Tenossinovite: o que é?

Tenossinovite é a inflamação da bainha sinovial, uma membrana protetora que envolve determinados tendões. Os principais sintomas incluem dor, inchaço e vermelhidão na região afetada.

A condição compromete a mobilidade articular, dificultando atividades cotidianas que dependem da área inflamada. A tenossinovite é classificada como parte das DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), sendo frequente em pessoas que realizam movimentos repetitivos.

Identificar a causa e iniciar o tratamento adequado é fundamental para preservar a qualidade de vida e evitar complicações. A boa notícia é que, na maioria dos casos, a tenossinovite tem cura quando tratada corretamente.

Para entender a tenossinovite, é importante conhecer a anatomia envolvida. Os tendões são estruturas semelhantes a cordas resistentes que conectam os músculos aos ossos. Alguns tendões são revestidos por um tecido especial chamado bainha sinovial (ou bainha tendínea).

Essa bainha funciona como uma capa protetora preenchida por líquido sinovial, um fluido lubrificante natural do corpo. Suas funções são: reduzir o atrito e o desgaste do tendão durante os movimentos, e facilitar o deslizamento suave quando o músculo se contrai.

Quando essa bainha sofre inflamação, ocorre a tenossinovite. O processo inflamatório provoca dor, inchaço e dificuldade de movimento na região afetada.

Embora a tenossinovite possa ocorrer em qualquer tendão que possua bainha, alguns locais são mais frequentemente afetados:

• Punhos e mãos
• Tornozelos e pés
• Ombros
• Joelhos

Conforme a localização, a tenossinovite recebe nomes específicos:

• Tenossinovite de De Quervain: afeta o punho, na base do polegar;
• Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho): afeta os dedos da mão, causando travamento;
• Tenossinovite do tibial posterior: afeta o tornozelo;
• Tenossinovite bicipital: afeta o ombro;
• Tenossinovite do gastrocnêmio lateral: afeta o joelho.

A causa mais comum da tenossinovite é o uso excessivo e repetitivo do tendão. No entanto, outras condições também podem desencadear essa inflamação, como veremos a seguir.

Diagnóstico

Ao perceber dor persistente, perda de mobilidade ou inchaço em uma articulação, é importante buscar avaliação médica. O diagnóstico precoce permite tratamento mais eficaz e evita complicações.

Durante a consulta, o médico realiza:

• Anamnese detalhada: perguntas sobre início, duração e características da dor, atividades profissionais e hobbies, histórico de doenças
• Exame físico: palpação da região, avaliação da amplitude de movimento, testes específicos (como o teste de Finkelstein para tenossinovite de De Quervain)

Na maioria dos casos de tenossinovite por uso excessivo, o diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na história e no exame físico, sem necessidade de exames complementares.

No entanto, exames de imagem ou laboratoriais são solicitados quando:

• Há suspeita de doença sistêmica (diabetes, artrite reumatoide, gota)
• O quadro não melhora com tratamento inicial
• É necessário avaliar a extensão do dano ao tendão
• Há suspeita de infecção ou ruptura tendínea

O que os exames de imagem mostram na tenossinovite:

• Ultrassonografia: Aumento de líquido ao redor do tendão (aparece como área escura), espessamento da bainha, e fluxo sanguíneo aumentado detectado pelo Doppler colorido (indicando inflamação ativa).
• Ressonância Magnética: Espessamento da bainha tendínea, sinal brilhante ao redor do tendão nas imagens com contraste (indicando líquido inflamatório), e possíveis alterações no próprio tendão.

Esses achados ajudam o médico a confirmar o diagnóstico, avaliar a gravidade e planejar o tratamento mais adequado.

O tratamento da tenossinovite é individualizado, levando em consideração a causa, a localização, a gravidade e as características de cada paciente. O objetivo é aliviar a dor, reduzir a inflamação e restaurar a função.

Tratamento Conservador (Não Cirúrgico)

Na maioria dos casos, o tratamento conservador é suficiente. As principais medidas incluem:

1. Repouso e Modificação de Atividades

• Evitar ou reduzir as atividades que causam dor
• Fazer pausas frequentes durante atividades repetitivas
• Adaptar a forma de realizar tarefas para reduzir o estresse no tendão

2. Imobilização

• Uso de talas, órteses ou munhequeiras para manter a articulação em repouso
• Pode ser necessária por até 6 semanas, dependendo do caso
• Evita movimentos que agravam a inflamação e permite a recuperação

3. Compressas de Gelo

• Aplicar por 15-20 minutos, várias vezes ao dia
• Ajuda a reduzir o inchaço e aliviar a dor
• Sempre usar um pano entre o gelo e a pele para evitar queimaduras

4. Medicamentos

• Anti-inflamatórios: como ibuprofeno ou diclofenaco, reduzem a inflamação e a dor
• Analgésicos: para controle da dor
• Sempre sob orientação médica, respeitando doses e tempo de uso

Tratamentos Especializados

Quando o tratamento inicial não é suficiente ou o quadro é mais intenso, outras opções podem ser indicadas:

• Infiltrações com corticosteroides: injeção de anti-inflamatório potente diretamente na região afetada, com alívio rápido
• Fisioterapia: exercícios orientados para alongamento, fortalecimento e recuperação da mobilidade
• Acupuntura e técnicas de agulhamento: podem auxiliar no controle da dor e redução da inflamação
• Terapias físicas: ondas de choque, laser de alta intensidade, ultrassom terapêutico

Tratamento Cirúrgico

A cirurgia é reservada para casos que não respondem ao tratamento conservador após meses de tentativa, ou quando há comprometimento significativo da função. O procedimento consiste em liberar a bainha tendínea, permitindo que o tendão deslize livremente. A taxa de sucesso é alta, com melhora completa dos sintomas em até 95% dos casos.

Importância de Tratar a Causa

Se a tenossinovite foi causada por movimentos repetitivos, é essencial modificar hábitos mesmo após a melhora, para evitar recorrência. Se a origem é uma doença reumatológica ou metabólica, o tratamento da condição de base é fundamental.

Prevenção

Medidas preventivas ajudam a evitar o surgimento ou retorno da tenossinovite:

• Evitar movimentos repetitivos prolongados
• Fazer pausas regulares durante o trabalho (a cada 50-60 minutos)
• Usar órteses de proteção durante atividades de risco
• Manter postura ergonômica no trabalho
• Alongar músculos e articulações diariamente
• Aquecer antes de atividades físicas

Fisioterapia para Tenossinovite

A fisioterapia é parte fundamental do tratamento e da prevenção de recorrências da tenossinovite. O programa é desenvolvido de forma individualizada, considerando a localização da lesão e as necessidades de cada paciente.

1. Terapia Manual
   • Mobilização articular: Movimentos suaves aplicados às articulações para melhorar a mobilidade e reduzir a rigidez.
   • Massagem terapêutica: Relaxa a musculatura, melhora a circulação sanguínea e alivia a tensão na região.
   • Alongamentos: Exercícios específicos para aumentar a flexibilidade dos tendões e músculos, aliviando a dor e prevenindo novas lesões.
2. Exercícios Terapêuticos
   • Fortalecimento muscular: Exercícios progressivos para fortalecer os músculos ao redor da articulação, oferecendo maior suporte e proteção ao tendão.
   • Exercícios de amplitude de movimento: Movimentos controlados para manter e recuperar a mobilidade articular completa.
3. Recursos Terapêuticos
   • Termoterapia: Aplicação de calor (relaxa a musculatura) ou frio (reduz inflamação e dor), conforme a fase do tratamento.
   • Ultrassom terapêutico: Ondas sonoras que promovem a cicatrização dos tecidos e alívio da dor.
   • Eletroterapia: Correntes elétricas que estimulam os músculos, reduzem a dor e favorecem a recuperação.
4. Orientação e Educação
   • Técnicas de autocuidado: Orientações sobre como realizar atividades diárias de forma segura.
   • Ergonomia: Ajustes no ambiente de trabalho e na postura para reduzir a sobrecarga nos tendões.
   • Prevenção de recorrência: Estratégias para evitar que a tenossinovite volte.
5. Reabilitação Funcional
   • O objetivo final é recuperar a capacidade do paciente de realizar suas atividades diárias, profissionais ou esportivas sem dor ou limitação.
   • O programa é adaptado às necessidades específicas de cada pessoa.

Infiltração para Tenossinovite

A infiltração consiste na aplicação de medicamentos diretamente na região do tendão afetado. É um procedimento realizado em consultório, minimamente invasivo, que pode proporcionar alívio significativo da dor e redução da inflamação.

1. Infiltrações de Corticosteroides
   • O que é: Injeção de um anti-inflamatório potente (como triancinolona ou betametasona) associado a anestésico local na bainha do tendão.
   • Quando é indicada: Casos com inflamação significativa que não melhoraram com medidas iniciais.
   • Resultados: Alívio rápido e expressivo da dor, geralmente em poucos dias. O efeito pode ser duradouro, mas em alguns casos pode ser necessário repetir o procedimento.
   • Considerações: O número de infiltrações é limitado para evitar enfraquecimento do tendão.
2. Infiltrações de Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
   • O que é: Utiliza o próprio sangue do paciente, que é processado para concentrar as plaquetas. Essas células são ricas em fatores de crescimento que estimulam a cicatrização natural dos tecidos.
   • Quando é indicada: Lesões tendíneas crônicas ou quando se deseja estimular a regeneração do tecido de forma mais natural.
   • Resultados: A melhora é gradual, ao longo de semanas, à medida que o tendão se recupera. Não há risco de rejeição, pois usa material do próprio corpo.
3. Infiltrações de Ácido Hialurônico
   • O que é: Substância naturalmente presente nas articulações que ajuda a lubrificar e amortecer. Quando injetada, melhora o deslizamento do tendão dentro da bainha.
   • Quando é indicada: Casos em que a rigidez e a dificuldade de movimento são predominantes, especialmente em punho e tornozelo.
   • Resultados: Melhora progressiva da dor e da função articular.

A escolha do tipo de infiltração depende de diversos fatores avaliados pelo médico: localização e gravidade da tenossinovite, condições associadas, resposta a tratamentos anteriores e preferências do paciente.