Independente de suas causas, que são bastante variadas, a dor no idoso é um fator que reduz a autonomia do mesmo interferindo negativamente em sua qualidade vida. Por isso, visando um envelhecimento mais saudável deve-se estar atento aos sinais que o corpo fornece e tratar qualquer quadro doloroso com a sua devida importância.
O que é?
A dor no idoso é frequentemente considerada pelas pessoas como parte natural do processo de envelhecimento. Por isso, muitas vezes não é abordada com a relevância que deveria pelo paciente ou por seus cuidadores.
Porém, quadros dolorosos são indicativos de que não está tudo bem com o organismo e de que ele precisa de mais atenção e cuidados. Esses podem, inclusive, estar associados a tratamentos específicos para curar ou limitar a progressão de alguma patologia, ou ocorrência clínica.
É essencial reforçar que a devida atenção a uma dor, esta enquanto sinal do corpo para algo que não está saudável, precisa ocorrer independentemente da idade do indivíduo acometido por ela.
O que se pode levar em consideração, entretanto, é que devido ao envelhecimento e as suas consequências fisiológicas e anatômicas no corpo, uma série de déficits e diversas patologias que surgem ao longo dos anos favorecem também o aparecimento de dores.
Logo, estudos científicos verificaram que a prevalência de dor no idoso varia entre 25 a 80%, sendo que as taxas mais altas representam os pacientes que vivem em clínicas ou estão hospitalizados.
A seguir, abordaremos em mais detalhes o que caracteriza a dor no idoso.
Causas comuns
As principais causas para a dor no idoso estão relacionadas a redução de capacidades do organismo, bem como a certas doenças. Na sequência explicamos as mais comuns.
Sarcopenia
A sarcopenia corresponde a redução progressiva da massa muscular do indivíduo com consequente perda de força e resistência dos músculos. Logo, surgem dificuldades para caminhar, sustentar o próprio corpo, equilibrar-se, entre outros movimentos básicos e essenciais no dia a dia.
Além disso, dores no próprio músculo costumam ser relatadas junto a câimbras e a espasmos.
Ressaltamos que tal processo é natural, porém é possível retardá-lo e minimizar seus efeitos sobre o organismo a partir da inserção de medidas preventivas na rotina do paciente.
Osteoporose
Assim como a perda da massa muscular acontece ao longo do processo de envelhecimento, a massa óssea também é reduzida e o resultado principal é que os ossos tornam-se porosos e mais frágeis.
Diante disso, há uma maior predisposição tanto para quedas como para fraturas e, consequentemente, o paciente perde, aos poucos, suas capacidades físicas.
As dores surgem, em geral, por causa das lesões mais facilmente presentes em pacientes com osteoporose.
Osteoartrose
Os quadros clínicos de osteoartrose costumam ser prevalentes principalmente em pacientes do sexo feminino e com mais de 60 anos. E em termos técnicos, o que ocorre é a degradação gradual da cartilagem localizada no espaço articular.
Destacamos que esta cartilagem tem a função de amenizar tanto o atrito entre os ossos como os impactos ao qual a área é submetida durante a execução de movimentos. Portanto, à medida que ela é degenerada, iniciam-se também quadros dolorosos.
Salientamos que qualquer articulação do corpo humano está sujeita a osteoartrose, mas as dos joelhos, mãos e coluna são as mais acometidas.
Desvios da coluna
Outra situação comumente relacionada ao processo de envelhecimento e responsável por grande parte das dores identificadas pelos idosos é o desenvolvimento de desvios na coluna vertebral.
Dentre esses citamos a cifose, a escoliose e a lordose. Todos se caracterizam como uma curvatura anormal da coluna, cuja causa principal costuma ser desconhecida.
Mas, sabe-se que os principais fatores relacionados aos desvios são: sedentarismo, obesidade, má postura, traumas e lesões osteomusculares.
Além das causas para dor no idoso detalhadas acima, existem outras como:
- diabetes
- fibromialgia
- artrite reumatoide
- doença vascular periférica
- neuropatias periféricas
- câncer
Diante dessa variedade de possíveis causas e da relevância de prestar atenção a qualquer dor que surge no organismo, é necessário realizar o diagnóstico para identificar o motivo e iniciar um tratamento adequado, indicado por um médico.
Diagnóstico
O diagnóstico da dor no idoso leva em consideração alguns aspectos específicos sobre a dor. Dentre eles indicamos:
- o local da dor
- se é irradiada para outros pontos
- fator(es) desencadeante(s)
- fator(res) atenuante(s)
- qual a duração
- qual a intensidade
Destacamos que o exame clínico realizado pelo médico engloba não apenas um questionário sobre o quadro doloroso, mas também aspectos físicos observados por meio de palpação e testes de reflexo, força muscular e sensibilidade, dentre outros.
Vale ressaltar ainda que há um fator importante a ser considerado na identificação das causas de dor no idoso: a capacidade cognitiva do paciente. Quando esta já está reduzida devido a uma demência, por exemplo, são necessárias outras abordagens que usam escalas específicas para detecção da dor.
Além da compreensão da própria dor e suas características, é primordial que outros sintomas associados também sejam observados pelo clínico.
Eles ajudam na escolha dos exames complementares que favorecem a identificação da causa para a dor.
Sintomas
Em geral, além do quadro doloroso existem outros sintomas percebidos pelo paciente e que variam de acordo com a patologia ou ocorrência clínica associada. Citamos a seguir alguns:
- rigidez articular
- fraqueza muscular
- câimbras
- espasmos musculares
- dificuldade de mobilidade
- perda da coordenação motora
- redução do equilíbrio
- alterações no sono
- fraqueza e cansaço físico
Além destes, existem ainda sintomas que são desencadeados por uma dor crônica sem tratamento como: insegurança, ansiedade, distanciamento afetivo e perda da independência. E, finalmente, não é incomum o surgimento de quadros depressivos.
Portanto, é bastante importante estar atento a essas dores e sintomas, realizar o diagnóstico e seguir o tratamento necessário.
Tratamento
O tratamento adequado no caso da dor no idoso está relacionado a causa da dor, por isso não existe uma única abordagem que podemos citar.
Porém, apresentamos intervenções que visam reduzir os desconfortos e, em consequência, melhorar a qualidade de vida do paciente. Estas são, portanto, utilizadas junto a outros tratamentos mais específicos.
Primeiramente, citamos o uso de fármacos que podem ser anti-inflamatórios, analgésicos, analgésicos opióides, antidepressivos e anticonvulsivantes. Estes devem ser indicados pelo médico e dependem de uma série de outras condições clínicas do paciente.
Além da intervenção medicamentosa, para alívio da dor, utiliza-se frequentemente a fisioterapia, ou a prática de atividades físicas, que visam tanto o fortalecimento muscular como o aumento da flexibilidade articular.
Por meio dessas abordagens, consegue-se que as capacidades físicas sejam mantidas por mais tempo, assim como a autonomia do paciente. Como resultado é possível viver com mais qualidade de vida.