A Síndrome Miofascial é caracterizada pela presença de pontos-gatilho (trigger points) — nódulos hipersensíveis dentro de uma banda tensa de músculo esquelético. Quando pressionados ou estimulados, esses pontos geram dor local e, caracteristicamente, dor referida (dor que “viaja” para outra parte do corpo). A “cura” definitiva depende não apenas de “desativar” esses pontos, mas, crucialmente, de identificar e eliminar os fatores que estão fazendo com que eles voltem a surgir.
Para a medicina da dor, o sucesso terapêutico é alcançado quando o paciente retoma a função muscular normal, sem dor em repouso ou movimento, e aprende a gerenciar os fatores de estresse muscular para prevenir recidivas.
O Ciclo Vicioso da Dor Miofascial
Para curar, é preciso quebrar este ciclo em algum ponto:
1. Sobrecarga Muscular
2. Crise de Energia
3. Formação do Ponto-Gatilho
4. Dor e Sensibilização
Fatores de Perpetuação: A Chave para a Cura
Muitos pacientes relatam que tratam a dor, ela melhora por algumas semanas, e depois retorna. Isso ocorre porque o tratamento focou apenas no sintoma (o ponto-gatilho), mas ignorou os fatores de perpetuação. Na prática clínica médica, considera-se que a SDM só é verdadeiramente curada quando estes fatores são corrigidos.
Fatores Mecânicos e Ergonômicos
Desalinhamentos posturais são as causas mais comuns. Uma perna mais curta que a outra (dismetria), uma escoliose não compensada, ou, mais frequentemente, a ergonomia inadequada no trabalho (monitor baixo, cadeira ruim) mantêm os músculos em tensão constante. O músculo “aprende” a ficar contraído para proteger a estrutura, gerando a banda tensa.
Fatores Metabólicos e Nutricionais
O músculo precisa de energia para relaxar (o relaxamento muscular consome ATP). Deficiências vitamínicas e hormonais podem impedir que o músculo relaxe, tornando o tratamento ineficaz.
- Vitamina D e B12: Deficiências comuns que aumentam a irritabilidade muscular.
- Hipotireoidismo: Reduz o metabolismo basal muscular.
- Anemia: Reduz a oxigenação dos tecidos (isquemia), favorecendo a dor.
Estresse e Ansiedade
O sistema límbico (emoções) tem conexão direta com o tônus muscular. O estresse crônico mantém o sistema nervoso simpático ativado, gerando uma postura de “luta ou fuga” (ombros elevados, mandíbula travada), que sobrecarrega a musculatura cervical e trapézio.
| Característica | Síndrome Miofascial (SDM) | Fibromialgia |
|---|---|---|
| Localização da Dor | Regional, localizada (ex: ombro direito, pescoço). | Difusa, generalizada (corpo todo). |
| Achado no Exame | Pontos-gatilho palpáveis e bandas tensas. | Pontos sensíveis (Tender points), sem nódulos claros. |
| Resposta ao Tratamento | Pode ser “curada” com tratamento local e correção mecânica. | Doença crônica sistêmica; foco é o controle, não a cura total. |
| Causa Principal | Muscular / Mecânica. | Sensibilização Central (cérebro processa dor de forma errada). |
| Sintomas Associados | Limitação de movimento local, fraqueza muscular. | Fadiga intensa, sono não reparador, névoa mental. |
Nota: É possível que um paciente tenha ambas as condições simultaneamente.
Tratamentos Médicos para “Desativar” a Dor
O tratamento médico da Síndrome Miofascial visa dois objetivos: alívio imediato da dor (desativação do ponto-gatilho) e reabilitação muscular. As abordagens podem ser invasivas ou não invasivas.
Escada Terapêutica
1. Agulhamento Seco (Dry Needling)
Consiste na introdução de uma agulha fina (semelhante à de acupuntura) diretamente no ponto-gatilho. O objetivo é causar uma “microlesão” controlada que quebra o ciclo da dor, provoca um relaxamento reflexo (conhecido como twitch response ou resposta de espasmo local) e aumenta a vascularização na área isquêmica.
2. Infiltração de Pontos-Gatilho
Procedimento médico onde se injeta uma substância diretamente no nódulo muscular. Geralmente, utiliza-se um anestésico local (como lidocaína ou procaína) em baixas concentrações. O anestésico bloqueia a transmissão da dor e o efeito mecânico da agulha solta a fibra muscular. Em casos refratários, o médico pode considerar o uso de toxina botulínica (Botox), que paralisa a micro-contratura por um período prolongado, permitindo a reabilitação.
3. Terapia por Ondas de Choque Extracorpórea
Não deve ser confundida com o “choquinho” (TENS). As ondas de choque são ondas acústicas de alta energia que penetram profundamente no tecido. Elas promovem a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos), quebram calcificações e estimulam a regeneração tecidual. É excelente para pontos-gatilho profundos e crônicos.
4. Abordagem Farmacológica
Medicamentos não curam a síndrome, mas facilitam o tratamento físico:
- Relaxantes Musculares: (ex: Ciclobenzaprina, Tizanidina) Ajudam a reduzir o tônus muscular global, facilitando o sono.
- Antidepressivos Tricíclicos: Em doses baixas, não funcionam como antidepressivos, mas como moduladores da dor e melhoradores da qualidade do sono profundo.
Ponto Gatilho ATIVO
Gera dor espontânea (dói mesmo sem tocar). Impede o movimento completo do músculo e causa dor referida constante. É o que leva o paciente ao médico.
Ponto Gatilho LATENTE
Não dói espontaneamente, apenas quando apertado. Causa rigidez e restrição de movimento, mas não dor aguda. Pode ser reativado por estresse ou má postura.
| Terapia | Mecanismo Principal | Nível de Invasividade | Indicação Ideal |
|---|---|---|---|
| Agulhamento Seco | Mecânico (disrupção da fibra) + Reflexo neural. | Baixo (agulha fina) | Pontos isolados e acessíveis. |
| Infiltração (Lidocaína) | Químico (analgesia) + Lavagem de mediadores inflamatórios. | Baixo/Médio | Dor aguda intensa que impede a reabilitação. |
| Ondas de Choque | Biológico (neovascularização e regeneração). | Não invasivo | Casos crônicos, fibrosados e áreas extensas. |
| Laser de Alta Intensidade | Fotobiomodulação (energia celular ATP) e efeito térmico. | Não invasivo | Pacientes com medo de agulhas; alívio rápido. |
O Papel do Paciente: Prevenindo a Volta da Dor
Após a intervenção médica para “apagar o incêndio” da dor aguda, a manutenção da cura depende de hábitos diários. O músculo precisa ser reeducado para não voltar ao estado de contração permanente.
Checklist de Manutenção Diária
- ✅ Micro-pausas: A cada 45 minutos de trabalho sentado, levante-se e mova os ombros/pescoço por 2 minutos.
- ✅ Alongamento Ativo: Realize alongamentos suaves após aquecer o corpo (ex: após o banho quente), nunca a frio.
- ✅ Hidratação: Músculos desidratados são mais propensos a cãibras e contraturas. Beba água regularmente.
- ✅ Sono: Respeite o horário de dormir. É durante o sono profundo que o tecido muscular se repara.
- ✅ Magnésio: Discuta com seu médico se a suplementação de magnésio é indicada, pois ele auxilia no relaxamento muscular.
Linha do Tempo da Recuperação
(1-3 semanas)
(1-2 meses)
(Contínuo)
Perguntas Frequentes (FAQ)
A síndrome miofascial pode virar fibromialgia?
Se não tratada por muitos anos, a dor miofascial crônica pode contribuir para o fenômeno de “Sensibilização Central”, onde o sistema nervoso se torna hipersensível. Embora sejam doenças distintas, a dor miofascial persistente é um fator de risco para o desenvolvimento de dores generalizadas semelhantes à fibromialgia.
Qual médico trata a Síndrome Miofascial?
Os especialistas mais indicados são o Médico Fisiatra (especialista em Medicina Física e Reabilitação), o Ortopedista, o Neurologista e médicos com área de atuação em Dor. Eles são capacitados para realizar o diagnóstico clínico e procedimentos como infiltrações.
Exames de imagem como Ressonância mostram os pontos-gatilho?
Geralmente não. A Ressonância Magnética e o Raio-X costumam ser normais na Síndrome Miofascial, servindo apenas para descartar outras doenças (como hérnias de disco). O diagnóstico é eminentemente clínico, feito através da palpação médica experiente.
O uso de colar cervical ou tiposia ajuda?
Geralmente não é recomendado e pode até piorar o quadro. A imobilização prolongada enfraquece a musculatura e pode aumentar a rigidez. O movimento suave e controlado é preferível à imobilização total.
Compressa quente ou fria para ponto-gatilho?
Na maioria dos casos de dor miofascial crônica, o calor (morno) é mais benéfico, pois aumenta o fluxo sanguíneo e ajuda no relaxamento muscular. O gelo é reservado para traumas agudos (pancadas) ou inflamações intensas recentes.
Massagem resolve o problema?
A massagem e a liberação miofascial manual proporcionam alívio sintomático importante, mas se os fatores perpetuantes (postura, vitaminas, estresse) não forem corrigidos, o ponto-gatilho tende a retornar em poucos dias.
A dor pode passar sozinha?
Se for causada por um esforço pontual, pode remitir com repouso em alguns dias. Porém, se houver formação de pontos-gatilho latentes e manutenção de má postura, a tendência é que a dor se torne crônica e recorrente sem tratamento adequado.
O que é a “dor referida”?
É um fenômeno neurológico onde o cérebro confunde a origem da dor. Por exemplo, um ponto-gatilho no músculo trapézio (ombro) pode causar uma dor de cabeça tensional forte na têmpora, simulando uma enxaqueca.
Musculação ajuda ou atrapalha?
Na fase aguda de dor, exercícios de força intensa podem irritar os pontos-gatilho. No entanto, na fase de manutenção, o fortalecimento muscular (com carga adequada e execução correta) é essencial para tornar o músculo mais resistente à fadiga e prevenir novas crises.
Existe dieta anti-inflamatória para isso?
Embora não exista uma “dieta da miofascial”, reduzir alimentos ultraprocessados, açúcar e álcool ajuda a diminuir a inflamação sistêmica. Garantir aporte adequado de proteínas e magnésio é vital para a saúde muscular.
Pontos-Gatilhos Miofasciais

AL. JAÚ 687 – JARDIM PAULISTA – SÃO PAULO – SP
Clínica de Dor, Fisiatria e Acupuntura Médica
Clínica médica especializada localizada na região dos Jardins, próximo à Av. Paulista, em São Paulo — SP.
Centro de Dor, com médicos especialistas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Tratamento por Ondas de Choque, Infiltrações, Bloqueios anestésicos e Acupuntura Médica
Dor tem Tratamento – Centro de Dor e Acupuntura Médica em São Paulo – SP
Médicos Especialistas em Dor e Acupuntura do HC-FMUSP
Os especialistas em medicina da dor são médicos especialmente treinados e qualificados para oferecer avaliação integrada e especializada e gerenciamento da dor usando seu conhecimento único e conjunto de habilidades no contexto de uma equipe multidisciplinar.
O tratamento da dor visa reduzir a dor, abordando o impacto emocional da dor, ajudando os pacientes a se moverem melhor e aumentando o bem-estar por meio de uma variedade de tratamentos, incluindo medicamentos, fisioterapia, acupuntura, ondas de choque e procedimentos minimamente intervencionistas.
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As técnicas usadas no controle da dor dependerão da natureza e gravidade da dor, mas nossos especialistas em dor têm experiência para ajudar com a dor.

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