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Eflúvio telógeno: queda de cabelos. Aprenda mais

A queda cotidiana de 50 a 100 fios de cabelo é comum e esse ciclo natural pode ser percebido em situações corriqueiras, como na simples prática de pentear ou lavar os cabelos.

Porém, quando ocorre um intenso aumento na queda diária de cabelo, além do normal, podendo ser notada na escova de pentear, durante a lavagem ou na fronha do travesseiro, pode ser um indicativo de desequilíbrio da homeostase e caracterizar uma alopecia. Nessas condições, a pessoa pode perder de 200 a 300 fios diariamente e, por isso, essa situação não pode ser ignorada.

Dentre as diversas causas e apresentações clínicas das alopecias, o eflúvio telógeno (ET) é uma das mais frequentes e pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e sexo. Trata-se de uma condição reversível, sendo aguda ou crônica, e caracteriza-se por uma excessiva perda difusa de cabelos, em um intervalo muito curto de tempo, e tem ligação com a telogenização.

Embora cerca de um terço dos casos ainda seja de etiologia desconhecida, os eventos pontuais indutores de estresse metabólico ou de estresse emocional estão associados ao ET Agudo. Entre esses eventos indutores, pode-se citar o uso de algumas medicações, pós-parto, menopausa, cirurgias, dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas, distresse, febre e pneumonia, dentre outras. Nesses casos, os cabelos podem começar a cair de dois até três meses após a vivência desses eventos, porque é o período de tempo aproximado que ocorre o processo de preparo para o início da queda dos fios.

De um modo geral, depois do início das quedas, o eflúvio telógeno Agudo não ultrapassa seis meses de duração, sendo reversível em um prazo de dois a quatro meses, caso não haja a associação do problema com alguma outra condição, como alopecia androgenética ou senil.

Algumas pessoas podem apresentar um primeiro estágio de perda de cabelo muito parecido com as do eflúvio telógeno Agudo. Mas, ao invés do quadro ser revertido em poucos meses, se estende para um período de longo prazo. Trata-se do ET Crônico, cujos indícios apontam para uma possível correlação com pacientes portadores de doenças autoimunes, desnutrição ou anemia.

O eflúvio telógeno Crônico é caracterizado por uma ou duas fases cíclicas de excessivas quedas de cabelo ao ano, ou a cada dois anos, concomitante com o aumento de crescimento de novos fios. As quedas intermitentes passam por fases de remissões e episódios de recaídas.

Esse ciclo crônico característico faz com que o paciente, no decorrer dos anos, tenha mais volume de cabelo na base do que no comprimento. Porém, não terá o cabelo ralo na região do couro cabeludo caso não tenha outras condições associadas.

queda de cabelo efluvio telogeno

Diagnóstico e tratamentos

Apesar de ser um quadro reversível, é sempre necessário procurar um médico especialista para investigar as quedas de cabelo para ter a certeza de que existe ou não algum quadro clínico associado.

Grande parte dos pacientes com eflúvio telógeno buscam tratamentos, principalmente, porque os cabelos exercem uma intensa influência psicossocial no ser humano e as excessivas quedas causam grande desconforto estético, aumento do nível de ansiedade e até casos de insônia. Entretanto, não existem tratamentos específicos.

No consultório, o diagnóstico do eflúvio telógeno deve ser realizado pelo dermatologista por meio de uma observação minuciosa das falhas e dos fios de cabelo, além da avaliação dos relatos do paciente. Concomitante a isso, pode haver a solicitação de exames de sangue, para a avaliação de outros parâmetros que o médico possa julgar necessário e a tricoscopia nas áreas frontal, occipital e temporais.

Entre as opções de tratamento, medicações que estimulam o crescimento capilar podem ser receitadas pelo médico para acelerar o processo de recuperação. Além disso, as possíveis doenças associadas também devem ser investigadas e tratadas, sempre que possível, que contribui ainda mais na recuperação do paciente e na diminuição de seus níveis de ansiedade causados pelas quedas de cabelo.

As carências nutricionais como gatilho ou como agravamento do eflúvio telógeno podem ser analisadas por meio da investigação de possíveis deficiências de nutrientes ligadas – direta ou indiretamente – às sínteses e qualidade capilar, como proteínas, vitaminas e sais minerais.

Dentre os nutrientes, pode-se citar os possíveis déficits de oligoelementos como o ferro e o zinco. Ambos atuam no folículo piloso, sendo que o zinco inibe sua regressão e o ferro o nutre.

Vitaminas, como a biotina, que estão associadas à perda de cabelos e pelos do corpo, podem atuar diretamente no ciclo capilar e nas células epidérmicas. Também podem agir indiretamente por meio de ações conjuntas com outros oligoelementos, como é o caso do ácido ascórbico e ácido fólico.

Caso seja identificada a carência nutricional devido às desordens alimentares, má absorção de nutrientes, dietas muito restritivas ou outros fatores etiológicos, como doenças sistêmicas, é possível adotar um tratamento baseado em suplementação nutricional, reeducação alimentar e tratamentos pertinentes às condições clínicas associadas.

É importante que haja uma atenção na tentativa de identificação dos fatores que podem desencadear ou agravar o surgimento do ET. Isso serve para que as avaliações de cada caso sejam mais precisas e que os desdobramentos emocionais que a condição pode causar no paciente também sejam considerados.

Como recomendação, o médico precisa investigar, com o paciente, se ele passou por alguma situação delicada ou estressante nos três meses que antecederam às quedas de cabelo.

É natural que o paciente não se sinta confortável em conversar sobre suas tensões emocionais na primeira consulta. Por isso, é desejável que o médico proporcione uma consulta com empatia e humanizada na tentativa de estabelecer mais confiança na relação com o paciente.

Como o eflúvio telógeno é uma condição em que possam existir causas ainda não identificadas, é recomendável considerá-lo como sendo multifatorial. Estudos sugerem uma interação de fatores biológicos e psicológicos que responsáveis pelo seu desencadeamento ou agravamento. Por isso, além do tratamento realizado com o médico dermatologista, é desejável um trabalho multidisciplinar por meio do acompanhamento nutricional, gerenciamento do estresse, psicoterapia e atividades que promovam a qualidade da saúde mental.

Referências bibliográficas

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Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65.521 | Médica Dermatologista. Residência médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduação em Pesquisa Clínica - Principles and Practice of Clinical Research - Harvard Medical School. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Hospital Sírio Libanês. Fellow em Tricologia, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

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