A hoffite é um quadro clínico que acomete o joelho e ocasiona dor na região inferior da patela, local em que se encontra a gordura de hoffa.
Além de promover um intenso desconforto, a condição leva à perda gradual da mobilidade articular do paciente.
Para que o quadro não evolua, é primordial a realização de um tratamento adequado.
O que é a hoffite?
Hoffite é a inflamação da gordura de hoffa. Essa é uma estrutura localizada abaixo da patela, constituída por tecido gorduroso vascularizado, que tem como função promover a redução do atrito na articulação do joelho, bem como o amortecimento diante de movimentos como a flexão e a extensão do mesmo.
Por isso, pessoas que praticam atividades de alto impacto ou realizam movimentos repetitivos na sua rotina diária, que sobrecarregam o joelho, são as mais frequentemente acometidas por essa condição clínica, que também pode ser chamada de síndrome de hoffa.
É essencial compreender que o que desencadeia o processo inflamatório são microlesões no tecido de gordura que normalmente surgem devido a uma carga excessiva. Essa, é ocasionada tanto por um trauma local, como por danos decorrentes da realização frequente de certos movimentos.
Destacamos que o paciente acometido pela hoffite apresenta dor, que piora à medida que o quadro evoluí, e aos poucos perde sua mobilidade articular. Logo, comprometem-se movimentos como caminhar, correr, agachar e saltar.
Vale salientar, que a gordura de hoffa desempenha outra função, que é a nutrição das estruturas próximas, principalmente do tendão patelar. Dessa forma, ela favorece a reparação à nível local quando ocorrem outras lesões na área.
Portanto, a fim de não prejudicar a saúde geral do joelho, é necessário perceber os sintomas da hoffite, conhecer suas causas e buscar ajuda médica, visando tratá-la eficientemente.
Causas comuns
A etiologia da síndrome de hoffa ainda não é plenamente compreendida, porém, reconhece-se uma associação com traumas agudos, diretos ou indiretos na região, assim como lesões por esforços repetitivos que sobrecarregam excessivamente o tecido gorduroso.
Ambas as situações acima descritas promovem, inicialmente, o surgimento de microlesões na gordura de hoffa e, consequentemente, o desenvolvimento de um processo inflamatório e seus sintomas associados, dentre eles, dor e edema.
Além disso, sabe-se que a hoffite é mais prevalente em pacientes que apresentam hiperextensão ou rotação excessiva do joelho durante a realização dos movimentos de extensão e flexão que envolvem essa articulação.
Ainda, a falta de fortalecimento dos músculos anteriores da coxa é mais um fator comumente relacionado a esse quadro clínico.
Diante das causas citadas, é possível identificar os motivos pelos quais praticantes de modalidades como corrida, ciclismo ou outros esportes de alto impacto para o membro inferior, assim como pessoas que realizam muitos movimentos como agachamentos, apresentam maior risco de desenvolver a síndrome.
Diagnóstico
A hoffite deve ser diagnosticada por meio da associação entre o exame clínico – constituído por observação dos sintomas e coleta das informações sobre o histórico do paciente – e, em geral, da realização da ressonância magnética.
Esse exame por imagem permite a identificação de microlesões e do processo inflamatório no tecido da gordura de hoffa e áreas adjacentes. Logo, é possível verificar tanto a presença da patologia, como o seu estágio de desenvolvimento.
Ressaltamos ainda outro teste frequentemente realizado quando há suspeita do quadro, o teste de hoffa. Por meio desse, o médico, enquanto o paciente realiza a extensão do joelho, faz a palpação do tendão patelar e consegue identificar a presença da dor típica da hoffite.
Outra característica importante que é muitas vezes observada durante a consulta, é o enrijecimento da área acometida, devido à fibrose do tecido gorduroso.
Enfim, uma vez diagnosticada a síndrome, define-se o melhor tratamento para cada situação específica.
Sintomas
Dentre os sintomas da hoffite, destacam-se a dor na região anterior do joelho, decorrente da lesão que acomete a área infrapatelar, e uma redução da amplitude de movimento articular.
Em relação às características da dor, citamos que é persistente, intensa, latejante e piora com a realização de movimentos do joelho. Além disso, pode tanto ser crônica, como aguda.
Salientamos que, dependendo do estágio de desenvolvimento da patologia, é possível observar um inchaço da área acometida, devido ao processo inflamatório que circunda a articulação, bem como à hipertrofia do tecido gorduroso.
Vale destacar, mais uma vez, que esse aumento no tamanho da gordura de hoffa está associado ao endurecimento e à dor no joelho, importantes indicadores para o diagnóstico clínico.
Com a evolução do quadro, surgem ainda outros sintomas como a presença de hemorragias e de fibrose tecidual, que podem ser identificadas a partir de exames de imagem.
Tratamento
A hoffite é tratada a partir de medidas que visam primeiramente reduzir a inflamação e os sintomas decorrentes desse processo, principalmente a dor e a perda de mobilidade.
Na sequência, busca-se eliminar a causa específica que promoveu o surgimento da condição clínica. Assim, evita-se que o quadro se torne recorrente e progrida cada vez mais, comprometendo a capacidade funcional do paciente.
Dentre as abordagens terapêuticas comumente relacionadas ao tratamento da síndrome de hoffa, citamos:
- uso de anti-inflamatórios;
- utilização de bandagens funcionais;
- sessões de fisioterapia.
Em relação aos fármacos, eles promovem tanto o alívio da dor como a redução da inflamação. Já as bandagens funcionais, além de promoverem o alinhamento da patela, minimizam a sobrecarga sobre a articulação do joelho.
Os objetivos principais da fisioterapia são o alívio do quadro doloroso, seguido de aumento da força, da resistência e da flexibilidade da musculatura anterior da coxa e articulação patelo-femoral.
Tal abordagem terapêutica utiliza diferentes técnicas, e dentre elas estão a crioterapia, a termoterapia, a eletroterapia e o uso de ultrassom.
Além do citado acima, vale ressaltar a importância da redução da sobrecarga sobre o joelho, principalmente durante a fase aguda do quadro. O indicado, nesse momento, é o repouso.
À medida que o tratamento minimiza os sintomas, pode-se voltar gradualmente à prática das atividades físicas, mas respeitando os limites do corpo e de forma atenta para evitar a recidiva da hoffite.
Finalmente, reforçamos mais uma vez a essencialidade em buscar tratamento assim que os sintomas da síndrome de hoffa surgem, pois, além de causar desconforto, ela reduz a capacidade funcional do paciente, comprometendo sua qualidade de vida.