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Globoesporte – Matéria com Dr. Marcus Pai

Matéria sobre canabidiol/cannabis medicinal no portal globoesporte.com, com participação do Dr. Marcus Yu Bin Pai. Confira!

Cannabis medicinal contra o coronavírus? Saiba mais sobre a substância

Um novo estudo canadense, da Universidade de Lethbridge, investiga se alguns componentes químicos da uma variedade de cannabis sativa (nome científico da maconha) podem agir como inibidores da propagação novo coronavírus, o Sars-cov-2, nas células pulmonares. O estudo ainda precisa de validação, usar qualquer tipo de canabidiol ou fumar maconha não deixa ninguém imune. Mas faz parte de uma série de pesquisas com medicamentos em busca de tratamento para a covid-19. A descoberta aconteceu a partir de outras pesquisas, sobre o uso da cannabis no tratamento de câncer e artrite. E deve despertar interesse também na comunidade científica brasileira.

Afinal, em dezembro de 2019 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nova regulamentação para produtos medicinais à base de componentes extraídos da maconha, como o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabinol (THC). O texto estabelece os requisitos para sua prescrição, comercialização e fiscalização no Brasil, sem tratar sobre o cultivo da planta, proposta que foi rejeitada. Desde então, os produtos compostos por ativos exclusivamente derivados da Cannabis, predominantemente o CBD, que apresenta propriedades terapêuticas, podem ser prescritos quando estiverem esgotadas outras opções de tratamento. A medida foi vista por médicos e pesquisadores como uma possibilidade para facilitar o acesso seguro a esses medicamentos e ampliar os estudos com o canabidiol no país.

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Conforme esse regulamento, o comércio dessa categoria de produtos deve ser feito exclusivamente por farmácias. Além disso, visando a segurança da comercialização, será preciso apresentar receita médica de controle especial, cuja notificação ficará retida no estabelecimento da compra. As regras variam de acordo com a concentração de THC, canabinoide responsável pela sensação popularmente chamada de barato. Quando a presença do tetra-hidrocanabinol for superior a 0,2%, o produto só poderá ser prescrito em casos de cuidados paliativos para pacientes em situações clínicas irreversíveis ou terminais.

Principais diferenças entre os canabinoides CBD e THC, conforme informações dos especialistas consultados pelo EU Atleta:

  • Tetra-hidrocanabinol: substância psicoativa da Cannabis, associada a alterações nas funções cerebrais e cognitivas. Trata-se do canabinoide responsável pelos efeitos psicomiméticos da maconha, ou seja, que mimetizam uma psicose;
  • Canabidiol: substância mais estudada por pesquisadores e usada na prática clínica por apresentar possibilidades terapêuticas. Pode apresentar efeitos positivos sobre o sistema endocanabinoide, responsável por compensar e regularizar algumas funções do organismo, atuando sobre nervos periféricos e centrais, com benefícios principalmente neurológicos e em dores crônicas. O CBD não apresenta efeito alucinógeno, como é o caso do THC. Além disso, pesquisas demonstram que o canabidiol é capaz de antagonizar danos do tetra-hidrocanabinol, como aumento de ansiedade e sintomas psicóticos que podem aparecer quando se faz uso do THC em grandes quantidades.

Casos em que o canabidiol pode apresentar resultados positivos:

  • Epilepsia refratária, quando não há mais resposta ao medicamento;
  • Quadros de espasticidade grave, decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC) ou esclerose múltipla, em que o paciente apresenta, por exemplo, rigidez muscular;
  • Dores crônicas;
  • Fibromialgia;
  • Parkinson;
  • Controle de náusea e vômito em pacientes em quimioterapia;
  • Alguns quadros ansiedade.

Professor titular do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador Francisco Silveira Guimarães, uma das referências em estudos com canabinoides no país, comenta que o THC e CBD estão entre os cerca de 100 compostos presentes na Cannabis sativa. De acordo com ele, pesquisas realizadas há cerca de quatro décadas, incluindo no Brasil, já demonstravam que o canabidiol não tem efeitos psicomiméticos, como o THC, e que pode produzir efeitos benéficos. Nos últimos 15 anos, esses trabalhos começaram a ser revalorizados com o aumento do interesse pelo canabidiol, ampliando pesquisas e, consequentemente, quadros e doenças para as quais o CBD pode ser potencialmente terapêutico. Segundo Guimarães, grandes estudos clínicos realizados em diferentes localidades do mundo dão indicações muito claras e bem aceitas de que a substância tem efeitos positivos em crianças que sofrem com crise epiléticas e que, em uma mistura com THC, pode ser usado no tratamento dos sintomas da esclerose múltipla.

– Nem todos os pacientes respondem da mesma forma aos medicamentos. Alguns não respondem a determinados medicamentos, mas podem responder a outros. O canabidiol é mais uma alternativa. Essa é a abordagem que defendo como pesquisador, de ampliar as alternativas – argumenta Guimarães.

Psiquiatra com mestrado pelo Instituto de Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (IPQ-FMUSP), Lívia Beraldo de Lima Basseres enfatiza que os produtos a serem comercializados no Brasil são à base de canabidiol, e não da planta como um todo. Embora os medicamentos possam contar com uma pequena concentração de THC, seus benefícios são decorrentes do CBD, que tem propriedades terapêuticas importantes em casos de epilepsia, cuidados paliativos e até em alguns quadros de ansiedade, por exemplo. Nesse sentido, para a médica, a nova regulamentação da Anvisa traz mudanças positivas não apenas para o acesso a esses produtos, como também para a abordagem do tema no Brasil.

– O canabidiol é adquirido via importação. Isso tem um custo muito alto e restringe a prescrição. A medida não amplia as indicações dos medicamentos, que serão as mesmas de atualmente. Um dos benefícios é a possibilidade de começar a discutir mais sobre esse assunto e quebrar tabus e barreiras, inclusive para mais estudos no Brasil – opina, acrescentando que novas pesquisas serão necessárias inclusive para delimitar indicações e contraindicações desses medicamentos a serem liberados pela Anvisa e que, assim sendo, levará tempo para que esses produtos sejam disponibilizados na rede pública, por exemplo.

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Indicações e evidências positivas do canabidiol

Atualmente, produtos à base de canabidiol precisam ser importados, o que aumenta o custo do tratamento de quadros de epilepsia refratária e dores crônicas — Foto: iStock Getty Images

A neurologista mestre em neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Aline Turbino comenta que a medida Anvisa facilita o acesso a medicamentos. Ademais, uma vez que o produto e a comercialização são regulados, permiti-se conhecer exatamente a sua composição. No entanto, a tendência é que o custo permaneça alto. Até porque os componentes dos produtos precisam ser importados, uma vez que o texto não inclui resolução sobre o cultivo da Cannabis sativa pelas fabricantes de medicamentos. De todo modo, a médica reforça que esses produtos não são prescritos de forma irrestrita.

– Na Neurologia, pode ser indicado em casos de epilepsia refratária, quando o paciente usa outros medicamentos, já operou e continua tendo crises, podendo ter perda de neurônios e sequelas neurológicas. O medicamento entra como alternativa para a diminuição da quantidade de crises epiléticas. Também há comprovação científica de efeitos positivos em alguns casos de autismo e de espasticidade grave pós-AVC ou esclerose múltipla. Mas é preciso avaliar o caso. Há médicos que usam e outros que não – discorre Turbino, acrescentando que também há grandes evidências do uso do canabidiol para a melhora do quadro de náusea e vômito de pacientes em quimioterapia.

Segundo o médico especialista em dor e acupuntura Marcus Yu Bin Pai, a maioria dos produtos medicinais à base de Cannabis conta com CBD mais puro, como é o caso daqueles voltados para dores crônicas. Alguns poucos voltados para problemas neurológicos ou psiquiátricos, por exemplo, podem conter dose baixa de THC. Doutor em Ciências pela USP, Pai acrescenta que estudos preliminares indicam que o CBD pode ajudar em casos Alzheimer, Parkinson e alívio para quem sofre com dores crônicas e fibromialgia. No entanto, não se trata da primeira ou única alternativa de tratamento.

– Atualmente, é indicado para pessoas que tiveram falha terapêutica. O CBD ajuda a compensar os sintomas de pessoas que tentaram tratamento, mas não responderam ou não toleraram, e deve ser usado de forma complementar. No caso de um paciente com dor crônica que faz fisioterapia, toma remédio e não teve controle satisfatório da dor, como na lombar ou na cabeça, e isso prejudica que tenha uma vida normal, é possível acrescentar o canabidiol para ajudar na melhora e controle dos sintomas – explica.

Embora usado em produtos analgésicos e anti-inflamatório fora do Brasil, canabidiol não precisa ser indicado em casos de dores não crônicas, para os quais há outros medicamentos no País — Foto: Unsplash

Em alguns países, como nos Estados Unidos, o canabidiol é usado para tratamento de dores musculares não crônicas. A Agência Mundial Antidoping (WADA) já excluiu o CBD da lista de substâncias proibidas, inclusive. Porém, esse é um cenário ainda distante no Brasil, uma vez que os produtos a serem comercializados são indicados para casos em que as alternativas terapêuticas se esgotaram. Sem contar que, nesses casos de dores agudas ou recuperação muscular, Marcus Yu Bin Pai comenta que há outros medicamentos indicados, não sendo necessário o uso de canabidiol visando efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, portanto.

– Os estudos com canabidiol consideram doenças mais avançadas e que não tiveram resultado com outras terapias. É preciso cuidado com a euforia de que o canabidiol é uma esperança para tratar tudo. Quando é difícil o tratamento convencional, seu uso pode ser avaliado pelo médico, que deve colocar os pontos positivos e negativos na balança e saber se vale a pena ou não – diz.

No entanto, o uso cada vez maior é uma possibilidade para o futuro, já que o efeito anti-inflamatório, analgésico e neuroprotetor do canabidiol aponta benefícios para portadores de dores crônicas, como osteoartrite e fibromialgia, e para acelerar a recuperação pós-exercício.

A psiquiatra enfatiza que medicamentos derivados da Cannabis não promoverão a cura dos pacientes. Nas experiências e pesquisas em que é administrado, o canabidiol atua sobre os sintomas, sem mudar o prognóstico. Sempre que prescrito, Basseres comenta que o tratamento requer acompanhamento médico muito de perto, especialmente nos casos de medicamentos que contam com THC na composição.

– É preciso tomar muito cuidado com a medicação que não é canabidiol puro e tem pouquinho de THC. O produto tem menos riscos do que o uso da maconha, mas pode oferecer malefícios como transtornos psicóticos e de cognição, em alguns pacientes. O médico precisa avaliar caso a caso e colocar os efeitos que podem acontecer na balança – completa.

Para garantir a segurança na comercialização, a medida da Anvisa estabelece uma série de normas, que incluem desde o tipo de receita até a classificação dos produtos, que serão vendidos com tarja preta. Ainda assim, como no caso de outros medicamentos com a mesma categorização, o médico especialista em dor comenta que o acompanhamento do paciente deve ser regular.

– Não possível dar um ano de tratamento e pedir para ele voltar depois desse prazo para ver como está. É preciso um acompanhamento mensal e próximo ao paciente para ver sua evolução e realizar a manipulação e ajuste de doses – explica Pai, que é pesquisador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Mitos envolvendo o canabidiol

Canabidiol pode ser alternativa em casos de falha terapêutica, mas sua prescrição deve ser avaliada por médico — Foto: Unsplash

O tema da regulamentação da Anvisa desperta alguns medos em parte da população. A começar pelo fato de que, por ser um canabinoide, o canabidiol causa dependência, além de vários malefícios à saúde. Segundo o pesquisador Francisco Guimarães, esse é um dos principais mitos quando se trata desse assunto.

– É possível afirmar que o CBD não produz dependência – assegura.

Mas há ainda aqueles mitos associados a ideias amplamente difundidas em relação à Cannabis sativa e seu uso, incluindo de forma medicinal, seja por pessoas que se opõem a essa utilização ou por aquelas que são favoráveis. Por isso, com o apoio dos profissionais consultados pelo EU Atleta, esclarecemos algumas dessas questões.

  • Maconha cura coronavírus. MITO.

Fumar maconha não vai deixar ninguém imune contra o coronavírus. A pesquisa ainda não foi validada e, mesmo que seja, trata de componentes químicos presentes em uma variedade da cannabis sativa, não em qualquer maconha, e sua concentração deverá ser prescrita por um médico.

  • Com essa decisão da Anvisa, a maconha para uso recreacional será liberada. MITO.

A medida trata exclusivamente sobre produtos à base de canabidiol, alguns deles com percentual muito baixo de THC, para uso medicinal. Não há nenhuma resolução em relação à legalização ou liberação do uso da erva para fins recreativos, ou mesmo sobre o cultivo.

Nicotina tem maior potencial de causar dependência do que Cannabis sativa — Foto: Getty Images

  • Maconha é uma droga que causa muita dependência e é porta de entrada para outras mais pesadas. MITO.

Drogas legalizadas como álcool e nicotina têm potencial maior de causar dependência do que a Cannabis sativa. Em relação aos medicamentos à base de canabidiol, mesmo quando associado ao THC, o risco é muito menor do que nesses outros casos. De todo modo, o medicamento só deve ser prescrito por médico de confiança, que avaliará e acompanhará individualmente cada paciente.

  • O uso desses medicamentos é arriscado. MITO.

Com a regulamentação da venda em farmácias, será possível conhecer a composição do produto. Em todo caso, os pacientes devem ser acompanhados pelo médico regularmente. Não se pode comparar esses medicamentos com a erva vendida de forma ilegal para uso recreativo, da qual não se conhece, portanto, substâncias adicionadas e concentrações de THC.

  • Canabidiol é um medicamento bom para tudo e em qualquer dose. MITO.

Seu uso é indicado em casos de falha terapêutica e para atuação sobre sintomas. Cabe ao médico avaliar os resultados do tratamento convencional, quadro e histórico do paciente e ponderar se a prescrição desse produto vale a pena.

O fato de ser natural não indica que canabidiol é melhor do que medicamentos sintéticos ou que não pode ter efeitos adversos — Foto: Istock Getty Images

  • Produtos à base de canabidiol são naturais e, por isso, melhores do que medicamentos sintéticos. MITO.

Nem todas as substâncias encontradas na natureza são boas para a espécie humana. Há medicamentos que são extraídos de plantas, mas há venenos também. Qualquer substância, seja ela sintética ou natural, deve ser testada por pesquisadores e indicadas por médicos conforme necessidades particulares de cada paciente.

  • Medicamento com CBD não apresentam efeitos adversos. MITO.

Todos os medicamentos podem ter reações adversas. No caso do canabidiol, considerando a quantidade de efeitos benéficos, o argumento é que aqueles contrários são considerados poucos. Ainda assim, como qualquer remédio, pode provocar problemas na interação com outros medicamentos. Para tanto, o médico precisa checar se o canabidiol afeta o tempo de duração do efeito ou inibe metabolismo de outras terapias.

A medida da Anvisa é vista como importante para ampliar os estudos com a Cannabis sativa no Brasil. Para o biólogo com atuação em neurociências, Ricardo Reis, professor associado do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse é um dos aspectos mais positivos. De acordo com ele, a literatura já demonstra que o canabidiol melhora quadros de pacientes com dores, câncer, epilepsia, síndrome de Dravet, alguns casos de autismo e outros problemas. No entanto, ainda é preciso uma compreensão de como essa substância atua nesses casos.

– A decisão da Anvisa facilitará a chegada desse fitocanabinoide ao pacientes. As pesquisas nunca foram tão importantes como agora, quando milhares de famílias estão recebendo compostos para esses quadros. Precisamos de mais informações precisas e só a pesquisa pode apontar o caminho correto em termos de dosagem e possíveis efeitos colaterais. A pesquisa é o mecanismo pelo qual se tem acesso a novas informações – observa Reis, que é membro do Instituto Nacional de Neurociência Translacional (INNT).

O médico especialista em dor comenta que essa decisão de liberar a venda dos produtos à base de Cannabis era muito esperada no Brasil. Mas é preciso cautela, uma vez que a substância pode ter efeitos positivos e, como todo medicamento, reações adversas. Conforme ele considera, o objetivo da Anvisa é facilitar a entrada do substrato da erva e abrir caminho para novas pesquisas e estudos no Brasil. Pai informa que, atualmente, o pedido de liberação do canabidiol é individual e custa de R$ 1.000 a R$ 2.000. Trata-se de um valor alto e que dificulta estudar e testar a eficácia e segurança da substância.

– Mesmo os estudos internacionais que têm mais pessoas, a maioria é pequena, com 20 a 30 pacientes. Ainda é difícil saber todos os casos em que pode ser usado e a segurança no longo prazo. Até o momento, os estudos não acompanharam pacientes ao longo de mais de dez anos para saber o efeito neurológico – relata.

Guimarães entende que a medida da Anvisa pode contribuir para as pesquisas no Brasil. Contudo, esse desenvolvimento não depende apenas dessa agência do Governo, uma vez que estudos como esse esbarram em diversas burocracias. O fato de não haver liberação do cultivo da Cannabis ainda é um entrave, até mesmo para pesquisa.

– Esse é outro problema. Há duas fontes possíveis do canabidiol, ou se extrai da planta ou se sintetiza, o que é possível por vários métodos. Mas há a questão da economia e do que é mais viável para fabricação do canabidiol. O problema da extração é a possibilidade de trazer um pouco de THC. Isso é um problema no mundo inteiro. Mas esse é um mercado que está se abrindo. Então, independente da fonte, os governos precisam assegurar que o produto seja confiável – analisa.

Para a neurologista Turbino, a medida da Anvisa é cautelosa e demonstra uma preocupação em estabelecer uma política pública de longo prazo, inclusive para que o medicamento seja de mais fácil acesso no futuro, mesmo em termos de custos. Em sua visão, essa regulamentação, que ficou restrita à comercialização de produtos à base de Cannabis para fins medicinais, sem tratar sobre o cultivo, por enquanto, aponta nessa direção.

– É interessante esse passo a passo do governo. Não adianta aumentar o acesso a esses medicamentos de uma vez sem sentir o uso do produto e observar a reação dos pacientes – pondera.

Esse cenário demonstra o caráter fundamental das pesquisas. O biólogo com atuação em neurociências comenta que há uma diversidade de benefícios decorrentes do uso medicinal da Cannabis, como efeitos anti-inflamatório, imunodepressor e analgésico. Para Reis, esses são temas emergenciais, uma vez que podem resolver a vida de muitas pessoas.

– Em casos de epilepsia refratária, em que o paciente recebe o anticonvulsivante e não tem efeito, os fitocanabinoides, principalmente o canabidiol, conseguem bloquear as convulsões. Esse é um efeito terapêutico fantástico. Quem tem um filho com epilepsia ou autismo, sofre com dores crônicas ou está em tratamento de câncer precisa resolver esses problemas agora. Não se pode esperar – conclui.