A sarcopenia é um processo natural do envelhecimento, caracterizado pela perda muscular progressiva.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a condição afeta 46% dos indivíduos com mais de 80 anos de idade.
Em geral, a força muscular atinge seu auge pouco antes dos 30 anos, quando começa a sofrer um declínio natural.
Por ser um processo fisiológico, a sarcopenia não era tida como uma doença. O mesmo aconteceu com a osteoporose, por exemplo, até o fim dos anos 1980.
No entanto, notou-se que a condição pode ser evitada, ou pelo menos controlada mediante a alguns cuidados, o que apontou para possíveis causas deste enfraquecimento.
Dentre os principais fatores que levam a sarcopenia, podemos citar o sedentarismo, a má alimentação e desequilíbrios hormonais.
Continue a leitura para tirar todas as suas dúvidas sobre o tema.
O que é Sarcopenia?
A sarcopenia é definida como perda de massa muscular, geralmente associada ao envelhecimento. Este processo de atrofia das fibras musculares esqueléticas pode levar a consequências graves, como redução da funcionalidade e da sobrevida, sendo esta uma das principais causas de incapacitação durante a terceira idade.
Tal declínio se início por volta dos 30 anos de idade, tornando-se mais significativo aos 40, quando passa a ser de 0,5% ao ano, chegando a 1% após os 65 anos de idade.
A condição é um dos principais indicadores de fragilidade em pesquisas, e esta relacionada a alterações estéticas, a perda do equilíbrio e da agilidade, e ao aumento do número de quedas e fraturas, oferecendo risco ao dia a dia dos acometidos.
A definição de sarcopenia apresentada é bastante recente, já que a relação entre a perda de massa magra e o envelhecimento só passou a ser estudada a partir de 1989. Atualmente, de acordo com o consenso do Grupo Europeu do Trabalho, o termo descreve um estado de redução muscular, diminuição da força e piora do desempenho físico.
Manifestações Clínicas
Os sinais da sarcopenia aparecem naturalmente ao longo dos anos, para alguns surge precocemente, para outros, surgem muito mais tarde, já por volta dos 65 anos de idade.
Em geral, os primeiros sintomas notados são as mudanças estéticas, que acabam gerando certos incômodos. O impacto notado é geralmente inferior ao processo em si, já que o ganho de gordura, também esperado durante o envelhecimento, acaba mascarando a perda muscular.
Essa troca de músculo por gordura está longe de ser uma boa opção, por isso é tão importante o conhecimento a respeito deste processo, assim evita-se mudanças precoces e previne-se danos mais sérios.
As complicações funcionais também não demoram a aparecer. Dentre elas, dificuldades para sentar-se ou levantar-se, subir escadas e pegar objetos no chão. Sem dúvidas, a sarcopenia é uma das maiores vilãs da independência na terceira idade, sendo ainda responsável por um grande número de hospitalizações nessa faixa etária.
Além das manifestações já citadas, a queda geral da performance física precisa ser lembrada. Muitos pacientes relatam sensação de rigidez e peso nos membros, redução na velocidade dos passos e um cansaço precoce ao realizar atividades que exigem qualquer nível de força muscular, como pentear o cabelo, por exemplo.
Esse quadro vai se tornando mais grave a medida que o tempo passa. Não só a massa magra continua sendo reduzida na ausência do tratamento adequado, como as fibras ainda saudáveis passam a ter que suportar mais peso. Com isso, há um maior risco de osteoporose e distúrbios articulares.
Em casos graves, a sarcopenia pode vir a afetar o sistema respiratório, havendo risco de morte.
Causas
Como vimos, esta é uma condição esperada, no entanto, muitas vezes antecipada ou agravada por uma série de fatores.
A doença é considerada primária quando associada exclusivamente ao processo de envelhecimento, e secundária quando possui algum outro tipo de desencadeador.
Dentre as causas relacionadas a atrofia muscular, devemos citar:
- Estilo de vida sedentário
- Inatividade física
- Repouso prolongado
- Condições de gravidade zero
- Má alimentação, geralmente ligada a ingestão inadequada de proteínas
- Desordens gastrointestinais, especialmente aquelas ligadas a má absorção
- Anorexia
- Distúrbios inflamatórios e endócrinos, pois estimulam efeito catabólico, ou seja, degradação de macromoléculas
- Insuficiência renal crônica
- Doença pulmonar obstrutiva
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Câncer
- Uso de certos medicamentos
- Anormalidades metabólicas
- Alterações na ativação de células satélites
- Infecções
Consequências
A sarcopenia leva a consequências estéticas e funcionais. Além da atrofia muscular, facilmente percebida, a doença afeta diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes acometidos, causando repercussões físicas, sociais e econômicas.
Para se ter ideia, no que diz respeito a redução da força muscular, estudos tem demonstrado uma queda de 20-40% até os 65 anos, chegando a 50% em idosos com mais de 90 anos de idade. Este declínio está diretamente relacionado a perda de massa muscular.
A incapacidade funcional é provavelmente uma das consequências mais incômodas do quadro. Pessoas com sarcopenia apresentam um risco de 3 a 4 vezes maior de incapacidade física.
Diagnóstico
O Grupo Europeu de Trabalho com Pessoas Idosas estabelece três variáveis para o diagnóstico da sarcopenia: massa muscular, força muscular e desempenho físico.
Avaliação da massa muscular
Existem diferentes formas de avaliar a massa muscular, as mais usadas são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que permitem uma análise segura e detalhada da qualidade muscular e da massa de gordura no músculo.
A absorciometria radiológica de dupla energia também pode ser utilizada. O exame estima a massa magra, além da quantidade de gordura e osso. No entanto, é menos utilizado, já que apresenta dificuldades na determinação da qualidade do músculo, especialmente se comparado às opções anteriores.
Os valores de creatina também são úteis ao diagnóstico. A substância é originada quase que exclusivamente nos músculos, atuando como um bom indicador. Para realização do teste deve ser mantida uma dieta livre de carnes por vários dias e realizada uma coleta frequente de urina.
Além desta, outra substância do corpo pode ajudar no estudo da massa muscular. A quantidade total ou parcial de potássio nos tecidos moles livres de gordura ajuda a estimar a qualidade da musculatura esquelética. O exame é seguro e barato.
Avaliação da força muscular
A avaliação da força muscular é a segunda variável proposta ao diagnóstico da sarcopenia.
Neste caso, o método de estudo mais comum é a dinamometria manual, que avalia a força de preensão manual.
Vale ressaltar que os valores de referências são diferentes a depender da idade e do sexo do paciente em questão.
Para as mulheres é considerada fraqueza muscular valores abaixo de 20 kg e abaixo de 30 kg em pessoas do sexo masculino.
Avaliação do desempenho físico
Geralmente o desempenho físico é avaliado pelo teste de velocidade de marcha, mas também pode ser estudado pelo teste Time Up and Go, onde o paciente deve sair da posição sentado, levantar-se e caminhar por três metros, retornando a sua cadeira após isso.
No teste de velocidade da marcha, o idoso deve percorrer uma distância de dez metros em um ambiente plano e reto na maior velocidade possível. Feito isso, será mensurado o tempo gasto para percorrer os seis metros intermediários do percurso. Os dois primeiros e os dois últimos metros são tidos como aceleração e desaceleração, respectivamente.
É considerado um desempenho físico ruim uma velocidade inferior a 0,8 m/s.
Tratamento
O tratamento depende muito das causas, em geral, costuma ser recomendada a suplementação alimentar e exercícios físicos acompanhados.
Veja as terapêuticas mais utilizadas.
Reposição hormonal
A reposição hormonal é recomendada a pacientes que sofrem com distúrbios relacionados ao sistema endócrino, muitas vezes mesmo que estes sejam esperados pelo avançar da idade, quando isso surge acompanhado por agravantes.
Homens hipogonádicos experimentam um considerável aumento da massa muscular ao serem tratados com reposição androgênica. Em mulheres, a suplementação estrogênica não se mostrou tão efetiva.
Suplementos nutricionais
Como a perda de proteína é fisiológica a medida que o corpo envelhece, pode ser necessária a suplementação. É claro que, antes de mais nada, uma alimentação balanceada e rica em proteínas deve ser estimulada.
Creatina e vitamina D, responsável pela manutenção das fibras tipo II, ajudam na preservação da força muscular, além de evitar quedas.
O picolinato de cromo, muito utilizado com fim de definição muscular, não gera resultados eficazes no tratamento da sarcopenia.
Exercícios
Os exercícios são parte essencial da terapia contra a perda muscular. Geralmente é indicado um treinamento de força muscular acompanhado por profissional da área. A atividade físcia gera ótimas resultados, promovendo aumento da massa muscular e evitando desequilíbrios na síntese proteica.
O treino deve ser realizado de maneira progressiva. A medida que o paciente vai evoluindo, a resistência à força dos exercícios deve ser aumentada, até que alcance o seu auge. A ideia é associar força muscular, massa magra e desempenho físico.
Apesar de não contribuir para a hipertrofia, alguns exercícios aeróbicos devem ser incluídos no tratamento, pois promovem aumento da área transversal das fibras e do volume mitocondrial.
Além disso, esse tipo de treino ajuda a controlar o declínio da massa magra a longo prazo, reduz a concentração de gordura nos músculos e contribui para sua funcionalidade motora.
A atividade física deve ser prescrita por profissionais experientes após uma avaliação completa do caso. Vale ressaltar que, apesar do seu enorme potencial, ela só se torna efetiva se acompanhada por alimentação balanceada e rica em alimentos proteicos.
Os resultados dos exercícios físicos, bem como em outros casos, aparecem com tempo. Sendo assim, deve-se tornar hábito, integrando o treino a rotina semanal de maneira contínua.
Como prevenir
Não há nenhum segredo para prevenir a sarcopenia. Na verdade, poderíamos dizer que é impossível evitar para sempre a atrofia muscular. Contudo, é possível adiá-la ao máximo.
Temos duas dicas básicas que certamente fazem a diferença.
Consuma proteína
Inclua em sua dieta alimentos ricos em proteínas. Isso independe de sua idade ou de seu estado de saúde.
As necessidades diárias de proteína do corpo humano giram em torno de 1,2 gramas por quilo. Portanto, se você pesa 60 quilos, precisará de ingerir o mínimo de 72 gramas diárias.
Esse macronutriente é essencial a saúde, fazendo parte não só da composição muscular como de diversos outros processos do organismo. Ovos, carnes e leguminosas são ótimas fontes.
Exercite sua musculatura
Abandone o sedentarismo. A falta de atividade física faz mal para o corpo e até para mente. Inclua em sua rotina exercícios como musculação, pilates e treinamento funcional. Escolha a modalidade que mais combina com você.
Nunca é cedo para começar. Conforme vimos anteriormente, a perda muscular se inicia já aos 30 anos de idade. Construa um corpo saudável e proteja-o dos danos do envelhecimento.
Mesmo que em idade avançada, os exercícios podem contribuir, além de ajudarem na reposição, também controlam o processo de atrofia muscular, evitando que a sarcopenia se agrave.
Não deixe para depois, coloque essas dicas em prática agora mesmo.
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