A tendinopatia patelar, frequentemente chamada de “joelho do saltador”, é uma condição de dor e desgaste no tendão abaixo da rótula. É comum em atletas de esportes com saltos, mas também pode afetar pessoas ativas em geral.
Introdução
A dor no joelho é uma queixa frequente, e uma das suas causas pode ser um problema no tendão patelar. Esse tendão é uma estrutura fundamental, funcionando como uma corda robusta que conecta a rótula (patela) à tíbia (osso da canela). Sua função é transmitir a força do poderoso músculo da coxa (quadríceps) para estender a perna, permitindo movimentos como chutar, pular e correr.
Por estar sob grande tensão, especialmente durante atividades de impacto, esse tendão pode sofrer pequenas lesões. Quando essas lesões se acumulam mais rápido do que o corpo consegue reparar, surge a tendinopatia patelar. Este artigo explica o que é, suas causas, sintomas e as diversas opções de tratamento disponíveis para recuperar a função e aliviar a dor.

O que é a tendinopatia patelar?
Trata-se de uma condição de sobrecarga e degeneração do tendão patelar. O termo “tendinopatia” é mais preciso do que “tendinite”, pois descreve não apenas uma possível inflamação inicial, mas principalmente as alterações na estrutura do tecido do tendão (degeneração) devido ao uso excessivo e repetitivo.
É uma condição relativamente comum, estimada em milhares de casos por ano no Brasil, afetando principalmente adultos jovens e ativos entre 18 e 40 anos.
É frequentemente associada a esportes que envolvem saltos repetitivos (vôlei, basquete, atletismo), daí o apelido “joelho do saltador”. No entanto, também pode ocorrer em corredores, ciclistas e até em pessoas não atletas devido a outros fatores de risco.

Anatomia do Joelho: Entenda a Estrutura
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Aqui será exibida uma explicação detalhada sobre a função de cada parte do joelho relacionada à tendinopatia.
A dor localizada é o sintoma principal. Ela geralmente começa de forma leve e intermitente, aparecendo logo após a atividade física. Como a dor some com o repouso, é comum a pessoa continuar treinando, o que pode agravar o quadro.
A dor tende a piorar com atividades específicas: ao subir ou descer escadas, ao agachar, ao ajoelhar ou ao ficar com o joelho flexionado por longos períodos (como no cinema). Em casos mais avançados, a dor pode surgir durante atividades simples como caminhar e até incomodar durante a noite, atrapalhando o sono.
Outros sinais comuns são rigidez matinal no joelho, sensibilidade ao toque na região logo abaixo da rótula e, ocasionalmente, um leve inchaço local. O diagnóstico médico leva em conta essa história clínica e é confirmado por exames específicos.
Principais Causas da Tendinopatia Patelar
Sobrecarga Repetitiva (Fator Extrínseco)
Aumento súbito na intensidade, frequência ou duração de treinos (ex.: pular mais, correr mais km). Treinar em superfícies muito duras ou com calçado inadequado. Falta de descanso adequado entre sessões de treino.
Biomecânica e Alinhamento (Fator Intrínseco)
Fraqueza ou desequilíbrio nos músculos do quadríceps, glúteos ou core. Falta de flexibilidade nos músculos posteriores da coxa (isquiotibiais) ou da panturrilha. Alterações no alinhamento do joelho (joelho valgo/vara) ou dos pés (pé plano).
Outros Fatores de Risco
Excesso de peso: Aumenta a carga sobre o tendão. Idade: O tendão perde elasticidade e capacidade de regeneração com o tempo. Histórico de lesões prévias no joelho.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, baseado na sua história e em um exame físico detalhado realizado por um médico. O profissional irá palpar a área abaixo da rótula para localizar a dor, testar a força e a flexibilidade, e realizar movimentos específicos que reproduzem o sintoma (como um agachamento com carga).
Para confirmar o diagnóstico, avaliar a extensão da lesão e descartar outras condições, os seguintes exames de imagem podem ser solicitados:
- Ultrassonografia (USG) Musculoesquelética: Exame dinâmico, rápido e acessível que permite visualizar o tendão em movimento, avaliando espessura, textura e presença de lesões. É muito dependente da experiência do examinador.
- Ressonância Magnética (RM): Fornece imagens muito detalhadas de todos os tecidos do joelho (ossos, tendões, ligamentos, cartilagem). É o exame mais completo para confirmar a tendinopatia e avaliar se há rompimentos parciais ou outras lesões associadas. É geralmente reservado para casos mais complexos ou que não respondem ao tratamento inicial.
O objetivo é mapear precisamente o problema para que um plano de tratamento personalizado e eficaz possa ser traçado.

Tratamento da Tendinopatia Patelar
O tratamento é gradual e multimodal. O objetivo principal é aliviar a dor, promover a regeneração do tecido tendíneo e restaurar a função completa do joelho, permitindo o retorno seguro às atividades.
A boa notícia é que a grande maioria dos casos resolve-se com tratamento não-cirúrgico (conservador). O sucesso depende da adesão ao programa e da paciência, pois a recuperação de um tendão é um processo que leva semanas a meses.
O tratamento conservador é baseado em três pilares principais, que podem ser combinados:
- Controle da Dor e Inflamação Inicial: Repouso relativo (evitar atividades que causam dor), aplicação de gelo local e, se prescrito pelo médico, uso de medicamentos analgésicos ou anti-inflamatórios por um curto período.
- Reabilitação e Fortalecimento (A base do tratamento): Programa de exercícios específicos e progressivos para corrigir déficits de força, flexibilidade e controle motor. Este é o componente mais crucial para a recuperação a longo prazo e prevenção de recidivas.
- Terapias de Suporte para Estimular a Cura: Diversas terapias podem ser utilizadas para modular a dor, reduzir inflamação e estimular a bio-regeneração do tendão.
Caminhos de Tratamento para Tendinopatia Patelar
Tratamento Conservador
A primeira linha para quase todos os casos. Foca em controlar a dor e regenerar o tendão.
- Exercícios de Reforço (Eccêntricos)
- Terapia por Ondas de Choque
- Laser de Alta Intensidade
- Acupuntura Médica / Dry Needling
Procedimentos Minimamente Invasivos
Para casos que não respondem totalmente à fisioterapia. Estimulam a cura de forma mais direta.
- Eletroestimulação / PENS
- Mesoterapia (Injeções guiadas)
- Botox para Dor Crônica
- Infiltrações com PRP (Plasma Rico em Plaquetas)
Cirurgia
Considerada apenas após 6-12 meses de tratamento conservador bem conduzido sem sucesso.
- Desbridamento Tendíneo
- Perfurações (Para estimular vascularização)
- Correção de Alinhamento Patelar
- Recuperação com Reabilitação Específica
Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, avaliamos seu caso para indicar o melhor caminho.
Detalhamento das Opções de Tratamento
1. Reabilitação e Exercícios Específicos
Este é o coração do tratamento. Sob orientação profissional, um programa é criado para:
- Reduzir a dor: Com exercícios iniciais que não sobrecarregam o tendão.
- Restaurar a força e a carga: Exercícios excêntricos (alongamento sob carga controlada) são a base para remodelar e fortalecer o tendão. O fortalecimento do quadríceps, glúteos e core é essencial.
- Corrigir a biomecânica: Aprender a saltar, correr e agachar de forma mais eficiente e segura, reduzindo o estresse no tendão.
- Aumentar a flexibilidade: Alongamento dos músculos posteriores da coxa e da panturrilha.
Este processo é gradual e progressivo, levando o tendão a se adaptar e ficar mais resistente.
2. Terapias para Alívio da Dor e Estímulo Biológico
Utilizadas em conjunto com os exercícios, aceleram a recuperação e controlam a dor:
- Terapia por Ondas de Choque: Aplicação de pulsos de energia na área lesionada. Promove um microtrauma controlado que estimula a circulação sanguínea, a quebra de calcificações e desencadeia os processos naturais de cicatrização do corpo.
- Laser de Alta Intensidade (HILT): A luz do laser penetra profundamente, tendo efeito analgésico, anti-inflamatório e bioestimulante. Aumenta a produção de ATP (energia) nas células, acelerando o reparo do tecido.
- Acupuntura Médica e Dry Needling: A acupuntura atua liberando neurotransmissores endógenos (como endorfinas), proporcionando alívio da dor e relaxamento muscular. O dry needling é uma técnica específica onde agulhas são inseridas em “pontos-gatilho” musculares (nós de tensão) próximos ao joelho, promovendo liberação muscular imediata e melhora da dor.
- Eletroestimulação e PENS: Uso de correntes elétricas para modular a dor (inibindo a transmissão do sinal doloroso) e para estimular contrações musculares sem sobrecarregar a articulação.
3. Procedimentos Minimamente Invasivos
Para casos mais persistentes, técnicas intervencionistas podem ser indicadas:
- Mesoterapia: Microinjeções de medicamentos (como anestésicos ou anti-inflamatórios) diretamente na camada da pele acima do tendão, com agulhas muito finas. Ação local com menor risco de efeitos sistêmicos.
- Botox para Dor Crônica (Toxina Botulínica): Pode ser usada em músculos específicos que estão excessivamente tensionados e contribuindo para a dor, promovendo relaxamento muscular prolongado.
- Infiltração com PRP (Plasma Rico em Plaquetas): Procedimento onde uma amostra do seu próprio sangue é processada para concentrar as plaquetas (ricas em fatores de crescimento) e é reinjetada no tendão lesionado sob orientação de ultrassom, visando estimular fortemente a regeneração tecidual.
4. Cirurgia para Tendinopatia Patelar
A cirurgia é reservada para a minoria dos casos (menos de 10%) que não apresentam melhora significativa após pelo menos 6 a 12 meses de tratamento conservador bem executado. As técnicas mais comuns são:
- Desbridamento Aberto ou Artroscópico: Remoção do tecido tendíneo degenerado.
- Perfurações do Tendão: Realizadas para induzir sangramento e uma nova resposta de cicatrização no local.
- Release Lateral (Liberação Lateral): Se houver um desalinhamento patelar associado.
A recuperação pós-cirúrgica é longa e requer um programa intensivo de reabilitação.

Avaliação Especializada em Dor no Joelho
Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, localizada na Al. Jau 687 – São Paulo, contamos com uma equipe médica especializada em Dor, com formação pelo Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP (FMUSP). Entendemos que a tendinopatia patelar varia muito de pessoa para pessoa.
Realizamos uma avaliação minuciosa para identificar a fase da lesão, os fatores contribuintes específicos e, assim, montar um plano de tratamento não-cirúrgico personalizado, que pode combinar diversas das modalidades de ponta mencionadas, como:
Atendimento individualizado em salas privativas. Entre em contato para esclarecer dúvidas ou agendar uma consulta.
Conclusão e Prevenção
A tendinopatia patelar é uma condição tratável, mas requer compreensão e paciência. O diagnóstico precoce e a adesão a um tratamento bem orientado são as chaves para uma recuperação bem-sucedida.
A prevenção é sempre a melhor estratégia e envolve:
- Progressão gradual na intensidade e volume de treinos.
- Incluir exercícios de fortalecimento para pernas e core na rotina.
- Manter uma boa flexibilidade muscular.
- Usar calçados adequados para a atividade.
- Respeitar os períodos de descanso e recuperação.
- Prestar atenção aos sinais de dor do corpo e não ignorá-los.
Se você sente dor na região abaixo da rótula, especialmente relacionada a atividades físicas, procure avaliação médica especializada. Um plano personalizado pode ajudá-lo a superar essa condição e retornar com segurança às suas atividades com qualidade de vida.
Encontrou sintomas parecidos?
Não ignore a dor no joelho. Uma avaliação precisa é o primeiro passo para o tratamento correto.
Clínica Dr. Hong Jin Pai
Al. Jau, 687 – São Paulo – SP
Especialistas em Dor | Equipe formada pelo HC-FMUSP
