Tendinite no punho: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamento

A tendinite de punho (ou tenossinovite) é a inflamação dos tendões que realizam a movimentação das mãos e dedos, frequentemente causada por sobrecarga mecânica ou movimentos repetitivos.

Para entender a dor, precisamos visualizar a anatomia: os tendões funcionam como “cordas” resistentes que conectam os músculos do antebraço aos ossos da mão. Para que o movimento ocorra sem atrito, esses tendões deslizam dentro de um túnel lubrificado, revestido pela bainha sinovial.

Quando há excesso de uso, compressão ou trauma, esse sistema de deslizamento falha. A bainha inflama, o líquido lubrificante torna-se espesso e o tendão sofre atrito, gerando o quadro de tendinite ou tenossinovite. O resultado é dor aguda, inchaço (edema) e perda de força.

Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, observamos que muitos pacientes chegam ao consultório com medo de que a condição seja crônica ou “incurável”. É importante esclarecer: com diagnóstico preciso e tratamento médico adequado (que vai além de apenas gelo e repouso), a recuperação completa é totalmente possível.

A tendinite no punho é um distúrbio musculoesquelético caracterizado pela inflamação ou degeneração dos tendões que cruzam a articulação. É uma das causas mais frequentes de afastamento laboral e queda de produtividade.

O problema ocorre frequentemente em pontos onde os tendões passam por estreitamentos anatômicos (túneis osteofibrosos) ou sobre proeminências ósseas. O atrito constante gera microlesões que o corpo tenta reparar através de um processo inflamatório. Embora a inflamação seja uma defesa natural, quando crônica, ela causa dor incapacitante.

A anatomia complexa do punho significa que a tendinite pode afetar diferentes tendões, sendo a Tenossinovite de De Quervain (na base do polegar) uma das formas mais comuns diagnosticadas em nossa clínica.

Qual a diferença entre LER e tendinite?

Essa é uma dúvida frequente no consultório. Em resumo: LER (Lesão por Esforço Repetitivo) é o mecanismo de causa (o “como” aconteceu), enquanto Tendinite é o diagnóstico da lesão (o “que” aconteceu).

Atualmente, o termo técnico mais correto para LER é DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). Portanto, um paciente pode ter uma tendinite de punho causada por DORT (excesso de digitação), ou causada por um trauma esportivo, ou até mesmo por uma doença reumatológica.

Independentemente da sigla, o tratamento médico especializado foca em desinflamar o tecido e corrigir a biomecânica para evitar recidivas.

1. Sobrecarga Mecânica e Repetição

É a causa mais prevalente. Movimentos de baixa carga, mas alta repetição (como digitar, usar o mouse, costurar ou tocar instrumentos musicais), ou esforços pontuais intensos (carregar sacolas pesadas, musculação incorreta) geram microtraumas nos tendões. Aqui se enquadra a comum Tenossinovite de De Quervain.

2. Doenças Sistêmicas e Reumatológicas

Nem sempre a culpa é do esforço. Pacientes com diabetes, hipotireoidismo ou doenças autoimunes como a Artrite Reumatoide e a Osteoartrose têm maior predisposição a inflamações tendíneas espontâneas, devido ao enfraquecimento do colágeno e alterações metabólicas.

3. Traumas e Lesões Ocultas

Quedas sobre a mão espalmada podem gerar lesões ligamentares que, se não tratadas, sobrecarregam os tendões secundariamente. Além disso, existe a Sinovite Infecciosa, um quadro mais raro e grave onde bactérias infectam a bainha do tendão, exigindo tratamento médico urgente com antibióticos e drenagem.

A tendinopatia é uma doença ocupacional?

Pode ser, mas nem sempre. É crucial que o médico faça o nexo causal.

Se a dor estiver diretamente ligada às funções exercidas no trabalho (ergonomia inadequada, repetitividade excessiva sem pausas), ela pode ser classificada como doença ocupacional. Sem o tratamento adequado, o quadro tende a cronificar, levando à incapacidade laboral permanente.

Os sintomas variam conforme a gravidade e o tendão afetado, mas geralmente seguem o padrão da inflamação aguda:

Dor e Irradiação

A dor tende a irradiar para o antebraço ou para os dedos. Em casos crônicos, a dor pode persistir mesmo em repouso (dor noturna).

Vermelhidão e Calor (Sinais Flogísticos)

Devido ao aumento do fluxo sanguíneo para tentar reparar o tecido, a pele sobre o tendão pode ficar quente e avermelhada. Se isso vier acompanhado de febre, a busca por um pronto-socorro deve ser imediata para descartar infecção.

Limitação de Movimento

O inchaço dentro da bainha do tendão dificulta o deslizamento, causando rigidez matinal e dificuldade para realizar movimentos finos, como abotoar uma camisa.

Exames de Imagem: O que realmente funciona?

Muitos pacientes chegam com Raio-X normal e continuam com dor. Isso ocorre porque o Raio-X vê osso, não tendão. Os exames indicados são:

Ultrassonografia Músculo-Esquelética

É o exame de primeira linha. Permite ver o espessamento do tendão, o excesso de líquido (sinovite) e avaliar o movimento em tempo real (exame dinâmico).

Ressonância Magnética

Reservada para casos mais complexos, dúvidas diagnósticas ou pré-operatórios. Oferece detalhamento superior de todas as estruturas do carpo, incluindo ligamentos e microfraturas não vistas no Raio-X.

A boa notícia é que a tendinite de punho tem cura e, na maioria das vezes, o tratamento é conservador (não cirúrgico). O segredo para o sucesso é a abordagem multimodal: tratar a inflamação, aliviar a dor e corrigir a biomecânica simultaneamente.

Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, utilizamos protocolos desenvolvidos com base na experiência do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Abaixo, detalhamos as opções terapêuticas:

1. Repouso e Imobilização (Órteses)

O repouso relativo é fundamental. Frequentemente, prescrevemos o uso de órteses (talas) de punho para imobilizar a articulação, especialmente à noite. Isso impede que você dobre o punho involuntariamente, permitindo que a inflamação diminua.

2. Crioterapia (Gelo)

A aplicação de gelo promove vasoconstrição, diminuindo o inchaço e a dor. Recomendamos pacotes de gelo por 20 minutos, 3 vezes ao dia, sempre protegendo a pele com um pano fino para evitar queimaduras.

3. Reabilitação e Fisioterapia

O médico indicará o momento certo de iniciar a fisioterapia. O foco é analgesia (com TENS, Ultrassom terapêutico) e, posteriormente, fortalecimento progressivo. Em nossa clínica, contamos com fisioterapeutas especializados que trabalham em conjunto com a equipe médica para garantir que os exercícios não agravem a lesão.

 4. Medicamentos e Infiltrações 

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ser prescritos para a fase aguda. Em casos de dor intensa ou bloqueio de movimento, a infiltração com corticoides (realizada com parcimônia e precisão médica) pode oferecer alívio dramático e rápido, permitindo o retorno à reabilitação.

5. Terapia por Ondas de Choque (TOC)

Uma das tecnologias mais avançadas disponíveis na clínica. As ondas de choque acústicas “bombardeiam” o tecido inflamado ou calcificado, estimulando a neovascularização (formação de novos vasos sanguíneos) e a reparação biológica do tendão. É uma excelente alternativa para evitar a cirurgia em casos crônicos.

6. Cirurgia: Quando é necessária?

A cirurgia é considerada o último recurso, indicada apenas quando há ruptura do tendão, presença de grandes calcificações que não respondem à Ondas de Choque, ou falha do tratamento conservador após 3 a 6 meses. O procedimento visa liberar a bainha do tendão (descompressão) ou reparar a ruptura.

Prevenção: O Melhor Remédio

Para evitar a recidiva da dor no punho, mudanças de hábito são essenciais:

• Ergonomia: Use teclados e mouses ergonômicos e mantenha o punho em posição neutra (sem dobrar excessivamente) ao digitar.
• Pausas Ativas: A cada 50 minutos de trabalho repetitivo, faça uma pausa de 10 minutos.
• Fortalecimento: Exercícios de fortalecimento para antebraço e mão protegem os tendões.
• Uso do Celular: Evite digitar longos textos apenas com os polegares.

Perguntas frequentes

Como diferenciar dor de punho de tendinite?

A dor da tendinite geralmente é específica no trajeto do tendão, piora com o movimento contra resistência e pode apresentar inchaço local. Já dores difusas podem estar relacionadas a artrite ou dores musculares simples. Apenas o exame médico pode confirmar.

Gelo ou Água Quente?

Na fase aguda (dor intensa, inchaço e calor), o GELO é o indicado para desinflamar. A água quente geralmente é usada para relaxamento muscular em fases crônicas sem sinais de inflamação aguda.

O Raio-X detecta tendinite?

Não. O Raio-X visualiza ossos e pode descartar fraturas ou artrose. Para ver a inflamação do tendão, o exame indicado é a Ultrassonografia ou Ressonância Magnética.

Quanto tempo dura a tendinite no punho?

Depende do tratamento. Com repouso e terapia adequada, casos leves resolvem-se em 2 a 3 semanas. Se o paciente continuar forçando a articulação sem tratamento, o quadro pode se tornar crônico e durar meses.