A síndrome do desfiladeiro torácico (SDT) é um conjunto de condições clínicas que ocorrem quando há compressão de nervos ou vasos sanguíneos na região entre o pescoço e a axila[1]Huang JH, Zager EL. Thoracic outlet syndrome. Neurosurgery. 2004 Oct 1;55(4):897-903. Disponível em: … Continue reading.
O termo “desfiladeiro torácico” refere-se a um corredor anatômico estreito localizado entre a clavícula (osso do ombro) e a primeira costela. Por esse espaço passam estruturas vitais: a artéria e veia subclávias (que levam sangue ao braço) e o plexo braquial (conjunto de nervos que controla os movimentos e a sensibilidade do braço).
Como essa região é naturalmente estreita e preenchida por músculos, ossos e tecidos, qualquer alteração anatômica ou funcional pode causar compressão dessas estruturas. A causa exata da compressão nem sempre é identificável, podendo envolver uma costela extra, alterações na clavícula ou tensão muscular excessiva.
A prevalência da SDT é relativamente baixa na população geral. A condição afeta predominantemente mulheres, numa proporção de 3 mulheres para cada 1 homem, sendo mais frequente entre os 20 e 50 anos de idade.
Devido às suas variadas formas de apresentação, a SDT pode ser de difícil diagnóstico. Os sintomas podem se confundir com diversas outras condições, exigindo avaliação médica criteriosa[2]Freischlag J, Orion K. Understanding thoracic outlet syndrome. Scientifica. 2014 Jul 20;2014. Disponível em: https://www.hindawi.com/journals/scientifica/2014/248163/abs/.
O diagnóstico geralmente requer testes complementares além do exame clínico. Não existe um exame único definitivo para confirmar a síndrome, sendo necessária uma combinação de avaliações.
Definição
A SDT é frequente em pessoas que sofreram acidentes de trânsito, especialmente aqueles que causaram lesão cervical do tipo “chicote” (whiplash). Também pode ocorrer em indivíduos expostos a movimentos repetitivos do tórax e membros superiores, como atletas e trabalhadores de determinadas profissões.
Gestantes podem desenvolver a síndrome devido às alterações posturais e ao relaxamento dos ligamentos típicos da gravidez. Nesses casos, os sintomas costumam desaparecer naturalmente após o parto.
Diversas causas podem levar ao mesmo quadro clínico, e os sintomas variam conforme a estrutura comprimida (nervo, artéria ou veia).
Os três principais locais onde ocorre a compressão são:
- Triângulo interescalênico: região entre os músculos escalenos (laterais do pescoço) e a primeira costela — é o local mais comum de compressão nervosa
- Espaço costoclavicular: região estreita entre a clavícula e a primeira costela — compressão frequente em pessoas com ombros caídos
- Espaço retropeitoral (subcoracoide): entre o músculo peitoral menor e o processo coracoide da escápula — afetado em movimentos de elevação do braço
Anatomia do Desfiladeiro Torácico
O desfiladeiro torácico é o espaço entre a clavícula, primeira costela e músculos escalenos, por onde passam nervos e vasos sanguíneos para o braço.
Sintomas da Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Os sintomas da SDT variam conforme o tipo de estrutura comprimida: nervos, artérias, veias ou uma combinação delas.
Historicamente, acreditava-se que a síndrome causava apenas sintomas vasculares (relacionados à circulação sanguínea). Com o avanço dos estudos, descobriu-se que os sintomas neurológicos (relacionados aos nervos) são muito mais frequentes, correspondendo à grande maioria dos casos.
É importante destacar que alterações do pulso arterial durante manobras de exame físico não significam necessariamente que existe lesão arterial estabelecida. Essas alterações podem ocorrer mesmo em pessoas saudáveis.
Embora menos frequentes, as complicações vasculares tendem a ser mais graves que as neurológicas, podendo causar sequelas significativas se não tratadas adequadamente.
Sintomas Neurológicos (Nervosos)
Quando há compressão dos nervos do plexo braquial, podem ocorrer alterações na sensibilidade (como dormência e formigamento), na força muscular (fraqueza) e no trofismo (nutrição e volume dos tecidos). A dor varia em intensidade e pode irradiar para o pescoço, ombro, braço e mão.
Em casos mais graves, a alteração motora pode levar à dificuldade para realizar atividades cotidianas, e os distúrbios tróficos podem causar atrofia muscular (diminuição do volume dos músculos da mão).
O tipo neurogênico representa aproximadamente 95% dos casos e subdivide-se em duas formas:
- Síndrome do desfiladeiro torácico neurogênica verdadeira: forma mais rara, geralmente associada a anomalias ósseas congênitas (presentes desde o nascimento), como costela cervical. Apresenta alterações objetivas nos exames de eletroneuromiografia.
- Síndrome do desfiladeiro torácico neurogênica inespecífica (disputada): representa mais de 90% dos casos neurogênicos. Frequentemente bilateral e sem achados específicos nos exames complementares. O diagnóstico baseia-se principalmente nos sintomas clínicos e na resposta às manobras provocativas.
Tipos de Síndrome do Desfiladeiro Torácico
- Dor no braço/pescoço
- Formigamento
- Fraqueza muscular
- Dormência nos dedos
- Mão fria e pálida
- Dor ao esforço
- Pulso fraco
- Feridas que não cicatrizam
- Inchaço do braço
- Coloração azulada
- Sensação de peso
- Veias dilatadas visíveis
A forma neurogênica é de longe a mais comum. As formas vasculares (arterial e venosa) são raras, mas potencialmente mais graves.
Sintomas Vasculares
As alterações vasculares (arteriais e venosas) correspondem a apenas 5% dos casos de SDT, mas merecem atenção especial por suas potenciais complicações.
Sintomas arteriais (quando há compressão da artéria):
- Isquemia (falta de sangue no membro)
- Dor, especialmente ao elevar o braço
- Palidez ou cianose (coloração azulada) da mão
- Mão fria ao toque
- Formigamento (parestesia)
- Em casos graves: úlceras ou gangrena nos dedos
Sintomas venosos (quando há compressão da veia):
- Sensação de peso no braço
- Inchaço (edema) do braço e mão
- Coloração azulada (cianose)
- Veias superficiais dilatadas e visíveis
- Aumento da temperatura local
Subtipos vasculares:
Síndrome do desfiladeiro torácico arterial: representa cerca de 3% dos casos. Geralmente está associada a anomalias ósseas, como costela cervical ou alterações na primeira costela. Pode causar aneurisma (dilatação) da artéria subclávia e embolização (formação de coágulos que se deslocam para os dedos).
Síndrome do desfiladeiro torácico venosa: corresponde a aproximadamente 2% dos casos. Também conhecida como trombose de esforço ou síndrome de Paget-Schroetter, ocorre frequentemente em atletas e pessoas que realizam atividades repetitivas com os braços elevados.
Resumo dos principais sintomas da SDT:
- Dor no braço, ombro e pescoço
- Formigamento ou sensação de queimação no braço, mão e dedos
- Dificuldade para movimentar os braços
- Fraqueza muscular
- Mãos e dedos arroxeados ou pálidos
- Dor na lateral da cabeça e na região da nuca
- Dor acima da clavícula que piora ao elevar os braços
- Sensação de peso no braço
- Alterações na temperatura da pele (mão mais fria ou mais quente)
- Inchaço do braço ou mão
Causas
Em muitos casos, não é possível identificar com certeza a causa específica da compressão. Por se tratar de uma região anatomicamente complexa, diversos fatores podem contribuir para o estreitamento do desfiladeiro torácico.
Ossos, músculos, artérias, veias e nervos compartilham esse espaço de transição entre o pescoço e o braço. Qualquer alteração em uma dessas estruturas pode afetar as demais.
As causas da Síndrome do Desfiladeiro Torácico podem ser classificadas em cinco categorias principais:
1. Causas Estruturais (Anatômicas)
- Costela cervical: É uma costela extra que se desenvolve na região do pescoço, acima da primeira costela normal. Presente em 0,2% a 0,5% da população, pode comprimir diretamente o plexo braquial e os vasos subclávios. Nem todas as pessoas com costela cervical desenvolvem sintomas.
- Anormalidades da primeira costela: Alterações congênitas (de nascimento) ou adquiridas na forma ou posição da primeira costela podem estreitar o espaço disponível para as estruturas neurovasculares.
- Alterações musculares: Músculos escalenos (localizados na lateral do pescoço) hipertrofiados (aumentados) ou com inserções anômalas, assim como bandas fibrosas congênitas, podem comprimir o plexo braquial ou os vasos sanguíneos.
2. Causas Posturais
- Má postura prolongada: Posições inadequadas mantidas por longos períodos, como cabeça projetada para frente (comum em quem trabalha no computador), ombros curvados para dentro e postura encurvada, podem causar desequilíbrios musculares e aumentar a pressão sobre o desfiladeiro torácico.
- Movimentos repetitivos: Atividades que exigem elevação frequente dos braços acima da cabeça, levantamento de peso ou uso prolongado dos membros superiores podem causar lesões por esforço repetitivo e contribuir para a síndrome. Profissões de risco incluem cabeleireiros, pintores, mecânicos e músicos.
3. Causas Traumáticas
- Lesão tipo chicote (whiplash): Comum em acidentes de carro, essa lesão ocorre quando o pescoço sofre um movimento brusco de vai-e-vem. O trauma pode danificar ligamentos, músculos e nervos da região do desfiladeiro torácico.
- Traumas diretos: Fraturas da clavícula ou da primeira costela, luxações do ombro e lesões de tecidos moles podem resultar em compressão das estruturas neurovasculares, seja durante a lesão inicial ou durante o processo de cicatrização.
4. Causas de Tecidos Moles
- Tensão e espasmo muscular: Músculos tensos ou em espasmo na região (escalenos, peitoral menor) podem comprimir as estruturas vizinhas. Pontos-gatilho miofasciais (nódulos dolorosos nos músculos) também podem contribuir.
- Massas de tecidos moles: Raramente, tumores, cistos ou bandas fibrosas podem se desenvolver na região e comprimir o plexo braquial ou os vasos sanguíneos.
5. Causas Vasculares
- Compressão arterial: Pode ocorrer devido a variações anatômicas ou alterações musculares que pressionam a artéria subclávia. A compressão crônica pode levar à formação de aneurisma (dilatação) e coágulos.
- Compressão venosa: Pode ser causada por alterações anatômicas ou pela presença de coágulos sanguíneos (trombose). É mais comum em atletas e pessoas que realizam atividades intensas com os braços.
Diagnóstico
Durante a consulta, o médico realizará uma análise detalhada da história clínica do paciente, incluindo sintomas, profissão, atividades físicas, traumas prévios e condições de saúde associadas. O exame físico minucioso é fundamental para o diagnóstico.
A avaliação inclui inspeção visual do biotipo (constituição física), da simetria corporal e do desenvolvimento da musculatura. Na suspeita de SDT, o médico verificará o alinhamento horizontal dos ombros e procurará por abaulamentos (protuberâncias) acima ou abaixo da clavícula.
O exame físico complementa-se com a palpação da região, avaliando consistência dos tecidos, pontos dolorosos, mobilidade e pulsação das artérias.
Antes de realizar os testes específicos para SDT, o especialista deve verificar sinais de isquemia (falta de circulação), avaliar os pulsos periféricos (artérias do punho) e identificar alterações tróficas como atrofia muscular ou mudanças na pele.
Em casos de comprometimento venoso, pode ocorrer desaparecimento do pulso durante certas manobras, o que ajuda a diferenciar a SDT de outras condições.
Utilizando um estetoscópio posicionado sobre a clavícula, o médico pode auscultar (ouvir) ruídos anormais do fluxo sanguíneo, denominados sopros, que podem indicar estreitamento da artéria subclávia.
Testes Provocativos
Os testes provocativos são manobras realizadas durante o exame físico com o objetivo de reproduzir os sintomas do paciente ao estreitar temporariamente o desfiladeiro torácico. São importantes ferramentas diagnósticas, embora nenhum deles seja 100% específico para a síndrome.
Teste de Adson
O paciente fica em pé ou sentado, enquanto o médico palpa o pulso radial (no punho). O braço é posicionado em leve abdução (afastamento do corpo) e extensão.
Em seguida, solicita-se ao paciente que inspire profundamente e gire a cabeça para o lado examinado. A diminuição ou desaparecimento do pulso durante a manobra pode sugerir compressão por hipertrofia ou tensão dos músculos escalenos.
Além da alteração do pulso, o paciente pode referir aumento do formigamento e fraqueza no braço testado.
Teste de Roos (ou teste de estresse elevado)
O paciente posiciona-se em pé, com os braços elevados lateralmente a 90° (na altura dos ombros) e os cotovelos dobrados também a 90°, formando uma posição de “mãos ao alto”.
O médico solicita que o paciente abra e feche as mãos rapidamente por cerca de três minutos. Em pessoas com SDT, os sintomas surgem antes desse tempo, com dor, fadiga, formigamento e queda progressiva dos braços.
Este teste é considerado um dos mais sensíveis para a forma neurogênica da síndrome.
Teste de Hiperabdução (ou manobra de Wright)
O paciente pode estar sentado ou em pé, de costas para o examinador. O médico palpa os pulsos radiais de ambos os braços enquanto os eleva progressivamente até a abdução máxima (braços estendidos acima da cabeça).
A diminuição ou desaparecimento do pulso sugere compressão no espaço entre o músculo peitoral menor e a clavícula, ou presença de costela cervical.
Teste de Halsted (ou manobra costoclavicular)
O paciente permanece em pé, com o cotovelo dobrado a 90° e a palma da mão voltada para cima (supinação). O examinador avalia o pulso radial enquanto traciona levemente o braço para baixo e para trás, ao mesmo tempo em que o paciente estende e gira o pescoço para o lado oposto.
A redução do pulso durante essa manobra pode indicar estreitamento do espaço costoclavicular por tensão ou espasmo dos músculos escalenos.
Importante: Estes testes podem ser positivos em até 50% das pessoas saudáveis, portanto devem ser interpretados em conjunto com a história clínica e outros achados do exame físico.
Algoritmo Diagnóstico da SDT
O diagnóstico é feito por exclusão, combinando achados clínicos e exames complementares.
Exames Complementares
Embora o diagnóstico seja fundamentalmente clínico, exames complementares são frequentemente necessários para confirmar a suspeita, identificar a causa da compressão e excluir outras condições[3]Demondion X, Herbinet P, Van Sint Jan S, Boutry N, Chantelot C, Cotten A. Imaging assessment of thoracic outlet syndrome. Radiographics. 2006 Nov;26(6):1735-50. Disponível em: … Continue reading.
Radiografias: Radiografias da coluna cervical, do tórax e da região dos ombros são importantes para identificar anomalias ósseas, como costela cervical, alterações da primeira costela, fraturas antigas da clavícula ou artrose cervical.
Ressonância magnética (RM): Oferece imagens detalhadas de músculos, nervos, vasos e outros tecidos moles. Permite identificar compressões do plexo braquial, bandas fibrosas anômalas, hipertrofia muscular e outras alterações de partes moles. A RM pode ser realizada em posição neutra e com o braço elevado para avaliar compressão dinâmica.
Tomografia computadorizada (TC): Útil para avaliar estruturas ósseas em maior detalhe e identificar alterações vasculares quando combinada com contraste (angiotomografia).
Esses exames de imagem ajudam a descartar outras condições que podem simular a SDT, como hérnia de disco cervical, osteófitos (bicos de papagaio), estenose do canal espinhal e tumores.
Ultrassonografia com Doppler: Exame não invasivo que avalia o fluxo sanguíneo nas artérias e veias subclávias. Pode ser realizado em diferentes posições do braço para detectar compressão vascular dinâmica.
Arteriografia e venografia: Exames que utilizam contraste para visualizar detalhadamente as artérias e veias. São indicados quando há suspeita de aneurisma, estenose significativa ou trombose. Podem ser realizados com o braço em diferentes posições.
Eletroneuromiografia (ENMG): Avalia a função dos nervos e músculos através de estímulos elétricos. Mede a velocidade de condução nervosa e pode identificar lesões do plexo braquial. É especialmente útil para diferenciar a SDT de outras neuropatias, como a síndrome do túnel do carpo.
Na maioria dos casos, não são necessários todos esses exames. O médico selecionará os mais adequados conforme a apresentação clínica e a suspeita diagnóstica de cada paciente.
Devido à variedade de causas e sintomas, o diagnóstico da SDT pode ser desafiador. Por isso, é importante a avaliação por médico especializado, que saberá combinar as informações clínicas com os resultados dos exames complementares.
Ressonância Magnética (RM)
A ressonância magnética é um dos exames mais importantes para avaliar a SDT. Produz imagens de alta resolução das estruturas de tecidos moles, incluindo músculos, nervos e vasos sanguíneos. Permite identificar compressões do plexo braquial, bandas musculares ou fibrosas anômalas e outras alterações anatômicas. A RM com manobras posicionais (braço elevado) pode demonstrar compressão dinâmica das estruturas neurovasculares.
Angiografia
Exame que utiliza injeção de contraste nos vasos sanguíneos seguida de radiografias para visualizar o fluxo sanguíneo e detectar compressões ou anomalias vasculares. Na SDT, a angiografia é especialmente útil para identificar estenoses (estreitamentos), aneurismas e tromboses arteriais. Pode ser realizada em diferentes posições do braço para avaliar compressão posicional.
Angiotomografia Computadorizada
Combina a tomografia computadorizada com injeção de contraste para obter imagens tridimensionais detalhadas dos vasos sanguíneos e tecidos adjacentes. Na SDT, permite visualizar com precisão a relação entre estruturas vasculares e tecidos circundantes. A realização do exame com manobra de hiperabdução do braço pode reproduzir os sintomas e identificar o local exato da compressão.
Estudos Eletrofisiológicos
Incluem a eletromiografia (EMG) e os estudos de condução nervosa. A EMG avalia a atividade elétrica dos músculos, enquanto o estudo de condução nervosa mede a velocidade dos impulsos elétricos através dos nervos. Na SDT, esses exames ajudam a diferenciar a síndrome de outras neuropatias (como a síndrome do túnel do carpo) e a confirmar o envolvimento do plexo braquial. Os resultados podem ser normais na forma neurogênica inespecífica.
Ultrassonografia Duplex (Doppler)
Combina ultrassonografia convencional com tecnologia Doppler para avaliar simultaneamente a anatomia e o fluxo sanguíneo dos vasos. Na SDT, avalia as artérias e veias subclávias em busca de sinais de compressão ou alterações do fluxo. Pode ser realizado em diferentes posições do braço para detectar compressão dinâmica. É um exame não invasivo, sem radiação, que pode ser repetido conforme necessário.
Tratamento
O tratamento da síndrome do desfiladeiro torácico segue uma abordagem escalonada, começando sempre pelas opções mais conservadoras. A escolha do tratamento depende do tipo de SDT (neurogênica, arterial ou venosa), da gravidade dos sintomas e da causa identificada[4]Lindgren KA. Conservative treatment of thoracic outlet syndrome: a 2-year follow-up. Archives of physical medicine and rehabilitation. 1997 Apr 1;78(4):373-8. Disponível em: … Continue reading.
Tratamento Conservador (Não Cirúrgico)
O tratamento conservador é a primeira opção para a maioria dos pacientes com SDT, especialmente nos casos neurogênicos. Inclui:
Mudanças no estilo de vida:
- Correção postural no trabalho e nas atividades diárias
- Evitar atividades que agravam os sintomas (carregar peso nos ombros, trabalhar com braços elevados por tempo prolongado)
- Adequação ergonômica do ambiente de trabalho
- Controle do peso corporal
- Períodos de repouso durante atividades repetitivas
Medicamentos:
- Analgésicos para controle da dor
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para reduzir inflamação e dor
- Relaxantes musculares para aliviar espasmos e tensão muscular
- Medicamentos para dor neuropática em casos selecionados
Medidas complementares:
- Aplicação de compressas quentes para relaxamento muscular
- Compressas frias para reduzir inflamação aguda
Essas medidas geralmente são suficientes para reduzir a compressão biomecânica, melhorar a mobilidade e controlar os sintomas na maioria dos casos[5]Povlsen B, Hansson T, Povlsen SD. Treatment for thoracic outlet syndrome. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2014(11). Disponível em: … Continue reading.
Se após 3 a 6 meses de tratamento conservador adequado não houver melhora satisfatória, ou se os sintomas piorarem, outras opções terapêuticas devem ser consideradas. O tratamento cirúrgico é indicado principalmente para pacientes com anomalias ósseas significativas ou complicações vasculares.
Fisioterapia
A fisioterapia é um componente fundamental do tratamento conservador e pode ser prescrita pelo médico para a grande maioria dos pacientes com SDT. O programa de reabilitação visa diminuir os sintomas e permitir o retorno às atividades normais do dia a dia.
Objetivos principais da fisioterapia:
- Alívio da dor e outros sintomas
- Relaxamento de tensões e contraturas musculares
- Redução da inflamação local
- Melhora da postura
- Aumento da força muscular
- Ampliação da mobilidade articular
- Melhora da circulação local
- Reequilíbrio da musculatura da cintura escapular (região dos ombros)
O programa de reabilitação geralmente combina diversos recursos, incluindo exercícios ativos, alongamentos, fortalecimento muscular, técnicas manuais e técnicas de liberação miofascial.
Fluxograma de Tratamento da SDT
O tratamento é individualizado conforme o tipo de SDT, gravidade e resposta às terapias.
Fisioterapia para Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Técnicas de Terapia Manual
- Mobilização de tecidos moles: Técnica que utiliza pressão manual e movimentos específicos sobre músculos, tendões e ligamentos da região do desfiladeiro torácico. Ajuda a melhorar a flexibilidade dos tecidos, reduzir a tensão muscular e aliviar a compressão sobre nervos e vasos.
- Mobilização articular: Técnicas que visam restaurar a mobilidade normal das articulações da coluna torácica, ombro e costelas superiores. Utilizam movimentos graduados para melhorar o alinhamento articular, aumentar a amplitude de movimento e reduzir a dor.
- Liberação miofascial: Técnicas direcionadas ao sistema fascial (membrana que envolve os músculos), buscando liberar aderências e melhorar a mobilidade dos tecidos através de pressão sustentada e alongamento suave.
Exercícios Terapêuticos
- Exercícios de fortalecimento: Exercícios específicos para fortalecer os músculos da região, incluindo os estabilizadores da escápula (omoplata), músculos do manguito rotador (ombro) e músculos responsáveis pela manutenção da postura adequada. O fortalecimento muscular equilibrado reduz a sobrecarga nas estruturas neurovasculares.
- Exercícios de alongamento: Alongamentos direcionados aos músculos do pescoço, tórax, ombro e parte superior das costas. Melhoram a flexibilidade muscular e reduzem a tensão que contribui para a compressão no desfiladeiro torácico. Devem ser realizados com técnica adequada para evitar sobrecarga.
- Reeducação postural: Programa de exercícios para corrigir desequilíbrios posturais e promover o alinhamento adequado da cabeça, pescoço, ombros e coluna. A postura correta reduz a tensão no desfiladeiro torácico e minimiza os sintomas.
Recursos Terapêuticos
- Termoterapia (calor): Aplicação de compressas quentes ou bolsas térmicas para relaxar a musculatura, melhorar a circulação local e reduzir a dor. Frequentemente utilizada como preparação para alongamentos e exercícios.
- Crioterapia (frio): Aplicação de compressas frias ou gelo para reduzir dor, inflamação e inchaço. Geralmente utilizada após exercícios ou sessões de terapia manual.
- Eletroterapia: A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) e a estimulação elétrica neuromuscular (NMES) podem ser utilizadas para modular a dor, reduzir espasmos musculares e auxiliar na reeducação muscular.
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Tratamento Cirúrgico
O tratamento cirúrgico é reservado para casos específicos: pacientes que não responderam ao tratamento conservador adequado por 3 a 6 meses, aqueles com anomalias ósseas significativas (como costela cervical sintomática) ou pacientes com complicações vasculares (trombose, aneurisma).
Apesar de ser um procedimento invasivo, a cirurgia tem como objetivo descomprimir as estruturas neurovasculares, aliviar os sintomas, reduzir o risco de complicações e prevenir incapacitações permanentes.
As principais técnicas cirúrgicas incluem:
- Ressecção da primeira costela: remoção da primeira costela para ampliar o espaço do desfiladeiro torácico
- Ressecção de costela cervical: remoção da costela extra quando presente
- Escalenectomia: remoção parcial ou total dos músculos escalenos
- Ressecção de bandas fibrosas: remoção de tecidos fibrosos que causam compressão
- Reparo vascular: correção de aneurismas ou reconstrução de vasos danificados
A recuperação após a cirurgia varia conforme a técnica utilizada e as características individuais do paciente, podendo levar de 6 a 24 meses para recuperação completa. A melhora é progressiva e os riscos de complicações são baixos quando o procedimento é realizado por equipe experiente.
Após a cirurgia, são recomendadas algumas adaptações no estilo de vida, incluindo possível mudança de função no trabalho ou ajustes nas atividades diárias que possam sobrecarregar a região operada.
O prognóstico cirúrgico é geralmente favorável. A maioria dos estudos demonstra melhora significativa dos sintomas e recuperação de habilidades antes comprometidas pela síndrome. Aproximadamente 95% dos pacientes submetidos à cirurgia apresentam resultados positivos, embora a recuperação seja gradual e individual.
A fisioterapia pós-operatória é fundamental para otimizar os resultados cirúrgicos, auxiliando na recuperação da força, mobilidade e função do membro afetado.
Exercícios para Fazer em Casa
Os exercícios a seguir podem complementar o tratamento prescrito pelo médico. Realize-os com movimentos suaves e sem dor. Interrompa se sentir desconforto intenso e consulte seu médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios:
Exercício 1: Rotação dos Ombros com Banda Elástica
Este exercício fortalece os músculos da região escapular (omoplatas). Posicione-se em pé, segurando uma banda elástica com as duas mãos à frente do corpo. Mantenha os braços ao lado do corpo com os cotovelos dobrados a 90°. Aproxime as omoplatas uma da outra (como se quisesse juntar as costas) e depois gire os antebraços para fora, mantendo os cotovelos junto ao corpo. Retorne lentamente à posição inicial. A banda deve permanecer tensionada durante todo o movimento. Repita 10-15 vezes, 2-3 séries.
Exercício 2: Exercícios Isométricos para o Pescoço
Esses exercícios fortalecem os músculos profundos do pescoço sem movimentá-lo. Primeiro, faça a retração cervical: puxe o queixo para trás (como se fizesse “papada”), mantendo o olhar para frente. Depois, aplique uma pressão leve com a palma da mão na testa, resistindo com o pescoço (não deixe a cabeça mexer). Repita nas laterais, pressionando a mão na têmpora e resistindo. Mantenha cada posição por 5-10 segundos. Repita 5 vezes cada direção.
Exercício 3: Alongamento do Músculo Peitoral Menor
O peitoral menor, quando encurtado, pode contribuir para a compressão no desfiladeiro torácico. Para alongá-lo, posicione-se de lado em um batente de porta. Apoie o antebraço na parede com o cotovelo na altura do ombro. Aproxime as omoplatas (junte as costas) e gire suavemente o tronco para o lado oposto até sentir um alongamento confortável na região frontal do ombro e tórax. Mantenha por 30 segundos e repita 3 vezes de cada lado.
Exercício 4: Mobilização da Coluna Torácica com Rolo de Espuma
A mobilidade da coluna torácica (meio das costas) influencia a postura e a região do desfiladeiro. Deite de costas com um rolo de espuma posicionado transversalmente sob a região média das costas. Dobre os joelhos e apoie os pés no chão. Cruze os braços sobre o peito. Contraia o abdômen e deixe a coluna estender suavemente sobre o rolo. Depois, eleve os braços sobre a cabeça para aumentar a extensão. Retorne à posição inicial. Repita 10 vezes, movendo o rolo para diferentes pontos da coluna torácica.
Exercício 5: Protração e Retração Escapular em Prancha
Este exercício fortalece os músculos que controlam a escápula (omoplata). Posicione-se em prancha alta (posição de flexão de braços) com os braços estendidos. Mantendo os cotovelos retos, afaste as omoplatas uma da outra (arredondando levemente as costas), depois aproxime-as (abrindo o peito). O movimento deve ocorrer apenas nas escápulas, sem dobrar os cotovelos. Se for difícil, faça o exercício apoiado na parede ou com os joelhos no chão. Repita 10-15 vezes, 2 séries.
Exercício 6: Deslizamento Neural (Neurodinâmica)
Este exercício melhora a mobilidade dos nervos do braço. Sentado em uma cadeira, incline suavemente a cabeça para o lado do braço que será exercitado enquanto dobra o cotovelo desse lado. Depois, estenda o cotovelo enquanto inclina a cabeça para o lado oposto. O movimento deve ser suave e ritmado, como um “deslizamento”. Não force se sentir dor ou formigamento intenso. Repita 10-15 vezes, lentamente, de cada lado.
Exercício 7: Automobilização do Trapézio Superior
Use uma toalha enrolada ou bola de tênis para aplicar pressão controlada na região do trapézio superior (músculo entre o pescoço e o ombro). Posicione a toalha sobre o músculo tenso e aplique pressão com a mão oposta. Mantenha a pressão por 30-60 segundos, respirando profundamente. Isso ajuda a relaxar a musculatura tensa e melhorar a circulação local. Repita em pontos diferentes de tensão.
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O reembolso ou livre escolha é uma opção de atendimento a usuários de planos de saúde que não está vinculada à rede de prestadores contratados ou cujo procedimento específico não está contratado.
Não atendemos diretamente por convênio. Nosso foco é um atendimento especializado no paciente. Assim, separamos pelo menos 60-90 minutos para consulta, exame e avaliação do paciente.
O processo na maioria das vezes é digital (pelo Smartphone, tablet ou computador) é simples. O valor reembolsado corresponde a uma tabela de valores da própria operadora e pode cobrir todo o procedimento ou parte dele. Lembrando que a parte não reembolsada pode ser abatida no imposto de renda pessoa física (IRPF).
Clínica Dr. Hong Jin Pai – Centro de Dor, Acupuntura Médica, Fisiatria e Reabilitação.
Al. Jaú 687 – São Paulo – SP
Atendimento de segunda a sábado.


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Quais os especialistas médicos devem ser procurados? Existe um especialista específico? Meu marido foi diagnosticado antes da pandemia e não teve oportunidade de iniciar a fisioterapia recomendada por um vascular, e agora a covid desencadeou uma crise. Ele está em isolamento sem saber o que fazer, sem mobilidade nas duas mãos.