A tendinopatia supraespinhal é uma fonte comum de dor no ombro.
Tendinopatia é o termo usado para fazer referência às lesões em tendões, também chamada de tendinite, sendo relacionado à inflamação no tendão atingido, o que pode causar dor e rompimento do mesmo.
Os tendões, por sua vez, são estruturas elásticas em formato de cordão e aspecto esbranquiçado, cuja composição é de tecido conjuntivo fibroso, sendo ligados aos músculos e aos ossos.
A tendinite do supra espinhoso é das suas causas mais frequentes. O músculo supraespinhal é localizado no ombro, mais especificamente na face dorsal superior. Este músculo é componente do grupo de quatro músculos que formam o manguito rotador, responsável pela rotação do ombro.
O tendão do músculo supraespinhal, é ligado à cabeça do úmero, maior osso do membro superior. A lesão deste tendão é dado o nome de tendinopatia do supraespinhal. [1]Ruotolo C, Fow JE, Nottage WM. The supraspinatus footprint: an anatomic study of the supraspinatus insertion. Arthroscopy: The Journal of Arthroscopic & Related Surgery. 2004 Mar 1;20(3):246-9.
A tendinopatia supraespinhal é causada por fatores intrínsecos e extrínsecos. Alterações estruturais e biológicas acontecem quando a tendinopatia se desenvolve. Modificações celulares e extracelulares caracterizam os estágios de cicatrização dos tendões. A avaliação é fundamental para diferenciar a estrutura envolvida e oferecer um tratamento adequado. [2]Howell SM, Imobersteg AM, Seger DH, Marone PJ. Clarification of the role of the supraspinatus muscle in shoulder function. JBJS. 1986 Mar 1;68(3):398-404.
A partir destas informações prévias, é possível compreender o que ocorre na tendinopatia do tendão supraespinhal, por isso, continue a leitura e descubra do que se trata esta patologia, quais suas causas, sintomas e tratamento.
Índice do Artigo
- 0.1 O que é tendinopatia do supraespinhal?
- 0.2 Causas da tendinopatia do supraespinhal
- 0.3 Sintomas da tendinopatia do supraespinhal
- 0.4 A tendinite do manguito rotador (ombro de tenista) afeta os tendões localizados nos ombros.
- 1 Diagnóstico da tendinopatia do supraespinhal
- 2 Tendinopatia tem cura?
- 3 Considerações finais
- 4 Referências Bibliográficas[+]Referências Bibliográficas[−]
O que é tendinopatia do supraespinhal?

A tendinopatia do supraespinhal é uma patologia do ombro em que apresenta inflamação ou lesão no tendão que liga tal músculo à estrutura óssea. Geralmente, quando há lesão, ela ocorre na junta do músculo e do osso.
É uma patologia bastante comum entre desportistas que requisitam muito a articulação do ombro, como: atletas de beisebol, de basquete, de vôlei, de tênis, natação. É comum também entre trabalhadores cuja função exige movimentos repetitivos desta articulação, fazendo com que durante os movimentos abdutores do ombro, haja compressão ou atrito do tendão no osso[3]Boileau P, Brassart N, Watkinson DJ, Carles M, Hatzidakis AM, Krishnan SG. Arthroscopic repair of full-thickness tears of the supraspinatus: does the tendon really heal?. JBJS. 2005 Jun … Continue reading.
Esta enfermidade afeta pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade, no entanto, incide com mais frequência em pessoas com mais de 45 anos, atletas e trabalhadores. [4]Sein ML, Walton J, Linklater J, Appleyard R, Kirkbride B, Kuah D, Murrell GA. Shoulder pain in elite swimmers: primarily due to swim-volume-induced supraspinatus tendinopathy. British journal of … Continue reading
Causas da tendinopatia do supraespinhal

As causas de tendinite do ombro são variadas.
Há duas hipóteses etiológicas da tendinopatia do supraespinhal, isto é, considera-se que a causa desta patologia possa ser mecânica ou vascular. A hipótese mecânica refere-se ao esforço repetitivo, com atrito e compressão. Já a hipótese vascular consiste na possibilidade de que haja deficiência na distribuição sanguínea ao tendão, tornando-o enfraquecido e assim, vulnerável a rompimentos mais facilmente.
Anatomicamente, o que ocorre para causar a tendinopatia do supraespinhal é o atrito ou impacto direto com o acrômio, que ocasiona lesão no tendão supraespinhal.
Outras causas comuns estão relacionadas ao desencadeamento da patologia, confira:
- Quedas: muito comuns entre pessoas idosas, uma simples queda doméstica pode ocasionar o rompimento do tendão ou lesionar fibras, causando assim a tendinite supraespinhal;
- Artrite reumatoide: doença inflamatória que pode afetar o ombro, especialmente o tendão supraespinhal;
- Carregamento de peso: sobrecarga do ombro, principalmente se for unilateral, pode contribuir com o desenvolvimento da patologia em questão;
- Esporão ósseo: podem-se desenvolver saliências na extremidade do acrômio e estas podem causar atrito com o tendão, contribuindo com a lesão, rompimento ou inflamação do mesmo;
- Fatores antecessores: a união de vários episódios, mesmo que esporádicos, pode ocasionar posteriormente a tendinopatia do supraespinhal, por exemplo, um atleta que frequentemente lesiona algumas fibras do tendão e as recupera, anos mais tarde pode lesionar outras fibras, formando assim um tecido cicatricial (próprio de cicatriz) que enfraquece o tendão e o torna suscetível à inflamação.
Sintomas da tendinopatia do supraespinhal

A dor no ombro é o principal sintoma da tendinopatia do supraespinhal.
A dor é geralmente localizada na região superior e posterior do ombro. Além disso, a dor pode se apresentar gradual conforme o paciente desenvolva tarefas e movimentos de rotação e elevação com o ombro.
A localização da dor é frontal, lateral e atrás do ombro, podendo ainda ser refletida no braço, devido à compensação do esforço muscular. Muitos pacientes relatam, ainda que sentem dor ao apalpar a região afetada, mesmo que esteja imóvel; que a dor aumenta ao levantar o braço; que sentem fraqueza com sensação de incapacidade de segurar ou levantar um objeto e, por fim, que sentem intensificação da dor durante a noite[5]Allen GM. The diagnosis and management of shoulder pain. Journal of ultrasonography. 2018;18(74):234. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc6442215/.
Pode ser considerado sintoma, ainda, a alteração do sono, devido à intensificação da dor durante a noite, ocorre dificuldade de dormir, principalmente se a posição com a qual o paciente está acostumado a dormir for justamente apoiando no lado afetado.
A tendinite do manguito rotador (ombro de tenista) afeta os tendões localizados nos ombros.

Diagnóstico da tendinopatia do supraespinhal
O diagnóstico de tendinite do ombro é feito pela clínica e recorrendo a exames complementares de imagem, como ultrassonografia do ombro, raio-x (para afastar tendinopatias calcificadas, fraturas), tomografia computadorizada ou ressonância magnética[6]Mitchell C, Adebajo A, Hay E, Carr A. Shoulder pain: diagnosis and management in primary care. Bmj. 2005 Nov 10;331(7525):1124-8. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc1283277/.
No entanto, no diagnóstico inicial, o médico deve realizar testes clínicos, avaliar o histórico do paciente, e ver fatores de melhora ou piora da dor
Para fins diagnósticos, são utilizados alguns testes clínicos, como:
–Teste para tendinite do supraespinhal: recebe o nome da patologia, pois é o teste básico para esta finalidade, consiste na avaliação clínica feita com o paciente sentado, o médico solicita que o paciente abduza (abra lateralmente) o braço atingindo cerca de 90 graus, este teste faz com que o músculo supraespinhal seja tensionado, de forma que caso o paciente alegue dor no movimento, o teste indicará tendinopatia do supraesinhal;
–Teste de Apley: também com o paciente sentado, porém o movimento solicitado é de posicionar a mão, a do mesmo lado afetado, atrás da cabeça e encostá-la na parte superior da escápula, em seguida, é solicitado que a mesma mão atinja a parte inferior da escápula;
–Teste de Hawkins-Kennedy: agora o paciente deve se posicionar de pé, solicita-se que o paciente flexione o ombro para frente à cerca de 90 graus, em seguida, é solicitado que o paciente tente rotacionar o ombro, este movimento faz com que o tendão supraespinhal seja empurrado contra o ligamento do acrômio. Dessa forma, se o paciente alegar dor, pode-se considerar a tendinopatia do supraespinhal.
–Teste de Neer: o paciente posicionado de pé, estende o braço e o médico examinador rotaciona o braço no sentido interno, este movimento causa certo choque do tendão contra o acrômio, o que causa dor se houver tendinopatia.
Além destes testes, podem ser solicitados exames de imagem, caso haja necessidade de confirmação e de eliminação de outras hipóteses.
A radiografia (raio-x) dos ombros pode ser utilizada para avaliar a articulação gleno-umeral, osteófitos subacromiais e esclerose da tuberosidade maior. Também avalia o espaço subacromial e diferencia as diferentes variações anatômicas do processo acrômio.
O ultrassom do ombro pode ser utilizado pois demonstra sinais característicos de tendinose, e pode-se avaliar suspeitas de ruptura do manguito rotador. A ressonância magnética é geralmente o melhor exame para manguito rotador, demonstrando lesões características de tendinose.
Após o diagnóstico, o tratamento é definido.
Tratamento da tendinopatia do supraespinhal

O primeiro objetivo é promover a cicatrização dos tendões, promovendo repouso e prevenção de atividades agravantes.
O segundo objetivo é corrigir quaisquer anormalidades mecânicas subjacentes que possam ter promovido o desenvolvimento de tendinose.
O terceiro objetivo é promover o fortalecimento e a remodelação dos tendões assim que ocorrer uma cura adequada.
O quarto objetivo é evitar a recorrência por meio de um programa de manutenção de flexibilidade, fortalecimento e condicionamento aeróbico.
Ainda na fase inicial, podem ser receitados alguns medicamentos, dentre eles o anti-inflamatório sem esteroide e analgésicos. Tanto os medicamentos de uso oral como de uso tópico são bastante utilizados para o alívio da dor no ombro e para o controle da inflamação. Além disso, podem ser administradas injeções de costisona e/ou anestésico local, a fim de controlar a dor intensa.
A acupuntura e o agulhamento seco (dry needling) podem ser importantes para o alívio e tratamento da dor miofascial relacionada à tendinopatia deste músculo, com a inativação dos pontos gatilhos e relaxamento muscular[7]de Hoyos JA, Martín MD, Lopez MV, López TM, Morilla FA, Moreno MJ. Randomised trial of long term effect of acupuncture for shoulder pain. Pain. 2004 Dec 1;112(3):289-98..
A terapia por ondas de choque é também uma nova modalidade terapêutica não invasiva importante para o tratamento de casos refratários, evoluindo em muitos casos com boa resposta da dor e amplitude de movimento do ombro. Induz alterações estruturais e neuroquímicas, a fim de reduzir a dor e promover a cicatrização do tendão
A fisioterapia é de suma importância em casos de lesão em tendões, pois ela auxilia na reabilitação do movimento de forma adequada, auxilia no fortalecimento do músculo supraespinhal e dos demais músculos do manguito rotador, com maior força no grupo muscular, ocorre menos sobrecarga no tendão. Além disso, a fisioterapia contribui com técnicas de massagem e diversas terapêuticas com laser e ultrassom.
Se um curso completo de tratamento não cirúrgico não resultar na resolução da dor e na restauração da função do ombro, pode ser necessário tratamento cirúrgico. Geralmente, a cirurgia não é recomendada ou recomendada até que 3 a 6 meses de tratamento não operatório sejam concluídos.
Um procedimento cirúrgico para a tendinopatia do supraespinhal pode ser o referente à artroscopia, que consiste na inserção de duas estruturas na articulação do ombro, equipadas com câmeras, esta inserção é feita após pequenas incisões sob anestesia geral, neste procedimento é possível realizar o reparo do tendão ou reorganizar o posicionamento do acrômio, evitando os atritos do tendão com o mesmo.
Outro procedimento que também pode ser indicado neste caso é a acromioplastia, que consiste na raspagem dos esporões ósseos do acrômio, que são protuberâncias ósseas que podem estar relacionadas com o atrito do tendão.
O pós-cirúrgico também inclui tratamento medicamentoso e fisioterapia, bem como a adoção da prática de exercícios físicos regulares, a fim de fortalecer o grupo muscular e evitar mais lesões no tendão supraespinhal. Os exercícios que contribuem com o fortalecimento deste grupo muscular devem ser feitos com supervisão profissional e com indicação médica, sendo que os exercícios incluem: remada baixa, remada alta, adução do ombro, rotação externa e interna com o braço a 90 graus, entre outros.
Vale lembrar que uma das causas da tendinite do supraespinhal pode ser vascular, dessa forma, a alimentação e a ingestão de líquidos e minerais é de suma importância, para que a circulação e o provimento de sangue seja adequado e assim, o tendão tenha os nutrientes necessários para seu funcionamento apropriado.
Com a adesão ao tratamento, isto é, se o paciente seguir corretamente todas as indicações, sem negligenciar nenhum cuidado, a melhora pode ser percebida dentro de dois meses e a cura total pode acontecer dentro de aproximadamente quatro meses. Por outro lado, se o paciente não seguir corretamente o tratamento ou se nem mesmo procurar ajuda profissional, a lesão pode se tornar crônica e desencadear lesões em outras regiões.
Casos crônicos podem evoluir com calcificação do tendão do supraespinhal

Tendinopatia tem cura?
O tratamento conservador (ou seja, fisioterapia, acupuntura e remédios) é geralmente suficiente, ou seja, são raros os casos que necessitam de tratamento cirúrgico (operação)[8]Philadelphia Panel Members, Clinical Specialty Experts, Albright J, Allman R, Bonfiglio RP, Conill A, Dobkin B, Guccione AA, Hasson S, Russo R, Shekelle P. Philadelphia Panel evidence-based clinical … Continue reading.
Deve-se tratar e prevenir as lesões, para que a dor não cronifique.

Considerações finais
A tendinopatia supraespinhal é uma fonte comum de dor no ombro em atletas.
Essa tendinopatia é causada, na maioria dos casos, por um impacto do tendão supraespinhal no acrômio, à medida que passa entre o acrômio e a cabeça do úmero.
Dor e diminuição da amplitude de movimento, força e funcionalidade são as principais queixas que acompanham esta lesão.
A grande maioria dos casos tem alívio e recuperação com o tratamento conservador. Raramente é necessário procedimento cirúrgico.

RUA SAINT HILAIRE 96 – JARDIM PAULISTA – SÃO PAULO – SP
Clínica de Dor, Fisiatria e Acupuntura Médica
Clínica médica especializada localizada na região dos Jardins, próximo à Av. Paulista, em São Paulo — SP.
Centro de Dor, com médicos especialistas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Tratamento por Ondas de Choque, Infiltrações, Bloqueios anestésicos e Acupuntura Médica
Referências Bibliográficas
↑1 | Ruotolo C, Fow JE, Nottage WM. The supraspinatus footprint: an anatomic study of the supraspinatus insertion. Arthroscopy: The Journal of Arthroscopic & Related Surgery. 2004 Mar 1;20(3):246-9. |
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↑2 | Howell SM, Imobersteg AM, Seger DH, Marone PJ. Clarification of the role of the supraspinatus muscle in shoulder function. JBJS. 1986 Mar 1;68(3):398-404. |
↑3 | Boileau P, Brassart N, Watkinson DJ, Carles M, Hatzidakis AM, Krishnan SG. Arthroscopic repair of full-thickness tears of the supraspinatus: does the tendon really heal?. JBJS. 2005 Jun 1;87(6):1229-40. |
↑4 | Sein ML, Walton J, Linklater J, Appleyard R, Kirkbride B, Kuah D, Murrell GA. Shoulder pain in elite swimmers: primarily due to swim-volume-induced supraspinatus tendinopathy. British journal of sports medicine. 2010 Feb 1;44(2):105-13. |
↑5 | Allen GM. The diagnosis and management of shoulder pain. Journal of ultrasonography. 2018;18(74):234. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc6442215/ |
↑6 | Mitchell C, Adebajo A, Hay E, Carr A. Shoulder pain: diagnosis and management in primary care. Bmj. 2005 Nov 10;331(7525):1124-8. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc1283277/ |
↑7 | de Hoyos JA, Martín MD, Lopez MV, López TM, Morilla FA, Moreno MJ. Randomised trial of long term effect of acupuncture for shoulder pain. Pain. 2004 Dec 1;112(3):289-98. |
↑8 | Philadelphia Panel Members, Clinical Specialty Experts, Albright J, Allman R, Bonfiglio RP, Conill A, Dobkin B, Guccione AA, Hasson S, Russo R, Shekelle P. Philadelphia Panel evidence-based clinical practice guidelines on selected rehabilitation interventions for shoulder pain. Physical Therapy. 2001 Oct 1;81(10):1719-30. |
30 Comentários
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Amei a matéria, minha ressonancia deu Bursite subacromial sbdeltoidea, tendinopatia com lesoes parciais do supraespinhal e do infraespinhal e derrame articular com discreta sinovite, o rx deu esclerose e irregularidades ossea do tuberculo maior umeral, alteração degenerativa da articulação acromioclavicular, na verdade não sei o que significa