Bursite: O que é? Causas, sintomas e tratamentos

Sobre a Bursite

A bursa é uma pequena bolsa cheia de líquido que age como um amortecedor natural. Ela fica posicionada em áreas de atrito, como entre um tendão e um osso, ou entre a pele e um osso proeminente. Sua função principal é reduzir o atrito e facilitar o movimento suave das articulações e tecidos ao redor.

Temos aproximadamente 160 bursas pelo corpo, especialmente nas grandes articulações como ombro, cotovelo, quadril, joelho e calcanhar. Elas são revestidas por uma membrana sinovial, que produz um fluido lubrificante rico em colágeno e proteínas.

Quando essa bolsa inflama, seja por uso excessivo, trauma ou infecção, temos a condição conhecida como bursite. A inflamação faz com que a bursa produza mais líquido do que o normal, causando inchaço, dor e limitação do movimento na região afetada.

A bursite geralmente é resultado de um estresse repetitivo ou de uma irritação súbita na bursa. Entender a causa é essencial para definir o melhor tratamento e prevenir que o problema retorne.

1. Uso Excessivo ou Movimentos Repetitivos (Trauma Crônico)

É a causa mais comum. Movimentos constantes sobrecarregam a bursa, gerando microtraumas e inflamação.

• Exemplos: Arremessar uma bola (ombro), ajoelhar-se por longos períodos para limpar o chão (joelho), pedalar (quadril), digitar com má postura (cotovelo).

2. Trauma Direto (Trauma Agudo)

Um impacto único e forte na região pode lesionar a bursa, causando inflamação rápida e, às vezes, sangramento dentro da bolsa.

• Exemplos: Bater o joelho ou o cotovelo em uma quina, uma queda sobre o quadril.

3. Infecção (Bursite Séptica)

Bactérias, principalmente da pele (Staphylococcus aureus), podem invadir a bursa, causando uma infecção grave que requer tratamento imediato com antibióticos.

• Fatores de risco: Feridas na pele próximas à articulação, diabetes não controlada, sistema imunológico enfraquecido, uso crônico de corticosteroides.

4. Doenças Reumatológicas e Metabólicas

Condições sistêmicas podem predispor ou piorar a inflamação das bursas.

• Exemplos: Gota e pseudogota (depósitos de cristais), artrite reumatoide (inflamação autoimune), osteoartrose (desgaste da articulação), diabetes.

Outros Fatores Contribuintes

• Má postura ou alterações na marcha (caminhar).
• Diferença no comprimento das pernas.
• Pressão constante de calçados inadequados (bursite no calcanhar).

Bursite no Ombro

A bursa subacromial fica entre o osso do ombro (acrômio) e o tendão do manguito rotador. Sua inflamação está frequentemente associada a problemas no manguito.

• Dor ao elevar o braço, especialmente acima da cabeça.
• Dor que irradia para o braço.
• Dor ao dormir sobre o lado afetado.
• Sensação de fraqueza e limitação para atividades como vestir uma camisa.

Bursite no Cotovelo (Olecraniana)

Inflamação da bursa na ponta do cotovelo. Muito visível como um caroço inchado.

• Inchaço arredondado na parte posterior do cotovelo.
• Dor ao apoiar o cotovelo na mesa.
• Alta probabilidade de infecção (bursite séptica) ou inflamação por gota.

Bursite no Joelho

• Pré-patelar (na frente da rótula): Comum após trauma (queda) ou por ficar muito tempo ajoelhado. Inchaço localizado e doloroso.
• Anserina (Pata de Ganso): Na parte interna do joelho. Frequente em mulheres com sobrepeso e osteoartrose, e em corredores. Dor ao subir/descer escadas e ao cruzar as pernas.

Bursite no Quadril

É uma das formas mais comuns e debilitantes de bursite. Há dois tipos principais:

Bursite Trocantérica

Inflamação da bursa sobre o grande trocânter (osso lateral do quadril).

• Dor profunda e intensa na lateral do quadril, que pode irradiar para a coxa.
• Dor ao subir escadas, ao levantar de uma cadeira ou ao deitar sobre o lado afetado.
• Mais comum em mulheres de meia-idade e em atletas.

Bursite do Iliopsoas

Inflamação da bursa profunda na frente do quadril (na virilha).

• Dor na virilha que pode irradiar para a frente da coxa até o joelho.
• Piora ao levantar o joelho em direção ao peito ou ao esticar o quadril para trás.
• Pode ser confundida com problemas na coluna ou hérnia.

Consulte um médico se:

• A dor não melhorar após alguns dias de repouso e gelo.
• O inchaço for intenso, vermelho e quente ao toque.
• Você tiver febre, calafrios ou mal-estar geral – sinais de possível infecção que requerem atenção urgente.
• A dor interferir significativamente nas atividades diárias ou no sono.
• Episódios de bursite forem frequentes na mesma região.

Como a bursite é diagnosticada?

O diagnóstico começa com uma avaliação médica detalhada. O médico irá:

1. Avaliar seu histórico e sintomas: Perguntará sobre suas atividades, profissão, início da dor e características.
2. Realizar um exame físico: Palpará a área para localizar pontos de dor específicos e testará a mobilidade da articulação.

Exames de imagem podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico e afastar outras causas:

• Ultrassom: Exame de primeira escolha. Mostra em tempo real a bursa inflamada, o aumento de líquido e a integridade dos tendões ao redor. É dinâmico e não usa radiação.
• Ressonância Magnética: Fornece imagens detalhadas dos tecidos moles (bursa, tendões, músculos) e é útil em casos complexos ou quando se suspeita de outras lesões.
• Raios-X: Não mostra a bursa, mas ajuda a descartar problemas ósseos como fraturas, artrose ou depósitos de cálcio.

Em casos de suspeita de bursite séptica (infecciosa) ou relacionada a doenças como a gota, o médico pode realizar uma aspiração (artrocentese). Com uma agulha fina, retira-se uma pequena amostra do líquido da bursa para análise laboratorial, identificando bactérias ou cristais.

Tratamento Inicial e Conservador (PRICE-M)

A base do tratamento para a maioria dos casos agudos. Pode ser feito em casa:

• P – Proteção: Evite movimentos e pressões que causem dor. Use joelheiras ou almofadas de proteção.
• R – Repouso Relativo: Interrompa atividades agravantes, mas mantenha movimentos leves para evitar rigidez.
• I – Gelo (Ice): Aplique compressas de gelo (envolvidas em pano) por 15-20 minutos, várias vezes ao dia.
• C – Compressão: Use uma bandagem elástica (sem apertar demais) para reduzir o inchaço.
• E – Elevação: Mantenha o membro elevado acima do nível do coração, se possível.
• M – Medicação: Anti-inflamatórios não esteroides (como ibuprofeno) podem ser usados por períodos curtos, sempre sob orientação médica.

Tratamentos Não Cirúrgicos Avançados

Quando o tratamento conservador não é suficiente, a medicina moderna oferece opções eficazes:

• Acupuntura Médica e Dry Needling: Técnicas de agulhamento que promovem analgesia, relaxamento muscular e melhora da circulação local, acelerando a recuperação.
• Terapia por Ondas de Choque: Estimula a regeneração tecidual e a vascularização, sendo muito eficaz para bursites crônicas e calcificadas.
• Laser de Alta Intensidade (HILT): Possui efeito anti-inflamatório e analgésico profundo, modulando a dor e a inflamação.
• Infiltração Guiada por Ultrassom: Permite a injeção precisa de medicamentos (corticosteroide, anestésico) diretamente na bursa inflamada, maximizando o efeito e minimizando riscos.
• Eletroterapia e PENS: Estimulação elétrica nervosa para controle da dor.
• Botox para Dor Crônica: Em casos selecionados, pode ajudar a relaxar a musculatura tensionada e reduzir a dor crônica.

Em uma minoria de casos persistentes, outras intervenções podem ser consideradas:

• Reabilitação Motora e Reeducação Postural: Programas de exercícios personalizados, como Pilates e RPG (Reeducação Postural Global), realizados em sessões individuais, são fundamentais para corrigir desequilíbrios musculares, melhorar a postura e fortalecer a região, prevenindo recorrências.
• Cirurgia (Bursectomia): Muito rara. Reservada para casos crônicos que não respondem a nenhum outro tratamento após muitos meses. Envolve a remoção cirúrgica da bursa inflamada.

Avaliação e Tratamento na Clínica Dr. Hong Jin Pai

Nossa clínica, localizada na Al. Jau 687, em São Paulo, conta com uma equipe multidisciplinar de médicos especialistas em Dor, formados pelo Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Oferecemos uma abordagem integrada:

1. Diagnóstico Preciso: Avaliação clínica detalhada e exames de imagem no local, como ultrassom musculoesquelético.
2. Plano Personalizado: Combinamos as terapias mais adequadas ao seu caso, desde acupuntura médica e ondas de choque até programas de reabilitação motora.
3. Atendimento Individualizado: Todas as sessões, incluindo fisioterapia motora e Pilates, são realizadas em salas individuais, garantindo foco total na sua recuperação.

O objetivo é tratar não apenas o sintoma (a dor), mas a causa raiz do problema, devolvendo sua qualidade de vida com segurança e sem cirurgia.

É possível prevenir a bursite?

Sim. A prevenção está baseada em minimizar os fatores de risco e adotar hábitos inteligentes:

• Alongue-se e aqueça antes de atividades físicas.
• Fortaleça a musculatura ao redor das articulações que você mais usa.
• Use equipamentos de proteção: Joelheiras para tarefas no chão, calçados adequados para esportes.
• Faça pausas frequentes durante trabalhos ou hobbies repetitivos.
• Mantenha um peso saudável para reduzir a carga sobre quadris e joelhos.
• Corrija a postura ao sentar, trabalhar e caminhar.
• Ouça seu corpo: Pare a atividade ao sentir dor, não “force a barra”.

Qual é o prognóstico (expectativa) para quem tem bursite?

O prognóstico da bursite é muito bom na grande maioria dos casos. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, a melhora significativa da dor e do inchaço costuma ocorrer em alguns dias a semanas.

Casos crônicos ou relacionados a doenças de base (como artrite reumatoide) podem exigir um tratamento mais prolongado e um manejo contínuo. A bursite infecciosa, quando tratada prontamente com antibióticos, também tem alta taxa de cura.

O segredo para um bom prognóstico é não negligenciar os sintomas. Buscar avaliação médica especializada garante o tratamento mais efetivo desde o início, evitando complicações e cronificação da dor.