A tendinite calcária ou calcárea é um tipo de tendinite de ombro em que há deposição de cálcio (calcificação) no tendão.
A tendinite calcária é uma patologia comum. Os tecidos ao redor do depósito podem se inflamar causando muita dor no ombro.
A média de idade em que aparece com mais frequência é de 40 anos. Além disso, afeta mais mulheres do que homens. Dos tendões do manguito rotador, em geral afetados, o tendão supraespinhal merece destaque.
Ocorre dor no local inflamado, e sensibilidade ao toque. O uso e as microlesões com o passar da idade são a causa primária da calcificação degenerativa. Elevar o braço pode ser doloroso. Nos casos mais graves a dor pode interferir com o sono.
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Teorias sobre as causas

A presença de cálcio no manguito rotador é fator comum à condição. Alguns estudos sugerem que de 2 a 20% das pessoas podem ter cálcio nos tendões do manguito rotador sem apresentarem sintomas.
O ombro torna-se sintomático quando uma reação inflamatória ocorre em torno do cálcio entremeado em algum tendão do manguito rotador. É a reação inflamatória e não a presença de cálcio que causa os sintomas.
Veja as duas teorias acerca de como o cálcio é depositado no tendão.
Uma delas sugere que as áreas desgastadas do tendão agem como chamarizes para o cálcio se acumular na região. A outra teoria afirma que o cálcio é depositado em áreas do tendão com debilitado fluxo sanguíneo e certo grau de hipóxia.
O contra-argumento para a teoria da degeneração do tendão é que o cálcio é mais comum de ser visto em partes do tendão com aparência normal e não em tendões com desgaste significativo.

Fases
Há diversas fases na tendinite calcária. Parece que há uma mudança inicial nas células da fibrocartilagem que constituem o tendão e permitem que o cálcio se deposite.
Esta fase pré-calcificada é seguida por um processo de formação em que cristais de cálcio são depositados. Geralmente, esta deposição se torna crônica. Até então a condição permanece indolor.
Durante a fase de reabsorção, o corpo gera uma reação inflamatória ao cálcio.
Os macrófagos na corrente sanguínea reagem ao cálcio e começam um processo de reabsorção dos depósitos. O nódulo de cálcio se torna mole e pastoso por causa das enzimas liberadas por essas células. Agora sim, a condição se torna dolorosa.
Sintomas
Pacientes com cálcio nos tendões do manguito rotador podem ser 100% assintomáticos.
Eles podem relatar dor crônica de leve a moderada e desconforto no ombro, ou desenvolver dor aguda e severa em razão da reação inflamatória desencadeada para atacar os depósitos de cálcio quando o corpo tenta reabsorvê-los.
A dor costuma ser sentida na junção com o antebraço. O ombro tende a ficar dolorido durante a noite.
Dor súbita surge ao levantar os braços acima da cabeça, já que a parte inchada do tendão, ao esbarrar na superfície do acrômio, causa certo aprisionamento.
Diagnóstico
Exames de raios-x podem mostrar os depósitos de cálcio. No entanto, diversos ângulos são necessários para se certificar que estejam bem visíveis. As chapas precisam ser tiradas com o braço em posição neutra de rotação e em rotação externa e interna.
A ultrassonografia é bem sensível ao cálcio e vai, portanto, revelá-lo.
Um exame de ressonância magnética não promove uma boa visão dos depósitos, pois o cálcio é visto como uma sombra negra nas imagens, e o tendão também é visualizado com cor escura. Além de que, costuma ser difícil distinguir o cálcio de um nódulo ou caroço no interior do tendão, porque ambos aparecem em cor escura nas imagens de ressonância magnética.

Tratamento
Não cirúrgico
Injeções de esteroides no espaço subacromial e fisioterapia são, muitas vezes, úteis para aliviar os sintomas. No entanto, para prevenir que os sintomas reapareçam costuma ser necessária a remoção dos depósitos de cálcio dos tendões do manguito rotador.
Essa remoção é possível através de punção aspirativa. Um radiologista insere uma agulha de calibre grande no depósito de cálcio com auxílio de ultrassom, e caso o depósito seja mole, é possível aspirá-lo. Uma injeção de esteroides é dada em simultâneo, no espaço subacromial. A punção aspirativa tende a ser bem-sucedida em cerca de 50% dos casos.
Contudo, os resultados dependem muito se o nódulo calcário é mole ou sólido.
Desconforto leve e região dolorida são esperados no ombro após uma punção aspirativa.
Outra opção é o tratamento por ondas de choque. As ondas de choque surgiram na urologia, para quebra de cálculos renais. Após alguns anos, descobriu-se que as ondas de choque possuíam efeitos ortopédicos, para alívio de dores articulares, ligamentares e musculares. O tratamento pode ser realizado para redução da dor e melhora do movimento.
Cirurgia
O cálcio pode ser removido por meio de cirurgia. Ela é feita por artroscopia em uma cirurgia laparoscópica. A região calcificada do tendão costuma ser identificada ao se encontrar a área inflamada.
Essa localização pode ser confirmada com a inserção de uma agulha no tendão até se ver cálcio em sua ponta. Assim que o cálcio é localizado, uma incisão pequena e longitudinal é feita no tendão e a substância é removida com um raspador artróscopico e uma cureta. Em muitos casos, uma acromioplastia é realizada também.
A recuperação pós-cirúrgica é bem rápida. A maior parte das pessoas leva cerca de 6 semanas para se recuperar da cirurgia, mesmo que os sintomas possam persistir por até 12 semanas de pós-operatório.
Os pacientes passam a noite no hospital para observação, já que a cirurgia é feita sob anestesia geral. Uma bomba de infusão é inserida durante a cirurgia e permanece no local por 48 horas após o procedimento para auxiliar na dor pós-operatória. A bomba de infusão contém anestésico local que é injetado na região da operação por uma cânula. Em geral, o cateter é removido no segundo dia após a cirurgia.
Como em qualquer cirurgia, sempre há possibilidade de complicações. Há um pequeno risco por conta da anestesia geral. Há risco também de se desenvolver uma infecção. A síndrome do ombro congelado pode ocorrer em uma pequena porcentagem dos pacientes.

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