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Cefaleia em Salvas – O que é? Sintomas, Causas e Tratamentos

Cefaleia em Salvas: Compreendendo a “Dor Suicida”

Cefaleia em Salvas (ou Cluster Headache) é amplamente considerada uma das condições mais dolorosas conhecidas pela medicina, frequentemente descrita por pacientes como mais intensa que o parto ou pedras nos rins. Diferente de uma enxaqueca comum ou cefaleia tensional, ela pertence ao grupo das cefaleias trigêmino-autonômicas.

O termo “em salvas” refere-se ao padrão temporal dos ataques: eles tendem a ocorrer em grupos ou ciclos (períodos de salvas), durando semanas ou meses, seguidos por períodos de remissão onde o paciente não sente dor alguma. Embora seja uma condição neurológica crônica, existem tratamentos médicos e intervenções não cirúrgicas altamente eficazes para abortar as crises e prevenir novos ciclos.

📍 Anatomia da Cefaleia em Salvas

🔴 Lado Afetado (Ipsilateral)

Os sintomas ocorrem sempre no mesmo lado da dor, devido à ativação do sistema nervoso autonômico.

  • Dor intensa ao redor ou atrás do olho
  • Olho vermelho e lacrimejante
  • Pálpebra inchada ou caída (ptose)
  • Nariz entupido ou coriza
  • Sudorese na testa/rosto
🟢 Lado Não Afetado

Permanece completamente normal durante a crise.

  • Sem dor
  • Olho normal
  • Pálpebra normal
  • Respiração nasal livre

Esta associação de dor unilateral intensa com sintomas autonômicos no mesmo lado é a “assinatura” clínica da cefaleia em salvas, crucial para o diagnóstico.

Intensidade

Classificada frequentemente como 10/10 na Escala Visual Analógica de dor.

Duração da Crise

Ataques curtos e fulminantes, variando de 15 a 180 minutos se não tratados.

Prevalência

Afeta aproximadamente 1 em cada 1.000 pessoas, sendo historicamente mais comum em homens.

Sintomas e Quadro Clínico

A característica marcante é a dor estritamente unilateral (apenas um lado da cabeça), geralmente centrada ao redor do olho (orbitária), acima do olho (supraorbitária) ou na têmpora. A dor tem início súbito, atingindo o pico em 10 a 15 minutos.

Além da dor, o diagnóstico é confirmado pela presença de sintomas autonômicos no mesmo lado da dor (ipsilaterais). O paciente pode apresentar:

  • Lacrimejamento intenso e vermelhidão ocular (hiperemia conjuntival).
  • Congestão nasal ou coriza (rinorreia).
  • Edema (inchaço) na pálpebra.
  • Miose (contração da pupila) ou ptose (queda da pálpebra).
  • Sudorese na face ou testa.

Agitação Psicomotora: Um Sinal Distintivo

Ao contrário da enxaqueca, onde o paciente busca repouso no escuro e silêncio, o paciente com cefaleia em salvas fica agitado e inquieto. É comum vê-lo caminhar de um lado para o outro, balançar o corpo ou pressionar a cabeça com as mãos na tentativa de aliviar a dor.

Tabela 1: Diferenças Fundamentais entre Cefaleia em Salvas e Enxaqueca
Característica Cefaleia em Salvas Enxaqueca (Migrânea)
Localização Sempre unilateral, em torno do olho Unilateral ou bilateral, variável
Duração 15 a 180 minutos 4 a 72 horas
Comportamento Agitação, inquietação Busca repouso, isolamento
Periodicidade Horários fixos (relógio biológico) Variável, gatilhos diversos

Causas e o Papel do Hipotálamo

A ciência médica ainda investiga a causa exata, mas as evidências apontam para uma disfunção no hipotálamo posterior. Esta região do cérebro controla os ritmos circadianos (o relógio biológico), o que explica por que os ataques ocorrem frequentemente na mesma hora do dia (muitas vezes durante o sono REM) e em épocas específicas do ano (mudanças de estação).

A Tríade da Dor

1. Ativação do Hipotálamo
O “relógio biológico” dispara sinais anormais.
2. Sistema Trigeminovascular
Geração da dor intensa na região ocular e temporal.
3. Reflexo Autonômico Parassimpático
Causa o lacrimejamento, nariz entupido e inchaço.

Durante o período de salvas, o consumo de álcool é um gatilho quase imediato para uma crise. Outros vasodilatadores, como nitroglicerina, também podem precipitar ataques. Curiosamente, fora do período de salvas, o paciente pode consumir álcool sem desencadear dor.

Tratamento da Crise Aguda (Abortivo)

O objetivo do tratamento agudo é parar a dor o mais rápido possível. Analgésicos comuns (dipirona, paracetamol) e opioides não funcionam e não são indicados, pois a dor atinge o pico muito rapidamente e dura pouco tempo para que o medicamento oral faça efeito.

1. Oxigenoterapia de Alto Fluxo

É o tratamento padrão-ouro, seguro e sem efeitos colaterais. Consiste na inalação de oxigênio a 100% através de uma máscara não reinalante, com fluxo de 12 a 15 litros por minuto. Cerca de 70% dos pacientes obtêm alívio completo em 15 minutos. O mecanismo envolve a vasoconstrição cerebral cerebral.

2. Triptanos Injetáveis ou Nasais

O Sumatriptano subcutâneo é a droga de escolha para interromper a crise, agindo em cerca de 10 minutos. O Zolmitriptano spray nasal é uma alternativa para quem não tolera injeções, embora a absorção seja um pouco mais lenta.

⚠️ Ação na Crise

  • Passo 1: Iniciar Oxigênio 100% (12-15L/min) imediatamente.
  • Passo 2: Se prescrito, aplicar Sumatriptano subcutâneo (6mg).
  • Evite: Deitar-se (pode piorar a dor) ou tomar comprimidos orais de ação lenta.

Tratamento Preventivo e de Transição

Para pacientes com crises frequentes, o tratamento preventivo é obrigatório para encerrar o ciclo de salvas (cluster).

Bloqueio do Nervo Occipital

Um procedimento minimamente invasivo realizado em consultório médico. Consiste na infiltração de anestésico e corticoide na região occipital (nuca). Este bloqueio pode proporcionar alívio temporário significativo, funcionando como uma “ponte” até que os medicamentos orais preventivos façam efeito total. Em nossa clínica, utilizamos ultrassom para guiar o procedimento com precisão.

Tabela 2: Opções Farmacológicas de Prevenção
Medicamento Função Observações Clínicas
Verapamil Preventivo de Manutenção Padrão-ouro. Exige monitoramento cardíaco (ECG) periódico.
Corticosteroides Terapia de Transição Uso por curto prazo (ex: prednisona) para suprimir crises rapidamente.
Carbonato de Lítio Preventivo Alternativo Usado em casos crônicos ou refratários ao Verapamil.
Galcanezumabe Anticorpo Monoclonal Opção moderna (anti-CGRP) injetável para redução da frequência de ataques.

Terapias Não Cirúrgicas Complementares

Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, integramos o tratamento medicamentoso com abordagens físicas para manejo da dor residual e tensão muscular associada:

  • Acupuntura Médica: Auxilia na modulação da dor e redução da ansiedade gerada pelas crises.
  • Toxina Botulínica (Botox): Embora mais estudada para enxaqueca, pode ser utilizada em casos refratários selecionados.
  • Neuromodulação Não Invasiva: Técnicas como estimulação do nervo vago (GammaCore) têm mostrado eficácia como coadjuvantes.

Jornada do Tratamento

1

Diagnóstico

2

Abortar Dor

3

Transição

4

Prevenção

Tratamento Especializado em Dor em São Paulo

A Clínica Dr. Hong Jin Pai é um centro de referência no tratamento de dores crônicas e complexas. Com mais de 40 anos de história no Jardins, oferecemos uma abordagem multidisciplinar que une a medicina intervencionista e reabilitação.

Nossos Diferenciais:

  • ✔ Equipe de médicos e fisioterapeutas do Grupo de Dor da USP.
  • ✔ Procedimentos minimamente invasivos: Bloqueios, Botox, Ondas de Choque e PENS.
  • ✔ Centro de reabilitação com Fisioterapia Motora, Pilates e RPG individualizados.
  • ✔ Acupuntura Médica e Mesoterapia para dor.

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📍 Al. Jaú 687 – Jardim Paulista – São Paulo/SP
Próximo à Av. Paulista e Metrô Trianon-Masp.

📈 Fluxograma: Caminho para o Diagnóstico e Tratamento

Entenda os passos desde a suspeita até o controle da doença.

1

Reconhecimento dos Sintomas

Dor unilateral muito intensa, em torno do olho, com lacrimejamento/congestão nasal no mesmo lado, durando 15-180 minutos. Crises em salvas (períodos ativos).

2

Consulta com Especialista

Neurologista ou médico especialista em dor. Avaliação clínica detalhada. Podem ser solicitados exames de imagem (RM/TAC) para excluir outras causas.

3

Plano de Tratamento Individualizado

Estratégia combinada: Abortivo (para a crise), Preventivo (para reduzir frequência) e Transição. Ajuste fino de medicações e possíveis terapias intervencionistas.

4

Monitoramento e Controle

Acompanhamento regular para avaliar eficácia, ajustar doses e controlar efeitos colaterais. Educação sobre gatilhos (álcool) e uso correto do oxigênio.

Cefaleia ou Dor de Cabeça Tensional - Causas, sintomas e Tratamentos

⏱️ Ciclo da Cefaleia em Salvas: Períodos de Salvas e Remissão

Período de Salvas
De 2 a 12 semanas
com crises diárias
Remissão
De 3 meses a vários anos
sem nenhuma crise
Nova Salva
O ciclo se reinicia, muitas vezes na mesma época do ano.
🔥
Fase Ativa (Salvas)

1 a 8 crises por dia, cada uma durando de 15 min a 3 horas. A dor é extremamente intensa e incapacitante. O álcool é um gatilho potente nesta fase.

😌
Fase de Remissão

Vida completamente normal, sem dor. É o objetivo do tratamento preventivo prolongar ao máximo esta fase. O álcool geralmente não desencadeia dor.

📅
Ciclicidade e Sazonalidade

Muitos pacientes relatam que os períodos de salvas começam na mesma estação do ano (ex: primavera, outono), sugerindo envolvimento do relógio biológico cerebral (hipotálamo).

💡 Neuroanatomia da Dor: Hipotálamo e Nervo Trigêmeo

A cefaleia em salvas não é uma dor de cabeça comum; é um distúrbio neurológico com origem em áreas específicas do cérebro.

🌎 O Hipotálamo (O “Relógio Mestre”)

Região profunda do cérebro que controla os ritmos circadianos (sono, hormônios). Na cefaleia em salvas, ele fica hiperativo durante as crises, explicando o horário regular dos ataques e a sazonalidade. É o provável “iniciador” da crise.

🔥 O Sistema Trigêmino-Autonômico

A ativação do hipotálamo estimula o nervo trigêmeo (que transmite sensação da face) e o sistema nervoso autonômico (que controla funções automáticas como lacrimejamento). Essa dupla ativação gera a dor intensa e os sintomas no olho/nariz no mesmo lado.

Hipotálamo H Nervo Trigêmeo Trigêmeo Dor Lacrimejamento

Representação simplificada da via: Hipotálamo → Nervo Trigêmeo → Dor + Sintomas Autonômicos.

Entender essa via neurobiológica é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos específicos, como medicamentos que atuam no sistema trigêmino-autonômico.

📈 Linha do Tempo do Tratamento: Fases e Intervenções

O manejo eficaz segue uma lógica temporal, combinando tratamentos de ação rápida e prolongada.

D0

🔥 Crise Aguda (Minutos)

Objetivo: Abortar a dor o mais rápido possível.

Ações:

  • Oxigênio 100% (12-15L/min) por 15-20 min.
  • Sumatriptano 6mg subcutâneo.
  • Ambiente calmo, sentado.
D1

⚡ Tratamento de Transição (Dias-Semanas)

Objetivo: “Quebrar” o ciclo de salvas enquanto o preventivo age.

Ações:

  • Início de Corticoide oral (ex: Prednisona) em dose alta e decrescente.
  • Ou Bloqueio do Nervo Occipital (procedimento médico).
  • Início do Verapamil (preventivo) em dose baixa, com ajuste gradual.
D14+

🔄 Tratamento Preventivo (Semanas-Meses)

Objetivo: Prevenir novas crises durante toda a salva.

Ações:

  • Ajuste da dose de Verapamil até a eficaz (com monitoramento cardíaco).
  • Se necessário, adição de segunda droga preventiva (ex: Lítio, Topiramato).
  • Considerar Galcanezumabe (anti-CGRP) se primeira linha não for suficiente.
  • Evitar álcool e manter rotina de sono.

Esta linha do tempo é um guia geral. O plano real deve ser estritamente individualizado pelo médico, baseado na resposta e tolerância do paciente.

📊 Comparativo: Cefaleia em Salvas vs Enxaqueca vs Cefaleia Tensional

Diferenciar o tipo de dor de cabeça é essencial para o tratamento correto.

Característica Cefaleia em Salvas Enxaqueca Cefaleia Tensional
Localização Sempre unilateral, em torno de um olho Geralmente unilateral, pode alternar Bilateral, em “faixa” ou “capacete”
Qualidade da Dor Perfurante, penetrante, insuportável Latejante, pulsátil Pressão constante, aperto
Duração (sem tratamento) 15 min – 3 horas 4 – 72 horas 30 min – 7 dias
Comportamento durante a crise Agitação, inquietação, anda de um lado para outro Fica quieto, prefere deitar no escuro/silêncio Consegue continuar atividades, com dificuldade
Sintomas Autonômicos Presentes e intensos (lacrimejamento, vermelhidão, nariz entupido) sempre do lado da dor. Náusea/vômito, intolerância a luz/som. Sintomas oculares/nasais não são proeminentes. Ausentes. Pode haver sensibilidade leve a luz/som.
Gatilho Específico Álcool (durante a salva), nitratos, cheiros fortes. Estresse, hormônios, certos alimentos, mudança de rotina. Estresse, tensão muscular, postura, ansiedade.
Tratamento Abortivo Eficaz Oxigênio 100%, Triptano injetável/nasal. Triptanos orais/nasais, anti-inflamatórios específicos. Analgésicos comuns, relaxamento.

📋 Quadro Comparativo: Tratamentos Abortivos vs. Preventivos

Cada tipo de tratamento tem um objetivo, momento de uso e características diferentes.

Característica Tratamento Abortivo (da Crise) Tratamento Preventivo (de Fundo)
OBJETIVO PRINCIPAL Interromper uma crise em andamento, aliviando a dor rapidamente. Evitar que novas crises ocorram, reduzindo sua frequência e intensidade.
QUANDO É USADO No início ou durante uma crise de dor. Diariamente, durante todo o período de salvas (semanas a meses).
EXEMPLOS Oxigênio 100%, Sumatriptano injetável, Zolmitriptano nasal. Verapamil, Galcanezumabe (anti-CGRP), Lítio, Topiramato.
VELOCIDADE DE AÇÃO Rápida (minutos a 1 hora). Lenta (pode levar semanas para efeito máximo).
EFEITOS COLATERAIS Geralmente leves e passageiros (ex.: sensação de peso no peito com triptanos). Oxigênio é muito seguro. Variam conforme a medicação. Podem exigir monitoramento (coração, rim, sangue).
ANÁLOGIA É como um extintor de incêndio: usado para apagar o fogo (a crise) quando ele começa. É como um sistema de sprinklers e materiais à prova de fogo: instalado para prevenir que o fogo (as crises) sequer comece.

Pacientes com cefaleia em salvas geralmente precisam de ambos os tipos de tratamento: o abortivo para as crises que surgirem, e o preventivo para diminuir drasticamente a chance delas surgirem.

📝 Rastreador de Sintomas e Ciclo da Cefaleia em Salvas

Monitorar suas crises é uma ferramenta poderosa para você e seu médico. Registre os dados abaixo para identificar padrões.

📅 Diário da Crise (Registre no Momento)

Data/Hora do início:
Duração (min):
Intensidade (0-10):
Lado da dor:
Sintomas (marque):

🔄 Identificação de Gatilhos e Eficácia do Tratamento

Possível Gatilho antes da crise?

Tratamento usado para abortar:

Tempo para alívio:

📝 Dica: Manter este diário por 1-2 ciclos de salvas fornece informações valiosíssimas para seu neurologista ajustar o tratamento com precisão.

🏥 Clínica Dr. Hong Jin Pai – Especialistas em Dor

Médicos formados pelo Grupo de Dor da Neurologia e Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP

📍 Alameda Jaú, 687 – Jardim Paulista – São Paulo

Localização central de fácil acesso.

Abordagem Integral para Dor Complexa:

Avaliação Neurológica Especializada Acupuntura Médica / Dry Needling Bloqueios Terapêuticos e Infiltrações Botox para Dor Crônica Mesoterapia Orientação de Terapias Complementares

Atendimento individualizado em consultórios privativos, com foco em diagnóstico preciso e plano de tratamento personalizado, que combina as melhores evidências da medicina com técnicas intervencionistas seguras.

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cefaleias

🔍 Autoavaliação: Seus Sintomas Sugerem Cefaleia em Salvas?

Marque os sintomas que você apresenta durante as crises de dor de cabeça. Esta ferramenta serve apenas como guia informativo inicial.

⚠️ Esta ferramenta não fornece um diagnóstico médico. Apenas um neurologista ou especialista em dor, após uma consulta detalhada e exclusão de outras causas, pode diagnosticar cefaleia em salvas com precisão. Se você marcou vários itens, buscar avaliação especializada é o próximo passo mais importante.

O que é exatamente a cefaleia em salvas?

A cefaleia em salvas é uma desordem neurológica primária, classificada como uma cefaleia autonômica trigeminal. Ela se caracteriza por crises de dor de cabeça de intensidade excruciante, estritamente unilateral (sempre no mesmo lado durante um ciclo), tipicamente ao redor da órbita ocular. É considerada uma das dores mais fortes conhecidas na medicina. O termo “salvas” descreve seu padrão cíclico único: fases ativas (“salvas”) com crises diárias que duram de semanas a meses, intercaladas por períodos de remissão completa, que podem durar meses ou até anos.

Qual é a causa da cefaleia em salvas?

A causa exata ainda é objeto de pesquisa, mas a evidência aponta para uma disfunção no hipotálamo, uma pequena região no centro do cérebro que atua como nosso “relógio biológico”. Essa anormalidade hipotalâmica explica a periodicidade circadiana e sazonal precisa das crises. O hipotálamo ativado estimula então a via trigêmino-autonômica, causando a dor intensa no nervo trigêmeo (que sente a face) e os sintomas autonômicos (lacrimejamento, congestão) no mesmo lado. Fatores genéticos e ambientais (como tabagismo) também contribuem para a predisposição.

Quem é mais afetado pela cefaleia em salvas?

A cefaleia em salvas tem um claro predomínio no sexo masculino, afetando homens numa proporção de cerca de 3:1 em relação às mulheres. O início tipicamente ocorre entre os 20 e 40 anos de idade. Estima-se que afete entre 0,1% e 0,4% da população mundial, o que representa mais de 300 mil pessoas no Brasil. Indivíduos com parentes de primeiro grau afetados têm um risco ligeiramente maior de desenvolver a condição.

Quais são os sintomas principais que diferenciam essa dor?

A combinação de três elementos é altamente sugestiva: 1) Dor Unilateral Extremamente Intensa: sempre do mesmo lado por ciclo, orbital/temporal. 2) Sintomas Autonômicos Ipsilaterais: obrigatoriamente do mesmo lado da dor (ex.: olho vermelho e lacrimejante, nariz entupido, pálpebra caída). 3) Padrão Comportamental e Temporal: o paciente fica agitado (ao contrário da enxaqueca), e as crises têm duração curta (15-180 min), frequência regular (até 8x/dia) e podem acordá-lo à noite.

Como se chega ao diagnóstico?

O diagnóstico é primariamente clínico. O médico, preferencialmente um neurologista, fará uma entrevista detalhada focando nas características descritas acima. Não existe um exame de sangue ou imagem que “prove” a cefaleia em salvas. No entanto, é comum o médico solicitar uma ressonância magnética do encéfalo com estudo dos vasos (angio-RM) para excluir causas secundárias importantes que podem mimetizar os sintomas, como aneurismas ou outras lesões. Em casos típicos, os exames são normais.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?

O manejo é baseado em três pilares, geralmente usados em conjunto:
1. Abortivo (para a crise): Oxigênio inalatório a 100% (primeira escolha, mais seguro) e Triptanos injetáveis ou nasais (como sumatriptano). Analgésicos comuns não funcionam.
2. Preventivo (para evitar crises): Iniciado no começo de uma salva e mantido por toda sua duração. Verapamil em alta dose é a primeira linha, seguido por Lítio, Galcanezumabe (anti-CGRP) e outros.
3. Transição (ponte): Para alívio rápido enquanto o preventivo faz efeito, como corticosteroides ou bloqueio do nervo occipital maior.

É possível prevenir o início de um período de salvas?

Não existe uma forma garantida de prevenir o surgimento de uma nova salva, pois a ciclicidade parece intrínseca à doença. Porém, uma vez que uma salva começa, o uso correto e imediato de medicamentos preventivos pode encurtá-la drasticamente e reduzir a intensidade das crises. Evitar gatilhos conhecidos durante a salva ativa é crucial, sendo o álcool o mais importante – mesmo uma dose mínima pode desencadear uma crise em minutos. Manter uma rotina de sono estável também ajuda.

Quanto tempo dura uma crise individual?

Cada ataque de dor, se não for tratado, tem uma duração característica que varia de 15 minutos a 3 horas, sendo mais comum entre 30 e 90 minutos. Após esse período, a dor cessa abruptamente, muitas vezes deixando o paciente exausto. O grande diferencial do tratamento abortivo eficaz (oxigênio/triptano) é reduzir esse tempo para 10 a 20 minutos. Durante um período de salvas, esses ataques podem se repetir de 1 a 8 vezes nas 24 horas.

A cefaleia em salvas é hereditária?

Existe um componente de predisposição genética familiar, mas o padrão de herança não é simples ou totalmente compreendido. Ter um parente de primeiro grau (pai, irmão, filho) com cefaleia em salvas aumenta o risco em cerca de 5 a 18 vezes em comparação com a população geral. No entanto, a maioria absoluta dos casos ainda é esporádica (sem história familiar clara), indicando que fatores genéticos interagem com fatores ambientais para desencadear a doença.

Existe cura para a cefaleia em salvas?

Atualmente, não há uma cura definitiva no sentido de erradicar a condição para sempre. Entretanto, é fundamental entender que a cefaleia em salvas é uma das dores de cabeça mais tratáveis. Com um diagnóstico preciso e um plano de tratamento especializado, é possível obter controle excelente: abortar as crises rapidamente, suprimir quase completamente as salvas com preventivos e prolongar ao máximo os períodos de remissão. A qualidade de vida pode ser muito boa. Muitos pacientes experimentam uma diminuição na frequência das salvas com o avançar da idade.

Precisa de Ajuda com Cefaleia em Salvas?

Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, oferecemos avaliação e tratamento especializado por médicos com formação em Dor pelo Hospital das Clínicas da USP.

Nossa Abordagem Inclui:

  • Diagnóstico neurológico preciso e exclusão de causas secundárias.
  • Plano de tratamento individualizado, combinando medicamentos de última linha (como anti-CGRP) e terapias intervencionistas.
  • Procedimentos como Bloqueios Nervosos Terapêuticos e Acupuntura Médica para modulação da dor.
  • Acompanhamento próximo para ajuste fino da terapia e controle de efeitos colaterais.

Estamos localizados na Alameda Jaú, 687, no coração de São Paulo, com atendimento em consultórios privativos.

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Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM-SP: 158074 / RQE: 65523 - 65524 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela USP. Pesquisador e Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP. Diretor de Marketing do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Integrante da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Secretário do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). Professor convidado do Curso de Pós-Graduação em Dor da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Revisor - Medicina Física e Reabilitação da Journal of the Brazilian Medical Association (AMB).  

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