Disestesia: Compreendendo as Sensações Alteradas
A forma como percebemos o mundo ao nosso redor depende fundamentalmente do nosso sentido do tato. Através de uma complexa rede de nervos, nosso cérebro interpreta uma infinidade de sensações – do carinho suave na pele à textura de um tecido. Porém, quando essa comunicação sofisticada entre nervos e cérebro sofre uma interferência, as sensações podem se tornar distorcidas, desagradáveis e até mesmo dolorosas. É a esse fenômeno que damos o nome de disestesia.
Não se trata de uma doença em si, mas sim de um sintoma que pode surgir no contexto de diversas condições de saúde, particularmente aquelas que afetam o sistema nervoso. Compreender a disestesia é o primeiro passo para buscar alívio e melhorar a qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo explicar, em linguagem acessível, o que é a disestesia, suas possíveis causas, os tratamentos não cirúrgicos disponíveis e como conviver com esse sintoma.
📌 O Mecanismo Simplificado
Sensação Normal:
Toque na pele → Sinal elétrico correto via nervos → Cérebro interpreta como “toque suave”.
Sensação na Disestesia:
Toque na pele (ou nenhum toque) → Sinal elétrico distorcido/interrompido → Cérebro interpreta como “dor/queimação/formigamento intenso”.
É como um fio de telefone danificado que distorce a voz: a mensagem chega, mas de forma irreconhecível.
O Que É, Exatamente, a Disestesia?
Disestesia vem do grego (“dys”, que significa anormal, e “aisthēsis”, que significa sensação). É um termo amplo que descreve qualquer sensação cutânea anormal e desagradável, seja espontânea ou provocada por um estímulo que normalmente não causaria desconforto.
Essas sensações são reais e podem ser muito angustiantes para quem as vivencia. Elas variam muito de pessoa para pessoa em tipo e intensidade. A disestesia é frequentemente um sintoma de uma neuropatia – uma condição que afeta os nervos periféricos que conectam o cérebro e a medula espinhal ao resto do corpo – ou de condições que afetam o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).
Tipos Comuns de Sensação na Disestesia
Quais São as Principais Causas?
A disestesia surge de um mau funcionamento nos nervos. Esse dano pode ocorrer em qualquer ponto do caminho sensorial: nos nervos periféricos, na medula espinhal ou no próprio cérebro. Diversas condições podem levar a esse tipo de lesão ou irritação nervosa. É fundamental que um médico neurologista investigue a causa raiz para direcionar o tratamento adequado.
Entre as causas mais frequentes, destacam-se:
- Esclerose Múltipla (EM): Uma das causas mais comuns. A desmielinização (danos à bainha que protege os nervos) interfere diretamente na transmissão dos sinais elétricos.
- Neuropatia Diabética: Níveis elevados de açúcar no sangue por longos períodos podem danificar os pequenos vasos que nutrem os nervos, levando a sintomas como queimação e formigamento, principalmente nos pés e mãos.
- Hérnia de Disco com Compressão Radicular: A compressão de uma raiz nervosa na coluna vertebral pode causar disestesia (como formigamento ou choque) no trajeto do nervo afetado (ex.: braço ou perna).
- Deficiências de Vitaminas: A falta de vitaminas do complexo B (especialmente B1, B6, B12) e de vitamina E é crucial para a saúde dos nervos.
- Neuropatias Pós-Infecciosas ou Autoimunes: Como a síndrome de Guillain-Barré ou neuropatias relacionadas ao HIV.
- Acidente Vascular Cerebral (AVC): Pode lesar áreas do cérebro responsáveis pelo processamento da sensibilidade.
- Fibromialgia: Frequentemente associada a sensações difusas de dor e alterações sensoriais.
Como Reconhecer os Sintomas e Buscar um Diagnóstico
Os sintomas da disestesia são subjetivos, ou seja, são descritos pelo paciente. Não há um exame de imagem ou sangue que “mostre” a sensação de queimação. Por isso, a comunicação clara com o médico é essencial. Descreva onde sente, como é a sensação (usando analogias: “parece que estou com a pele queimando ao sol”), quando começou e o que piora ou melhora o sintoma.
O diagnóstico é clínico, feito através de uma detalhada entrevista (anamnese) e exame físico neurológico. O médico testará sua sensibilidade ao toque leve, à vibração, à temperatura e à dor em diferentes partes do corpo. Para identificar a causa subjacente, ele pode solicitar exames como eletroneuromiografia (que avalia a condução nervosa), ressonância magnética de crânio ou coluna, e exames de sangue para verificar diabetes, deficiências vitamínicas e marcadores inflamatórios.
| Sinais e Sintomas de Alerta | Recomendação e Conduta |
|---|---|
| Sensação de queimação, formigamento ou choque súbito e intenso, sem causa aparente. | Agende uma consulta com um clínico geral ou neurologista para avaliação inicial. |
| Sintomas que começam nos pés e “sobem” pelas pernas, ou que afetam ambos os lados do corpo. | Procure avaliação médica, pois pode indicar uma neuropatia periférica (como a diabética). |
| Perda de força muscular associada às sensações anormais (ex.: pé que cai, dificuldade para segurar objetos). | Busque atendimento médico com mais urgência, pois sugere envolvimento motor do nervo. |
| Sintomas após trauma na coluna, início de novo medicamento ou associados a febre. | Comunique-se com seu médico ou procure um pronto atendimento para avaliação contextual. |
Abordagens de Tratamento Não Cirúrgico
O tratamento da disestesia tem dois pilares principais: tratar a causa de base (quando possível) e controlar os sintomas neuropáticos (a dor e as sensações anormais). O manejo é geralmente multidisciplinar, envolvendo principalmente o neurologista, e pode incluir medicações, terapia tópica e modificações no estilo de vida.
Medicamentos de Uso Sistêmico (Via Oral)
Os medicamentos mais prescritos para a dor neuropática da disestesia não são analgésicos comuns como dipirona ou ibuprofeno. Eles são, em sua maioria, drogas originalmente desenvolvidas para outras condições (como epilepsia e depressão), mas que se mostraram altamente eficazes para acalmar os nervos “hiperexcitados”. A escolha depende do tipo de sintoma, das outras condições de saúde do paciente e dos efeitos colaterais.
💊 Linha do Tempo do Tratamento Medicamentoso
Início com dose baixa. É necessário um período (semanas) para que o efeito terapêutico pleno seja alcançado. O médico ajusta a dose gradualmente.
Após encontrar a dose eficaz e tolerável, o tratamento é mantido por um período prolongado. O objetivo é o controle estável dos sintomas.
Nunca interrompa a medicação abruptamente. A suspensão deve ser sempre gradual e orientada pelo médico para evitar efeitos de rebote ou abstinência.
| Classe de Medicamento / Opção | Mecanismo de Ação / Utilidade | Exemplos (Genéricos) |
|---|---|---|
| Antidepressivos Tricíclicos (ADTs) | Aumentam a disponibilidade de neurotransmissores que inibem a transmissão da dor no cérebro e na medula. Eficazes para dor em queimação e constante. | Amitriptilina, Nortriptilina. |
| Anticonvulsivantes (ou Antiepilépticos) | Estabilizam os nervos hiperexcitáveis, reduzindo a descarga elétrica anormal. Boa opção para dor em choque, pontada ou lancinante. | Gabapentina, Pregabalina, Carbamazepina. |
| Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN) | Agem de forma semelhante aos ADTs, mas com um perfil de efeitos colaterais diferente. Também modulam a inibição da dor. | Duloxetina, Venlafaxina. |
| Terapia Tópica | Age localmente no local da aplicação, com menos efeitos sistêmicos. Ideal para dores localizadas em áreas pequenas. | Cremes de Capsaicina (baixa/alta concentração), Lidocaína em adesivo ou gel. |
Abordagens Não Farmacológicas e de Suporte
O tratamento vai além dos remédios. Estratégias complementares são fundamentais para o manejo global e a melhora da qualidade de vida.
- Controle Rigoroso de Condições de Base: Para o diabético, manter a glicemia controlada é a medida mais importante para prevenir a progressão da neuropatia.
- Suplementação Nutricional: Em casos de deficiência comprovada, a reposição de vitaminas do complexo B (especialmente B12) pode melhorar os sintomas.
- Técnicas de Manejo do Estresse e Mindfulness: O estresse pode exacerbar a percepção da dor. Técnicas de relaxamento, meditação e terapia cognitivo-comportamental ajudam a lidar com o componente emocional da dor crônica.
- Cuidados com a Pele e Evitação de Gatilhos: Usar roupas de algodão macio, evitar temperaturas extremas (banhos muito quentes/frios) na área afetada e identificar se certos tecidos ou pressões pioram o sintoma.
✅ Checklist de Autocuidado para Disestesia
Perguntas Frequentes sobre Disestesia
Reunimos abaixo as dúvidas mais comuns que pacientes e seus familiares têm sobre essa condição.
A disestesia é um tipo de dor imaginária ou psicológica?
Não, definitivamente não é imaginária. A disestesia é resultado de um dano físico ou funcional real no sistema nervoso. O cérebro recebe e interpreta sinais elétricos incorretos provenientes dos nervos danificados, gerando uma sensação real e mensurável para o paciente, mesmo na ausência de um estímulo externo.
Existe cura para a disestesia?
A possibilidade de cura depende inteiramente da causa subjacente. Se a causa for reversível (como uma deficiência de vitamina B12), a correção pode levar ao desaparecimento dos sintomas. Em condições crônicas como esclerose múltipla ou neuropatia diabética estabelecida, o foco principal é o controle e o gerenciamento eficaz dos sintomas para melhorar a qualidade de vida, mesmo que a condição de base persista.
Por que medicamentos para epilepsia ou depressão são usados para tratar dor?
Esses medicamentos, ao longo do tempo, demonstraram uma poderosa capacidade de “acalmar” ou estabilizar a atividade elétrica anormal em células nervosas hiperexcitadas. Eles atuam em neurotransmissores e canais iônicos envolvidos na geração e transmissão dos sinais de dor neuropática, independentemente de sua indicação original.
A pregabalina/gabapentina causa dependência?
Esses medicamentos não estão classicamente associados à dependência química como os opioides. No entanto, o corpo pode desenvolver tolerância (necessidade de aumentar a dose para o mesmo efeito) e dependência física. A interrupção brusca pode causar sintomas de abstinência (ansiedade, insônia, náusea), por isso a suspensão deve ser sempre gradual e orientada pelo médico.
O formigamento nas mãos e pés que sinto às vezes é disestesia?
Formigamento ocasional (parestesia) por compressão temporária de um nervo (ex.: “pé dormindo”) é comum e geralmente benigno. A disestesia tende a ser mais persistente, recorrente, intensa e/ou associada a outras sensações desagradáveis (queimação, dor). Se os formigamentos forem frequentes, piorarem ou vierem acompanhados de outros sintomas, uma avaliação médica é necessária.
Algum alimento ou dieta pode piorar ou melhorar a disestesia?
Não há um “alimento vilão” específico para a disestesia. No entanto, uma dieta anti-inflamatória rica em vegetais, frutas e ômega-3 pode beneficiar a saúde nervosa geral. O mais importante é controlar condições subjacentes: para diabéticos, reduzir açúcar e carboidratos refinados é crucial; para alcoólatras, a abstinência e uma dieta rica em vitaminas do complexo B é fundamental.
Posso fazer exercícios físicos sentindo disestesia?
Sim, a atividade física regular e adaptada é geralmente benéfica. Ela melhora a circulação, ajuda no controle de doenças como diabetes, libera endorfinas (analgésicos naturais) e promove bem-estar mental. Consulte seu médico para atividades adequadas. Evite exercícios que causem impacto direto na área afetada ou que a sobrecarreguem.
A disestesia pode evoluir para paralisia?
A disestesia em si, sendo um sintoma sensorial, não evolui para paralisia, que é um sintoma motor. Porém, a mesma condição de base que está causando a disestesia (como uma compressão grave de nervo, esclerose múltipla ou neuropatia avançada) pode, em alguns casos, também afetar as fibras nervosas motoras, levando à fraqueza. Qualquer nova fraqueza deve ser relatada imediatamente ao médico.
O estresse realmente piora a disestesia?
Sim, significativamente. O estresse físico e emocional libera hormônios que podem aumentar a sensibilidade geral do sistema nervoso (hiperalgesia), tornando os sintomas de dor neuropática mais intensos e difíceis de suportar. Por isso, o manejo do estresse é um componente terapêutico essencial e não apenas complementar.
Quanto tempo leva para a medicação para dor neuropática fazer efeito?
Diferente de um analgésico comum que age em minutos, os medicamentos moduladores da dor neuropática (como gabapentina, antidepressivos) podem levar várias semanas para atingir seu efeito pleno. O tratamento começa com doses baixas, que são aumentadas gradualmente até encontrar a dose eficaz e tolerável, exigindo paciência e acompanhamento médico.
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| Data | Intensidade (0-10) | Gatilho/Nota Rápida | Ações |
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AL. JAÚ 687 – JARDIM PAULISTA – SÃO PAULO – SP
Clínica de Dor, Fisiatria e Acupuntura Médica
Clínica médica especializada localizada na região dos Jardins, próximo à Av. Paulista, em São Paulo — SP.
Centro de Dor, com médicos especialistas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Tratamento por Ondas de Choque, Infiltrações, Bloqueios anestésicos e Acupuntura Médica
Dor tem Tratamento – Centro de Dor e Acupuntura Médica em São Paulo – SP
Médicos Especialistas em Dor e Acupuntura do HC-FMUSP
Os especialistas em medicina da dor são médicos especialmente treinados e qualificados para oferecer avaliação integrada e especializada e gerenciamento da dor usando seu conhecimento único e conjunto de habilidades no contexto de uma equipe multidisciplinar.
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Clínica Dr. Hong Jin Pai – Centro de Dor, Acupuntura Médica, Fisiatria e Reabilitação.
Al. Jaú 687 – São Paulo – SP
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