pessoas que ficam por períodos prolongados em pé ou sentados.
A dor pode afetar um ou os dois pés. A dor da Fasceíte Plantar é geralmente auto-resolutiva, com melhora espontânea em até 12 meses após o início dos sintomas.
No entanto, para muitos pacientes, a dor acaba se cronificando, sendo uma dor de difícil tratamento.
Tratamentos propostos na literatura científica médica incluem repouso, gelo, alongamentos, uso de anti-inflamatórios não esteroidais, injeções de corticóides, órteses incluindo palmilhas e órteses suropodálicas, ultrassom terapêutico, e Acupuntura.
Uma pequena parcela dos pacientes são submetidos a cirurgia, com ressecção do esporão e liberação da fáscia. No entanto, a efetividade dessas modalidades de tratamento é limitada, segundo revisão sistemática da Cochrane.
Recentemente, o uso de Terapia por Ondas de Choque Extra Corpóreas (Extracorporeal Shock Wave Therapy (TOC/ESWT) vem aumentando no tratamento da Fasceíte Plantar. As Ondas de Choque, na forma de litotripsia, vêm sendo utilizadas desde 1976 no tratamento de cálculos renais e biliares.
As ondas de choque são ondas acústicas sonoras de pulso único, que se propagam rapidamente em um espaço tridimensional gerando um aumento rápido e súbito de pressão, dissipando energia mecânica na interface de 2 substâncias com impendância acústica diferentes, resultando na desintegração dos cálculos.
A partir de 1990, pesquisadores da Alemanha iniciaram a publicação de relatos científicos de uso de ondas de choque em diversas patologias musculoesqueléticas, como pseudoartroses, tendinites calcificadas do ombro, epicondilite lateral e medial, e também Fasceíte Plantar.
Vários estudos clínicos controlados, randomizados e duplo cego publicados nos últimos anos vêm demonstrando a eficácia do Tratamento por Ondas de Choque Extra Corpóreas / Extracorporeal Shock Wave Therapy (TOC/ESWT) em diversas patologias médicas, tais como em algumas dores crônicas, epicondilite medial e lateral do cotovelo, síndrome dolorosa miofascial, e fasceíte plantar.
Não se conhece ainda o mecanismo pelo qual as Ondas de Choque tratam doenças musculoesqueléticas.
Alguns pesquisadores acreditam que os microtraumas nos tecidos resultam em uma liberação de enzimas diversas, com efeito nociceptor, além de uma neovascularização local após a aplicação das Ondas.
Neste artigo, apresentaremos resultados de alguns estudos de Terapias por Ondas de Choque em fasceíte plantar (dor em planta de pés), uma patologia de díficil tratamento.
Um estudo canadense publicado em 2005 na Revista Orthopaedic Research Society (Randomized, Placebo-Controlled, Double-Blind Clinical Trial Evaluating the Treatment of Plantar Fasciitis with an Extracorporeal Shockwave Therapy (ESWT) Device: A North American Confirmatory Study) avaliou 114 pacientes com fasceíte plantar crônica (ou seja, tinham dor nos pés há mais de 6 meses), que não obtinham melhora com o tratamento conservador (medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e corticóides). Os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo recebeu o tratamento real por Terapia por Ondas de Choque, e o segundo grupo recebeu um tratamento placebo.
Os participantes do grupo de tratamento real por Terapia por Ondas de Choque apresentaram uma melhora estatisticamente significativa (p = 0,0124) em suas dores. As dores foram avaliadas pela Escala Visual Analógica, que avalia a dor do paciente de 0 a 10 (0 = nada de dor, 10 = maior dor já sentida). As notas médias dos participantes que receberam o tratamento por Ondas de Choque caiu de 7.5 para 3.9, três meses após o tratamento, com uma melhora de mais de 49% em sua dor.
Além de uma melhora na intensidade dolorosa, os pesquisadores também encontraram melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, habilidade de andar e realizar atividades de vida diária. Os efeitos adversos relatados foram raros e mínimos, com poucos pacientes relatando inchaço local temporário (edema), pequenos hematomas e dor leve após a aplicação.
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