A síndrome dos pés ardentes caracteriza-se por uma sensação persistente de queimação, dor ou calor intenso nos pés. Essa condição pode variar de leve a grave e, frequentemente, piora durante a noite. A causa mais comum é a lesão dos nervos periféricos, conhecida como neuropatia periférica, que pode ser provocada por diabetes, consumo excessivo de álcool ou deficiências nutricionais.
Para entender essa síndrome, é importante conhecer alguns conceitos básicos. Os nervos periféricos são aqueles localizados fora do cérebro e da medula espinhal, responsáveis por transmitir sensações como dor, temperatura e toque dos membros (braços, mãos, pernas e pés) para o sistema nervoso central. Quando esses nervos sofrem danos ou não funcionam adequadamente, ocorre o que chamamos de neuropatia periférica.
Além dos nervos, problemas na circulação sanguínea também podem contribuir para a síndrome. O fluxo sanguíneo distal refere-se à circulação nas extremidades do corpo, como mãos e pés. Quando esse fluxo está comprometido, os tecidos podem não receber oxigênio e nutrientes suficientes, gerando desconforto.
Devido à variedade de causas possíveis, o diagnóstico requer avaliação médica completa, incluindo exame físico detalhado e análise do histórico clínico. Em alguns casos, a causa pode estar relacionada a fatores emocionais ou permanecer sem identificação específica.
O tratamento é personalizado conforme a causa identificada e pode incluir medicamentos específicos para dor neuropática, mudanças no estilo de vida, cuidados domiciliares, suplementação vitamínica, fisioterapia e acupuntura médica.
Sintomas da Síndrome dos Pés Ardentes
Os sintomas podem variar em intensidade de pessoa para pessoa e tendem a se agravar ao longo do dia. Reconhecer esses sinais precocemente é fundamental para buscar tratamento adequado.
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01.Sensação de calor ou queimação nos pés, frequentemente mais intensa durante a noite, podendo dificultar o sono.
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02.Formigamento ou sensação de picadas, como se estivesse pisando em agulhas ou alfinetes.
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03.Vermelhidão visível e aumento da temperatura na pele dos pés.
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04.Sensação de peso ou cansaço nos pés, mesmo em repouso.
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05.Dormência ou redução da sensibilidade nas pernas e pés.
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Possíveis Causas
A principal causa da síndrome dos pés ardentes é a neuropatia periférica, que é o dano ou mau funcionamento dos nervos responsáveis por enviar informações sensoriais dos membros para o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).
Diversas condições médicas podem levar à neuropatia periférica que afeta os pés. Identificar a causa específica é essencial para direcionar o tratamento mais eficaz.
As causas mais frequentes incluem:
Exposição a substâncias tóxicas para os nervos
Determinados produtos químicos industriais, como acrilamida, n-hexano e solventes orgânicos, podem causar danos aos nervos, especialmente nas fibras mais longas que chegam até os pés. Esse padrão de lesão é chamado de axonopatia distal. Medicamentos de quimioterapia, incluindo taxanos, compostos de platina e alcaloides da vinca, também são causas importantes de neuropatia induzida por medicamentos. Trabalhadores expostos a essas substâncias devem usar equipamentos de proteção adequados.
Neuropatia diabética
O diabetes é a causa mais comum de neuropatia periférica no mundo. Níveis elevados de glicose no sangue, mantidos por longos períodos, danificam os pequenos vasos sanguíneos que nutrem os nervos (chamados vasa nervorum). Isso prejudica o funcionamento das fibras nervosas e causa sua degeneração progressiva, afetando principalmente os nervos sensoriais mais longos. Estima-se que a maioria dos pacientes com diabetes de longa duração desenvolva algum grau de neuropatia, sendo o risco maior quando o controle da glicemia é inadequado.
Deficiências nutricionais
A falta de certas vitaminas do complexo B pode comprometer a saúde dos nervos: vitamina B1 (tiamina), B6 (piridoxina), B9 (ácido fólico) e B12 (cobalamina) são essenciais para o funcionamento nervoso normal. Essas deficiências são comuns em pessoas com alcoolismo crônico, doenças que causam má absorção intestinal ou após cirurgia bariátrica (redução do estômago). Deficiências de cobre e vitamina E são causas menos frequentes, mas também devem ser investigadas.
Neuropatias hereditárias
A doença de Charcot-Marie-Tooth é a neuropatia hereditária mais comum, causada por alterações genéticas que afetam a estrutura dos nervos ou sua camada protetora (bainha de mielina). Manifesta-se com fraqueza muscular progressiva e perda de sensibilidade nas extremidades, frequentemente acompanhada de sensação de queimação. Outras neuropatias genéticas, como a polineuropatia amiloidótica familiar, também podem causar pés ardentes. O histórico familiar é importante para identificar essas condições.
Neuropatias autoimunes
Doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca erroneamente tecidos do próprio corpo. Condições como síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide podem atingir diretamente os nervos periféricos ou causar inflamação dos vasos que os nutrem. Neuropatias relacionadas ao câncer (paraneoplásicas), associadas principalmente a câncer de pulmão ou linfoma, também podem iniciar com sintomas de queimação nos pés.
Neuropatias por compressão nervosa
A compressão mecânica de nervos pode causar sintomas localizados. Nos pés, o neuroma de Morton é uma causa comum: trata-se do espessamento do nervo entre os dedos, gerando dor em queimação que irradia para os dedos. A síndrome do túnel do tarso ocorre quando o nervo tibial é comprimido na região do tornozelo, causando queimação e formigamento na planta do pé. O uso de calçados inadequados pode agravar essas condições.
📊 Principais Causas da Síndrome dos Pés Ardentes
Diabetes
Causa mais comum de neuropatia periférica no mundo
Álcool
Consumo crônico causa deficiência vitamínica e toxicidade direta
Deficiências Vitamínicas
Essenciais para a saúde dos nervos periféricos
Causas Genéticas
Doença de Charcot-Marie-Tooth e outras
Compressão Nervosa
Neuroma de Morton, síndrome do túnel do tarso
Idiopática
Causa não identificada mesmo após investigação
💡 Importante: Identificar a causa específica é fundamental para o tratamento eficaz. Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, nossa equipe de especialistas em dor realiza avaliação completa para determinar a origem dos seus sintomas.
Diagnóstico
O primeiro passo para o diagnóstico é descrever ao médico, de forma detalhada, as características da sensação de queimação: quando começou, se piora em determinados horários, quais fatores aliviam ou agravam os sintomas. Essas informações são fundamentais para direcionar a investigação.
O exame físico inclui avaliação da sensibilidade dos pés, reflexos, força muscular e inspeção da pele. O médico também verificará pulsos nos pés para avaliar a circulação sanguínea.
Para identificar doenças que podem estar causando a neuropatia, diversos exames podem ser solicitados:
• Exames de sangue: Glicemia e hemoglobina glicada (para diabetes), dosagem de vitaminas B12, B1, B6, função renal, função tireoidiana e marcadores inflamatórios.
• Eletroneuromiografia (ENMG): Exame que avalia a condução elétrica dos nervos e a atividade muscular, permitindo identificar o tipo e a extensão do dano nervoso.
• Ressonância magnética: Pode ser útil para identificar compressões nervosas ou alterações na coluna que afetem os nervos das pernas.
• Biópsia de pele: Em casos selecionados, permite avaliar as fibras nervosas finas que não são detectadas pela eletroneuromiografia.
🔬 Jornada Diagnóstica: Etapas da Investigação
Consulta Médica Inicial
Descrição detalhada dos sintomas, histórico médico, medicamentos em uso, hábitos de vida e histórico familiar.
Exame Físico Neurológico
Avaliação de sensibilidade (tato, dor, temperatura), reflexos, força muscular, equilíbrio e marcha.
Exames Laboratoriais
Glicemia, hemoglobina glicada, vitaminas B12/B1/B6, função renal e tireoidiana, marcadores inflamatórios.
Exames Complementares
Eletroneuromiografia para avaliar condução nervosa. Ressonância magnética quando há suspeita de compressão.
Diagnóstico e Plano de Tratamento
Identificação da causa e elaboração de tratamento personalizado, direcionado tanto para a causa quanto para o alívio dos sintomas.
Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, contamos com equipe de médicos especialistas em dor do Hospital das Clínicas da USP
📱 Agendar Avaliação DiagnósticaQuais os fatores de risco para esta neuropatia?
Idade avançada
O risco de desenvolver a síndrome dos pés ardentes aumenta com a idade. Isso ocorre devido às mudanças naturais que acontecem no sistema nervoso e na circulação sanguínea ao longo dos anos, tornando os nervos mais vulneráveis a lesões.
Diabetes mellitus mal controlado
Pacientes diabéticos com níveis de glicose frequentemente elevados apresentam maior risco de desenvolver neuropatia diabética, uma das principais causas da síndrome dos pés ardentes. O controle adequado da glicemia é fundamental para prevenir essa complicação.
Consumo excessivo de álcool
O uso crônico de álcool causa danos diretos aos nervos periféricos e também prejudica a absorção de vitaminas essenciais para a saúde nervosa. A neuropatia alcoólica é uma causa frequente de sensações de queimação nas extremidades.
Doenças neurológicas pré-existentes
Determinadas condições neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Fabry e neuropatias hereditárias (como a doença de Charcot-Marie-Tooth), aumentam a predisposição ao desenvolvimento da síndrome dos pés ardentes.
Distúrbios da circulação sanguínea
Condições que afetam o fluxo de sangue para as extremidades, como o fenômeno de Raynaud e a doença arterial periférica, podem contribuir para o aparecimento da síndrome, pois os nervos necessitam de boa circulação para funcionar adequadamente.
Doenças autoimunes
Doenças em que o sistema imunológico ataca o próprio corpo, como lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren e artrite reumatoide, estão associadas a maior risco de neuropatia periférica e, consequentemente, da síndrome dos pés ardentes.
Tratamento
O tratamento da síndrome dos pés ardentes é direcionado de acordo com a causa identificada. O objetivo principal é tratar a condição de base, como controlar adequadamente o diabetes, corrigir deficiências vitamínicas, tratar infecções ou ajustar medicamentos que possam estar causando os sintomas.
Paralelamente ao tratamento da causa, diversas medidas podem ajudar a aliviar o desconforto, independentemente da origem do problema:
Cuidados com calçados e meias
- 01.Escolha sapatos confortáveis e abertos, preferencialmente com bom suporte para o arco do pé. O ideal são calçados com espaço amplo para os dedos e solas macias e flexíveis. Evite sapatos apertados, de salto alto ou que causem qualquer tipo de pressão nos pés.
- 02.Use meias de algodão limpas e secas, que ajudam a absorver a umidade e prevenir infecções fúngicas, como a frieira (pé de atleta), que pode agravar os sintomas.
Banhos e controle de temperatura
- 01.Mergulhar os pés em água fresca (não gelada) por cerca de 15 minutos pode proporcionar alívio temporário da sensação de queimação. Esta é uma medida simples que pode ser repetida quando necessário.
- 02.Evite expor os pés a calor excessivo, pois isso tende a piorar os sintomas. Atenção especial para pacientes com eritromelalgia: imersões muito frias podem danificar a pele, portanto use água apenas levemente fresca e por pouco tempo.
Medicamentos para Dor Neuropática
Antidepressivos tricíclicos
Medicamentos como amitriptilina, nortriptilina e desipramina são frequentemente utilizados para dor neuropática, mesmo em pacientes sem depressão. Funcionam modulando substâncias químicas cerebrais (serotonina e norepinefrina) envolvidas na percepção da dor. Os efeitos colaterais mais comuns incluem boca seca, constipação intestinal, dificuldade para urinar e sonolência, geralmente mais intensos no início do tratamento.
Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (IRSN)
Duloxetina e venlafaxina são medicamentos mais modernos que atuam de forma semelhante aos tricíclicos, porém geralmente com melhor tolerância. A duloxetina é especialmente indicada para neuropatia diabética dolorosa. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, tontura e alterações de sono.
Anticonvulsivantes (estabilizadores de membrana)
Gabapentina e pregabalina são medicamentos originalmente desenvolvidos para epilepsia, mas muito eficazes para dor neuropática. Atuam nos canais de cálcio das células nervosas, reduzindo a liberação de neurotransmissores excitatórios. O efeito analgésico pode levar de 2 a 4 semanas para se estabelecer. Tontura, sonolência e inchaço são efeitos colaterais possíveis.
Tratamentos tópicos (aplicados na pele)
Cremes à base de capsaicina (substância derivada da pimenta) e adesivos de lidocaína podem proporcionar alívio localizado sem os efeitos colaterais dos medicamentos orais. A capsaicina causa sensação inicial de queimação que diminui com o uso contínuo. A lidocaína promove anestesia local da região aplicada.
Suplementação vitamínica
- 01.Quando a síndrome dos pés ardentes está relacionada a deficiências nutricionais, a reposição adequada de vitaminas pode ser fundamental para a recuperação. As vitaminas do complexo B (B12, B9, B6, B1) são as mais frequentemente envolvidas. A melhora dos sintomas com a suplementação pode levar semanas a meses, dependendo da gravidade da deficiência. A suplementação deve ser orientada por médico, pois o excesso de algumas vitaminas também pode causar problemas.
Terapias complementares e mudanças no estilo de vida
- 01.A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) é uma técnica que utiliza correntes elétricas de baixa intensidade para aliviar a dor. Pode ser realizada como parte de um programa de reabilitação.
- 02.Acupuntura médica e eletroestimulação têm mostrado benefícios para pacientes com parestesias (sensações anormais) e dor neuropática, podendo ser utilizadas como tratamento complementar.
- 03.Modificações no estilo de vida são fundamentais: manter peso saudável, controlar rigorosamente os níveis de açúcar no sangue (para diabéticos), cessar o consumo de álcool e abandonar o tabagismo. Essas medidas ajudam a proteger os nervos de danos adicionais e podem melhorar os sintomas ao longo do tempo.
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Responda às perguntas abaixo para entender melhor seu nível de risco:
💊 Guia de Opções de Tratamento
Medidas que você pode fazer em casa:
15 minutos em água levemente fria (não gelada). Evite gelo direto.
Sapatos confortáveis, com espaço para os dedos e bom suporte.
Limpas e secas, evitam umidade e infecções fúngicas.
Um travesseiro sob os pés pode ajudar na circulação.
Clínica Dr. Hong Jin Pai
Especialistas em Dor • Tratamento da Síndrome dos Pés Ardentes
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Muito bom a explicação sobre neuropatia oque é a neuropatia como tratar