Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): Entenda a Condição
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são condições crônicas que causam inflamação persistente no trato digestivo, principalmente nos intestinos delgado e grosso. As duas formas mais comuns são a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa.
Essas doenças podem causar sintomas debilitantes, como dor abdominal intensa, diarreia frequente (às vezes com sangue), fadiga extrema, perda de peso não intencional e complicações que afetam a qualidade de vida. O tratamento convencional com medicamentos de uso contínuo é essencial, mas muitos pacientes buscam terapias complementares para melhorar o controle dos sintomas e a qualidade de vida.
Por que os Pacientes Buscam Terapias Complementares?
Estudos mostram que uma parcela significativa de pacientes com DII recorre a tratamentos complementares. Na Noruega, cerca de 49% dos pacientes utilizaram alguma forma de medicina complementar no ano anterior ao estudo. Na Espanha, esse número foi de 23%.
Isso acontece porque o sistema digestivo e o equilíbrio do corpo são focos centrais na Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Por isso, técnicas como a acupuntura e a moxabustão (aplicação de calor em pontos específicos) atraem grande interesse como opções para complementar o tratamento convencional, visando modular a inflamação e aliviar os sintomas.
O que Dizem as Evidências Científicas?
Uma meta-análise (revisão de alta qualidade que combina resultados de vários estudos) publicada em 2013 analisou 43 estudos clínicos sobre o uso da acupuntura e moxabustão para DII.
Nove em cada dez estudos que compararam essas técnicas com o medicamento sulfassalazina (um anti-inflamatório intestinal comum) mostraram que a acupuntura e a moxabustão foram mais eficazes.
Exemplos de Resultados de Pesquisas:
- Estudo de Zhou e Jin (220 pacientes): A eficácia do tratamento combinado (acupuntura + moxa) foi de 84,5%, significativamente maior que a da sulfassalazina sozinha (68,2%).
- Estudos da Dra. Stefanie Joos (Doença de Crohn e Colite Ulcerativa): Em dois estudos bem desenhados, a acupuntura real foi mais eficaz que a acupuntura sham (falsa, com agulhas em pontos não-ativos) na redução dos índices de atividade das doenças e na melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Outras meta-análises, incluindo uma de 2010 que analisou especificamente a moxabustão, também sugerem benefícios, embora os pesquisadores destaquem a necessidade de mais estudos de alta qualidade realizados fora da China para conclusões definitivas.
Como a Acupuntura e a Moxabustão Podem Ajudar? Os Mecanismos Biológicos
Pesquisas com animais e humanos começam a desvendar como a acupuntura e a moxabustão podem exercer seus efeitos benéficos nas DII. Os mecanismos parecem envolver múltiplas ações:
- Ação Anti-inflamatória e Modulação Imune: Os tratamentos reduzem os níveis de citocinas pró-inflamatórias (proteínas que alimentam a inflamação), como a TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL-12, no tecido intestinal.
- Promoção da Reparação da Barreira Intestinal: Eles ajudam a regenerar o epitélio (a camada interna do intestino) que está danificado pelas úlceras. Também aumentam a produção de proteínas (como ocludina e ZO-1) que fortalecem as “junções estreitas” entre as células, restaurando a barreira intestinal e prevenindo o vazamento de substâncias nocivas.
- Equilíbrio da Microbiota Intestinal (Flora): Estudos em animais mostram que a moxabustão ajuda a restaurar o equilíbrio das bactérias intestinais, aumentando as bactérias benéficas (como Bifidobacterium e Lactobacillus) e reduzindo as patogênicas.
- Redução da Apoptose (Morte Celular) Excessiva: Diminuem a morte excessiva das células do epitélio intestinal, um processo comum na inflamação crônica.
Em resumo, a acupuntura e a moxabustão parecem atuar não em um único alvo, mas em múltiplas frentes do processo da doença: acalmando a inflamação descontrolada, ajudando o intestino a se curar e reequilibrando o ambiente intestinal. Isso as posiciona como uma opção terapêutica complementar promissora dentro de um plano de tratamento abrangente para as DII.
Diferenças entre Doença de Crohn e Colite Ulcerativa
Toque nos ícones para ver os detalhes de cada condição.
Doença de Crohn
Pode afetar qualquer parte do trato digestivo, da boca ao ânus, em “manchas” (segmentos saudáveis entre áreas inflamadas). A inflamação atinge todas as camadas da parede intestinal.
Colite Ulcerativa
A inflamação é contínua e afeta apenas o cólon (intestino grosso) e o reto, começando no reto e se estendendo. A inflamação fica restrita à camada mais interna (mucosa).
Opções de Tratamento para DII: Um Panorama
Tratamento Convencional (Base)
Anti-inflamatórios específicos (ex: Sulfassalazina, Mesalazina), imunossupressores, terapias biológicas. Foco no controle da inflamação e indução/manutenção da remissão.
Ajustes no Estilo de Vida
Dieta personalizada, controle do estresse, exercícios adequados, cessação do tabagismo. Fundamental para o manejo geral dos sintomas e qualidade de vida.
Terapias Complementares Integrativas
Acupuntura Médica & Moxabustão, probióticos específicos, suplementação (ex: vitamina D). Atuam na modulação da inflamação, dor e estresse, complementando o tratamento base.
O manejo ideal das DII geralmente combina várias abordagens sob supervisão médica especializada.
Evidência em Números: Comparação de Eficácia
Resultado de um estudo clínico com 220 pacientes (Zhou e Jin).
Acupuntura + Moxabustão
Taxa de eficácia no tratamento da doença inflamatória intestinal no grupo de estudo.
Sulfassalazina
Taxa de eficácia no grupo de controle que usou apenas o medicamento convencional.
Interpretação: O estudo mostrou que a combinação de acupuntura e moxabustão foi significativamente mais eficaz do que o uso isolado da sulfassalazina no manejo dos sintomas da DII. Isso sugere um papel valioso como terapia complementar ao tratamento padrão.


2 Comentários
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Tenho retocolite ulcerativa há 4 anos. Mas estou em crise há 2 meses muito aguda, gastroenterocolite tratada com antibiótico, não resolveu. Agora Mesacol 1200mg, Sulfassalazina 1g, Prednisona 40 mg diariamente.
Crises de muita diarreia e cólica.
Gostaria de tentar está opção que desconheço. Tenho 64 anos.
Aguardo retorno.
Grata.