O ombro é a articulação com maior mobilidade do corpo humano, permitindo que realizemos movimentos complexos em quase todas as direções. Essa liberdade de movimento, no entanto, tem um preço: a estabilidade reduzida.
Para manter o úmero (osso do braço) encaixado corretamente na escápula, dependemos de um conjunto de quatro músculos e seus tendões, conhecidos como manguito rotador. Eles funcionam como “cabos de aço” que estabilizam a articulação durante as atividades diárias e esportivas.
O problema surge na anatomia local: esses tendões (especialmente o supraespinhal) passam por um espaço muito estreito chamado “espaço subacromial” — um túnel formado por ossos e ligamentos. Quando esse espaço diminui, ocorre o pinçamento das estruturas, dando origem à síndrome.
Entendendo o Conflito Mecânico
O Túnel Estreito
O tendão precisa deslizar por um espaço apertado entre o osso do braço e o teto do ombro (acrômio).
O Impacto (Pinçamento)
Ao levantar o braço, o osso pressiona o tendão e a bursa. Imagine uma corda sendo esmagada repetidamente contra uma rocha.
A Reação (Inflamação)
O corpo reage com inflamação (bursite/tendinite), causando dor e inchaço, o que diminui ainda mais o espaço, criando um ciclo vicioso.
O que caracteriza a Síndrome do Impacto?
Popularmente associada a quadros de bursite ou tendinite, a Síndrome do Impacto é a patologia de base: é o atrito mecânico que causa essas inflamações.
As estruturas mais sacrificadas nesse processo são a Bursa Subacromial (uma bolsa que protege o tendão) e o Tendão Supraespinhal. Se o atrito mecânico não for tratado e a causa corrigida, o quadro evolui de uma simples inflamação para degeneração (enfraquecimento) das fibras do tendão, podendo levar à fibrose e, em casos graves, ao rompimento total do manguito rotador.
Historicamente associada a pacientes acima de 40 ou 50 anos devido ao desgaste natural, hoje observamos um aumento expressivo de casos em jovens (cerca de 25 anos) devido a erros posturais, excesso de uso em computadores e prática esportiva sem o devido preparo muscular.
Principais Causas e Fatores de Risco
A síndrome raramente tem uma causa isolada. Geralmente, é uma combinação de anatomia e estilo de vida:
Formato do Acrômio (Anatomia): Algumas pessoas nascem com o osso do teto do ombro (acrômio) mais curvado ou “ganchoso” (Tipo III). Isso reduz naturalmente o espaço para os tendões, facilitando o atrito.
Atividades Repetitivas (LER/DORT): Profissionais que mantêm os braços elevados por longos períodos (pintores, cabeleireiros, professores escrevendo na lousa) ou digitadores com má postura.
Esportes de Arremesso: Atletas de natação, vôlei, tênis e crossfit, que realizam movimentos repetitivos acima da linha da cabeça, sobrecarregam a articulação.
Envelhecimento e Artrose: A presença de artrose na articulação acromioclavicular pode gerar “esporões ósseos” (osteófitos) que agridem o tendão.
Desequilíbrio Muscular: A fraqueza dos músculos do manguito rotador ou da escápula faz com que o úmero suba excessivamente durante o movimento, colidindo com o acrômio.
Quais os sintomas mais comuns?
O sintoma clássico é a dor no ombro que piora à noite, muitas vezes impedindo o paciente de dormir sobre o lado afetado. Outros sinais incluem:
Dor à movimentação: Sentida principalmente ao levantar o braço lateralmente (abdução) entre 60 e 120 graus, ou ao tentar pegar algo no banco de trás do carro.
Perda de Força: Dificuldade para segurar objetos ou manter o braço elevado (como ao secar o cabelo).
Limitação Funcional: Dificuldade em colocar a mão nas costas (movimento de coçar a escápula ou abotoar o sutiã).
As 3 Fases da Evolução (Classificação de Neer)
Fase I: Edema
Inflamação Aguda e Reversível
Dor após esforço, inchaço e micro-hemorragias. Comum em jovens (< 25 anos). Responde bem a tratamento conservador.
Fase II: Fibrose
Espessamento do Tendão
O corpo tenta cicatrizar a inflamação criando um tecido mais duro (fibrose), o que piora o atrito. Comum entre 25 e 40 anos.
Fase III: Ruptura
Lesão Óssea e Tendínea
Desgaste grave, rupturas parciais ou totais do manguito e formação de esporões ósseos. Mais comum acima de 40 anos.
A importância de tratar na fase inicial
Entender essas fases (classificadas pelo Dr. Charles Neer) é crucial. Enquanto a Fase I é totalmente reversível com repouso e reabilitação, a Fase III muitas vezes exige intervenções mais complexas. Por isso, ignorar aquela “dorzinha” no ombro pode levar a uma lesão crônica permanente.
Diagnóstico Médico Especializado
O diagnóstico preciso deve ser realizado por um médico ortopedista ou fisiatra especialista em dor. A avaliação começa no consultório, com testes físicos específicos (como os testes de Neer, Hawkins e Jobe) onde o médico movimenta o braço do paciente para reproduzir o impacto e identificar qual tendão está sofrendo.
Para confirmar a extensão dos danos e visualizar a anatomia do acrômio, exames de imagem são fundamentais:
– Ultrassonografia: Excelente para ver a inflamação dinâmica (bursite) e o movimento dos tendões.
– Ressonância Magnética: O exame padrão-ouro, que permite ver detalhadamente rupturas, a qualidade do músculo e o edema ósseo.
– Radiografia (Raio-X): Útil para identificar o formato do acrômio (se é ganchoso ou plano) e sinais de artrose.
Tratamentos Conservadores e Intervencionistas
Na maioria dos casos, a cirurgia não é a primeira opção. O objetivo inicial é controlar a dor e restaurar a mecânica do ombro. O tratamento médico baseia-se em:
1. Controle da Inflamação: Uso de anti-inflamatórios prescritos, repouso relativo (evitar movimentos acima da cabeça) e crioterapia (compressas de gelo).
2. Reabilitação Física: Fundamental para corrigir a causa. Envolve fortalecimento do manguito rotador e dos estabilizadores da escápula, além de correção postural (RPG) para aumentar o espaço subacromial.
3. Infiltrações: Em quadros de dor aguda intensa, o médico pode realizar uma infiltração com corticoide ou ácido hialurônico para alívio rápido e facilitação da reabilitação.
Tecnologias Avançadas para Dor no Ombro
Para pacientes que não respondem ao tratamento básico ou que buscam recuperação acelerada, nossa clínica utiliza terapias de ponta:
Terapia por Ondas de Choque: Um dos tratamentos não invasivos mais eficazes para tendinites crônicas e calcificações. As ondas de choque estimulam a regeneração do tecido do tendão e aumentam a circulação local, promovendo alívio da dor e quebra de calcificações.
Acupuntura Médica e Dry Needling: Técnicas excelentes para soltar a musculatura tensa (pontos-gatilho) ao redor do ombro e pescoço, que frequentemente contribuem para a dor e a restrição de movimento. A acupuntura também atua na modulação da dor pelo sistema nervoso central.
A cirurgia (Descompressão Subacromial ou Reparo do Manguito) é reservada para casos onde há ruptura completa dos tendões ou falha do tratamento conservador após 3 a 6 meses.
Conclusão
A Síndrome do Impacto no Ombro é complexa, mas tratável. O sucesso da recuperação depende de um diagnóstico correto que diferencie se o problema é apenas inflamatório ou se já há danos estruturais.
A prevenção continua sendo o melhor remédio: ajustes ergonômicos no trabalho e o fortalecimento regular da musculatura do ombro são essenciais para evitar a recidiva da dor. Se você sente desconforto persistente ao levantar o braço ou dor noturna, procure avaliação especializada antes que a condição evolua para uma ruptura.

AL. JAÚ 687 – JARDIM PAULISTA – SÃO PAULO – SP
Clínica de Dor, Fisiatria e Acupuntura Médica
Clínica médica especializada localizada na região dos Jardins, próximo à Av. Paulista, em São Paulo — SP.
Centro de Dor, com médicos especialistas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Tratamento por Ondas de Choque, Infiltrações, Bloqueios anestésicos e Acupuntura Médica
Dor tem Tratamento – Centro de Dor e Acupuntura Médica em São Paulo – SP
Médicos Especialistas em Dor e Acupuntura do HC-FMUSP
Os especialistas em medicina da dor são médicos especialmente treinados e qualificados para oferecer avaliação integrada e especializada e gerenciamento da dor usando seu conhecimento único e conjunto de habilidades no contexto de uma equipe multidisciplinar.
O tratamento da dor visa reduzir a dor, abordando o impacto emocional da dor, ajudando os pacientes a se moverem melhor e aumentando o bem-estar por meio de uma variedade de tratamentos, incluindo medicamentos, fisioterapia, acupuntura, ondas de choque e procedimentos minimamente intervencionistas.
Se você está vivendo com uma dor persistente há mais de 3 meses, provavelmente está sentindo dor crônica.
Nossos médicos especialistas em controle da dor em São Paulo trabalham em estreita colaboração com outros especialistas como parte de uma equipe multidisciplinar para fornecer uma abordagem holística e um resultado ideal para a dor crônica, seja qual for a causa.
As técnicas usadas no controle da dor dependerão da natureza e gravidade da dor, mas nossos especialistas em dor têm experiência para ajudar com a dor.

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01.Tratamento conservador de dor
Acupuntura Médica, Ondas de Choque, Fisioterapia, Infiltrações, Bloqueios Anestésicos, Toxina Botulínica. -
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A avaliação e tratamento da dor é a especialidade de nossos Médicos especialistas em Dor. -
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Atendemos todos os Planos de Saúde pelo Reembolso.
O reembolso ou livre escolha é uma opção de atendimento a usuários de planos de saúde que não está vinculada à rede de prestadores contratados ou cujo procedimento específico não está contratado.
Não atendemos diretamente por convênio. Nosso foco é um atendimento especializado no paciente. Assim, separamos pelo menos 60-90 minutos para consulta, exame e avaliação do paciente.
O processo na maioria das vezes é digital (pelo Smartphone, tablet ou computador) é simples. O valor reembolsado corresponde a uma tabela de valores da própria operadora e pode cobrir todo o procedimento ou parte dele. Lembrando que a parte não reembolsada pode ser abatida no imposto de renda pessoa física (IRPF).
Clínica Dr. Hong Jin Pai – Centro de Dor, Acupuntura Médica, Fisiatria e Reabilitação.
Al. Jaú 687 – São Paulo – SP
Atendimento de segunda a sábado.


6 Comentários
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Estou usando para estudar em cinesiologia sobre o assunto da Síndrome do impacto do ombro.
Excelente matéria!!!! Bastante esclarecwsora.
Excelente explicação na matéria!
Excelente explicação, estou com fortes dores no ombro que apareceu do nada, tem uns 3 dias , porém achei que era por ter dormido de mal jeito, só que está infelizmente aumentndo a dor, usando uns anti-inflamatórios, compressas, e p/ ñ fazer propaganda adesivos no local, logo em tempos de pandemia, acho que vou ter q procurar um especialista. Agradeço as informações.
Estou exatamente a dois anos com esse problema, fiz várias seções de fisioterapia com a parte física, gelo, choque, lazer e luz, e nada de curar , vai ser necessário cirurgia ?