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O que é LER/DORT? Quais as causas, sintomas e tratamentos?

LER é a sigla para Lesões por Esforços Repetitivos e DORT para Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho. Representam um grupo de afecções do sistema musculoesquelético.

 

O trabalho é uma atividade essencial na vida humana, através dele, o ser humano não só tem acesso a uma renda mensal, mas acima de tudo, vivencia diversas experiências, supre necessidades básicas, se relaciona interpessoalmente, etc.

Mas, para que o trabalho possa oferecer esses benefícios psicossociais, é preciso que o ambiente organizacional e as condições físicas e psicológicas do trabalho sejam adequadas, de forma contrária, podem ser desencadeadas doenças ocupacionais ou distúrbios emocionais.

Doença ocupacional consiste nas diversas patologias relacionadas ao trabalho, isso é, que tenham o trabalho como causa necessária ou como fator agravante de um transtorno ou doença física já estabelecida. De qualquer forma, o trabalho sempre será entendido como um fator que se relaciona com a saúde do trabalhador.

Desde o período posterior à Revolução Industrial, as doenças ocupacionais têm sido muito frequentes entre a classe trabalhadora, há uma gama de doenças relacionadas ao trabalho, uma delas é a LER/DORT, a qual este texto especifica.

O que é LER/DORT?

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LER é uma sigla referente a “Lesões por Esforços Repetitivos”, que consiste em um conjunto de doenças caracterizadas por sobrecarga no sistema musculoesquelético, principalmente no que tange os membros superiores, que geralmente são os membros que mais realizam tarefas, como os dedos, as mãos, os punhos, os braços e os ombros, mas pode também referir-se aos membros inferiores, que envolvem o joelho, as pernas e o quadril; e à coluna vertebral, que envolve pescoço, região torácica, lombar e cóccix.

A sigla DORT, por sua vez, refere-se a “Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho”, é possível perceber que essa sigla é mais específica, indica que os distúrbios são em nível ósseo e muscular, apontando que a doença se refere ao sistema musculoesquelético, diferente da sigla LER, que apesar de a doença se referir a tal sistema, a sigla não indica isso; além disso, a sigla DORT especifica também que são doenças ocupacionais.

Por isso, a sigla DORT foi incorporada na nomenclatura para torná-la mais completa e adequada, facilitando o diagnóstico e contribuindo com o direcionamento dos direitos previdenciários também de forma mais justa e adequada.

Hoje em dia, a estimativa de pessoas acometidas com LER/DORT chega a 3,5 milhões, de forma que as doenças de LER/DORT sejam as que mais causam afastamento e procedimentos da Previdência Social.

As doenças do espectro de LER/DORT mais comuns são: tendinopatias (das articulações do ombro, do punho e do cotovelo); bursites (inflamação e bursas sinoviais do ombro, do quadril, do joelho); lombalgias (dores na região lombar) e mialgias(dores musculares, principalmente pescoço, membros superiores e inferiores).

Causas da LER/DORT

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Hoje, o consenso na literatura é de que a causa das doenças de LER/DORT são biopsicossociais, isso é, o trabalho pode ser um fator causal necessário para o desenvolvimento de alguma doença, porém os fatores biológicos e fisiológicos do próprio trabalhador devem ser levados em conta, assim como os fatores psicológicos, que contribuem muito no desenvolvimento de diversas agravantes e os fatores sociais, que incluem cultura, comunicação e relacionamento. 

Para entender melhor como cada fator pode contribuir com a causalidade de LER/DORT, verifique a lista abaixo:

Trabalho: o fator do próprio trabalho consiste nas tarefas realizadas, se as mesmas exigem movimentos repetidos diariamente; consiste nas condições físicas do ambiente de trabalho, ou seja, se os equipamentos e materiais estão ergonomicamente adequados para a execução saudável da tarefa; consiste nas condições psicológicas do trabalho, ou seja, o trabalhador insatisfeito ou estressado se torna mais apto a desenvolver problemas físicos.

Biológicos: refere-se ao fator orgânico do próprio trabalhador, isso é, se há predisposição genética para desenvolver alguma LER/DORT, se o trabalhador é sedentário, significa que seu sistema musculoesquelético é enfraquecido e pouco flexível, o que também o torna suscetível à doenças ocupacionais descritas pela LER/DORT.

Psicológicos: esses fatores consistem na predisposição psicossomática que o próprio trabalhador possui, ou seja, problemas psicológicos podem desencadear sintomas físicos (somáticos), por exemplo, depressão, ansiedade, fibromialgia e síndrome miofascial. Em relação ao estresse, o trabalhador pode ser predisposto a desenvolvê-lo, porém para isso necessita de um fator secundário, que seria o trabalho.

Sociais: o ser humano é um ser social, e por isso, suas interações precisam ser saudáveis, de forma que se não houver interação insuficiente ou insatisfatória, o indivíduo é inevitavelmente afetado emocional e fisicamente. Estas interações no ambiente de trabalho envolvem a forma de relacionamento com o chefe, com os clientes e colegas. Além disso, insere-se nesse fator a questão da cultura que diz respeito aos costumes que o indivíduo tem, ou seja, a forma como cuida da sua saúde, as instruções e educação que possui.

Vale enfatizar que o trabalho é um fator necessário, pois quando as condições de trabalho não são respeitadas, a doença se instala. 

As condições envolvem: técnicas de execução da função; aspectos do local de trabalho (temperatura, iluminação, barulho, piso, estação de trabalho, mobília); materiais e equipamentos; duração da jornada e dos intervalos; aspecto físico do trabalhador (postura, força, repetição, vibração).

Sintomas de LER/DORT

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Como a LER/DORT é abrangente, os sintomas variam de acordo com a afecção. Porém, os sintomas encontrados, em geral, envolvem fadiga muscular, dor na região afetada, inflamação, inchaço, etc.

Agora, de forma específica, veja abaixo a descrição dos sintomas das principais afecções consideradas como LER/DORT:

  • Tendinopatias: dor na região afetada (ombro, joelho ou no braço), dor irradiada para regiões próximas, fraqueza, inchaço, limitação do movimento, cãibras
  • Bursites: dor na região, limitação de movimento;
  • Lombalgia: dor na lombar, alteração postural, dificuldade em realizar alguns movimentos, dor irradiada para perna, quadril e nádegas;
  • Mialgia: dor em músculo específico ou grupo muscular, a dor é caracterizada pela sensação de estiramento, formigamento, dormência, fisgada ou queimação.
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Tratamento de LER/DORT

Assim como a sintomatologia, os tratamentos de LER/DORT variam de acordo com a afecção específica, mas no geral envolvem a administração de medicamentos, fisioterapia e em alguns casos pode ser indicada a cirurgia.

Também está incluso no tratamento geral o repouso, a extinção dos fatores e eventos desencadeantes, prática regular de atividade física, psicoterapia e a adaptação do ambiente de trabalho de forma que esse se torne adequado à saúde do trabalhador.

Os medicamentos utilizados no tratamento de LER/DORT costumam ser analgésicos e anti-inflamatórios, mas em alguns casos pode haver a necessidade da administração de relaxante muscular, de antidepressivos tricíclicos e de infiltração de corticoides. 

A fisioterapia, por sua vez, auxilia em todos os casos de LER/DORT, pois ela é capaz de contribuir para o alívio da dor, aumentar a flexibilidade dos músculos e ligamentos, bem como fortalecer gradualmente os músculos dando resistência e sustentação aos ossos e ainda, auxilia na recuperação correta dos movimentos, já que na maioria dos casos o paciente evita ou é limitado a movimentar o local afetado.

A cirurgia é indicada apenas para casos que não respondem bem ao tratamento conservador. O procedimento cirúrgico depende da patologia, por exemplo, se for uma afecção em alguma articulação, poderá ser realizada a artroscopia, já se a afecção for muscular ou em estrutura óssea, a cirurgia poderá ser de via aberta.

O repouso é indicado logo quando aparecem os primeiros sintomas de LER/DORT e isso, dependendo da patologia, poderá incluir a imobilização da região afetada, como em casos de tendinopatias ou bursites. Além disso, a tarefa que oferece esforço repetitivo deve ser evitada até que o médico autorize o retorno.

Vale reforçar que assim como a fisioterapia, outras atividades físicas podem auxiliar, tanto na prevenção inicial, como para evitar o agravamento do quadro, e na recuperação da força no local afetado. Alguns exemplos de atividades: musculação, ginástica, crossfit, alongamento, dança, natação, pilates, Yoga, etc.

A psicoterapia pode ser indicada para o tratamento das patologias que tenham como causa ou agravante o fator psicológico, ou seja, são os casos de depressão, estresse, fibromialgia, síndrome miofascial e ansiedade. 

A modificação dos aspectos nos quais a empresa deve investir abrange a substituição de cadeiras, mesas, piso, o que for necessário; treinamento e orientação para que o funcionário passe a realizar a tarefa de modo mais saudável; incentivo à atividade física como fonte de fortalecimento do sistema musculoesquelético – podendo adotar a cultura de ginástica laboral.

Conclusão

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Vimos que LER/DORT é um enquadramento de afecções relacionadas ao esforço repetitivo decorrente das atividades laborais, e que afetam o sistema musculoesquelético.

Dessa forma, a LER/DORT é considerada como um amplo espectro de diversas doenças, principalmente as que acometem os membros superiores.

Os mais comuns são as mãos, os punhos, os ombros e a coluna, principalmente a lombar.

Mas vimos também que pode afetar vários grupos musculares de todo o corpo, e várias outras articulações dos membros inferiores.

A grande incidência de LER/DORT torna possível a conclusão de que as empresas, hoje em dia, carecem de condições mais adequadas a seus funcionários, de forma que se torna necessária uma conscientização no ramo organizacional da importância da segurança e da saúde do trabalhador e dos benefícios da ergonomia.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM-SP: 158074 / RQE: 65523 - 65524 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela USP. Pesquisador e Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP. Diretor de Marketing do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Integrante da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Secretário do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). Professor convidado do Curso de Pós-Graduação em Dor da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Revisor - Medicina Física e Reabilitação da Journal of the Brazilian Medical Association (AMB).  

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