7 medidas para prevenir quedas entre idosos  

Você sabia que 1 em cada 4 idosos sofre quedas a cada ano no Brasil? As quedas são a principal causa de lesões fatais e não fatais em pessoas com 65 anos ou mais, representando um grave problema de saúde pública.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2024 foram registrados mais de 344 mil atendimentos ou hospitalizações de idosos por quedas no Brasil, resultando em 13.385 óbitos. As quedas podem causar fraturas (especialmente no quadril, punho e coluna), traumatismos cranianos e lesões em tecidos moles. Entre idosos acima de 80 anos, a prevalência de quedas chega a 40%.

Mesmo quedas sem lesões físicas graves podem ter consequências significativas: muitos idosos desenvolvem medo de cair novamente, o que frequentemente leva à redução das atividades físicas e sociais. Esse ciclo de inatividade acelera a perda muscular e de equilíbrio, aumentando ainda mais o risco de novas quedas e comprometendo a independência funcional.

Se você tem pais, avós, parentes ou vizinhos idosos, ajudá-los a minimizar o risco de quedas é uma das formas mais eficazes de contribuir para que mantenham sua autonomia, saúde e qualidade de vida por mais tempo.

A boa notícia é que a maioria das quedas pode ser prevenida com medidas simples e acessíveis. O primeiro passo é identificar os fatores de risco. Veja os principais:

• Equilíbrio e marcha (forma de caminhar): com o envelhecimento, ocorre uma perda gradual de coordenação motora, flexibilidade e equilíbrio. Isso acontece principalmente devido à redução da massa muscular (sarcopenia) e à diminuição da atividade física, tornando o corpo menos preparado para reagir a desequilíbrios.

• Visão: o envelhecimento do olho reduz a quantidade de luz que chega à retina (parte do olho que capta as imagens). Isso prejudica a percepção de bordas, degraus, desníveis e objetos no chão, especialmente em ambientes com pouca iluminação. Doenças como catarata, glaucoma e degeneração macular agravam esse problema.

• Medicações: diversos medicamentos podem aumentar o risco de quedas. Sedativos, ansiolíticos, antidepressivos e anti-hipertensivos podem causar tontura, sonolência ou hipotensão ortostática (queda da pressão ao levantar). O uso simultâneo de quatro ou mais medicamentos (polifarmácia) multiplica significativamente esse risco.

• Ambiente doméstico: a maioria dos idosos vive em suas casas há muitos anos e raramente considera adaptações que poderiam tornar o ambiente mais seguro. Tapetes soltos, fios expostos, iluminação inadequada, pisos escorregadios e ausência de barras de apoio são os principais vilões.

• Condições crônicas de saúde: mais de 90% dos idosos convivem com pelo menos uma doença crônica, como diabetes (que pode causar neuropatia e reduzir a sensibilidade dos pés), sequelas de AVC (acidente vascular cerebral), artrose ou osteoporose. Essas condições aumentam o risco de quedas por causarem limitação funcional, dor, alterações cognitivas ou necessidade de múltiplos medicamentos. A deficiência de vitamina D, comum em idosos, também contribui para fraqueza muscular.

7 Passos Para Prevenir Quedas em Idosos

É possível reduzir significativamente o risco de quedas por meio de modificações simples no ambiente doméstico, revisão de medicamentos e prática regular de exercícios para melhorar força muscular e equilíbrio.

Se você ou um familiar já sofreu uma queda, implementar essas mudanças é ainda mais importante — tanto para prevenir novos episódios quanto para superar o medo de cair, que pode ser tão limitante quanto a própria queda.

Alguns idosos podem hesitar em buscar ajuda médica por acreditarem que suas preocupações não serão levadas a sério ou por considerarem as quedas como algo “normal da idade”. Porém, todos os profissionais de saúde tratam esse tema com seriedade, pois reconhecem o impacto significativo das quedas na qualidade de vida e na independência dos idosos.

A seguir, apresentamos 7 passos práticos para ajudar você e seus familiares a reduzirem o risco de quedas:

1. Converse abertamente sobre o risco de quedas.

Inicie uma conversa franca com seus familiares idosos sobre preocupações com quedas. Muitas pessoas reconhecem que existe o risco, mas acreditam que “isso não vai acontecer comigo” — mesmo que já tenham sofrido uma queda anteriormente.

Sinais de alerta importantes incluem: quedas ou “quase quedas” nos últimos 12 meses, sensação frequente de desequilíbrio ao andar, e preocupação constante com a possibilidade de cair. Se houver qualquer um desses sinais, é fundamental buscar avaliação médica.

O profissional de saúde pode realizar testes específicos para avaliar o risco de quedas e indicar programas de prevenção adequados, como exercícios de equilíbrio, ajustes de medicação ou adaptações no ambiente doméstico.

2. Avalie as condições de saúde atuais.

Procure saber se seu familiar idoso está tendo dificuldades para cuidar da própria saúde. Pergunte: está conseguindo lembrar de tomar os medicamentos corretamente? Está sentindo efeitos colaterais como tontura ou sonolência? Atividades que antes eram fáceis estão se tornando difíceis?

Para quem usa medicamentos de forma contínua, é essencial que o médico revise todas as prescrições pelo menos uma vez ao ano. Essa revisão é especialmente importante quando há uso de 4 ou mais medicamentos diários, pois o risco de interações e efeitos adversos aumenta consideravelmente.

O médico pode ajustar doses, substituir medicamentos por alternativas mais seguras ou, em alguns casos, suspender medicações que não são mais necessárias. Nunca faça essas alterações por conta própria — sempre consulte o profissional de saúde.

3. Mantenha a saúde ocular em dia.

A visão é fundamental para a prevenção de quedas. Certifique-se de que seus familiares idosos tenham consultas regulares com o oftalmologista (pelo menos uma vez ao ano) e estejam usando óculos com a prescrição atualizada.

Alguns cuidados específicos com óculos:

• Lentes fotossensíveis (que escurecem no sol): podem demorar a clarear ao entrar em ambientes fechados, prejudicando a visão temporariamente. Uma estratégia é aguardar alguns segundos na entrada até as lentes se ajustarem, ou usar um segundo par de óculos para ambientes internos.
• Lentes bifocais ou multifocais: a parte inferior dessas lentes, destinada à leitura, pode distorcer a percepção de degraus e desníveis. Recomenda-se olhar por cima dos óculos ou inclinar a cabeça para baixo ao descer escadas.

Para pessoas com baixa visão significativa, um especialista pode orientar sobre recursos de acessibilidade e estratégias para maximizar a visão residual no dia a dia.

4. Observe sinais de dificuldade de locomoção.

Preste atenção se o idoso está se apoiando nas paredes, móveis ou em outras pessoas ao caminhar ou ao se levantar de cadeiras e sofás. Esses são sinais importantes de que o equilíbrio ou a força muscular podem estar comprometidos.

Ao notar esses sinais, é hora de procurar um médico especialista em reabilitação. O médico pode prescrever um programa de exercícios específicos para melhorar equilíbrio, força muscular e padrão de marcha.

Quando necessário, o médico pode indicar o uso de dispositivos auxiliares como bengalas ou andadores. É fundamental que esses equipamentos sejam:

• Prescritos por um profissional de saúde
• Ajustados corretamente à altura do usuário
• Usados conforme a orientação recebida

Dispositivos mal ajustados ou usados incorretamente podem, na verdade, aumentar o risco de quedas ao invés de preveni-las.

5. Gerencie os medicamentos com atenção.

O gerenciamento adequado de medicamentos é um dos pilares da prevenção de quedas. Se o idoso está tendo dificuldades para seguir o esquema de medicação ou apresenta efeitos colaterais, incentive-o a conversar com o médico.

Estratégias práticas para organizar os medicamentos:

• Utilize um porta-comprimidos semanal ou diário
• Crie uma planilha ou tabela com todos os medicamentos e horários
• Considere usar alarmes no celular ou dispensadores automáticos
• Solicite revisão médica sempre que um novo medicamento for prescrito

Atenção especial aos medicamentos para dormir: sedativos, hipnóticos e anti-histamínicos com efeito sonolento podem causar confusão mental, tontura e alterações de equilíbrio, especialmente durante a noite. Se o idoso tem dificuldades para dormir, converse com o médico sobre alternativas mais seguras, como técnicas de higiene do sono ou tratamentos não medicamentosos.

6. Adapte o ambiente doméstico para maior segurança.

A maioria das quedas acontece dentro de casa. Felizmente, muitas adaptações são simples e econômicas. Para uma avaliação completa, um terapeuta ocupacional pode visitar o domicílio e identificar riscos específicos. Veja as principais recomendações por ambiente:

Iluminação:

• Aumente a intensidade da iluminação em todos os cômodos
• Instale luzes no topo e na base das escadas
• Coloque luzes noturnas com sensor de movimento nos corredores e no caminho até o banheiro
• Mantenha uma lanterna ou luminária de fácil acesso ao lado da cama

Escadas e corredores:

• Instale corrimãos firmes em ambos os lados da escada, em toda sua extensão
• Remova tapetes soltos, fios elétricos e outros obstáculos
• Conserte carpetes desgastados ou com bordas levantadas
• Aplique fitas antiderrapantes nos degraus

Banheiro (local de maior risco):

• Instale barras de apoio dentro do box/banheira e ao lado do vaso sanitário
• Use tapetes antiderrapantes dentro e fora do box
• Considere uma cadeira ou banco para o banho
• Instale uma ducha manual para facilitar o banho sentado
• Considere elevar o assento do vaso sanitário

Os 3 princípios fundamentais de um ambiente seguro:

1. Iluminação adequada em todos os ambientes
2. Organização com pisos livres de obstáculos
3. Acessibilidade dos itens mais utilizados (sem necessidade de escalar, esticar ou inclinar-se)

Regra dos três pontos de contato: ao subir escadas, entrar ou sair do chuveiro, ou realizar qualquer atividade que exija equilíbrio, procure manter sempre três pontos de apoio — por exemplo, duas mãos e um pé, ou dois pés e uma mão em superfícies firmes.

7. Pratique exercícios de força e equilíbrio regularmente.

A prática regular de exercícios é uma das estratégias mais eficazes para prevenir quedas. Programas que combinam exercícios de fortalecimento muscular (especialmente de pernas e quadril) com treino de equilíbrio podem reduzir significativamente o risco de cair.

Os exercícios podem variar desde atividades simples como caminhadas e dança até programas especializados. Muitos centros de convivência, academias e clínicas oferecem programas de exercícios específicos para idosos, supervisionados por profissionais qualificados.

Benefícios comprovados do exercício regular:

• Aumento da força muscular das pernas
• Melhora do equilíbrio estático e dinâmico
• Aprimoramento da propriocepção (capacidade do corpo de perceber sua posição no espaço)
• Maior confiança para realizar atividades diárias
• Redução do medo de cair

Tai Chi: uma opção especialmente recomendada

Estudos científicos de alta qualidade demonstram que a prática regular de tai chi pode reduzir o risco de quedas em até 24%. O tai chi é uma arte marcial chinesa milenar que combina movimentos lentos e fluidos com técnicas de respiração e meditação.

Por que o tai chi é ideal para idosos:

• Não envolve impacto nas articulações
• Os movimentos são suaves e podem ser adaptados a diferentes níveis de condicionamento
• Enfatiza especificamente equilíbrio, coordenação e consciência corporal
• Pode ser praticado em grupo, promovendo socialização
• Traz benefícios também para ansiedade, qualidade do sono e bem-estar geral

Importante: qualquer programa de exercícios deve ser iniciado após avaliação médica e, idealmente, supervisionado por um profissional qualificado. O médico pode orientar sobre os programas disponíveis em sua região e qual é o mais adequado para cada caso.