O que é dor crônica?
Estima-se que cerca de 40 milhões de brasileiros sofram de dor crônica. Diferente da dor aguda, que serve como um alerta do corpo, a dor crônica muitas vezes deixa de ter uma função protetora e passa a ser a própria doença.
A intensidade pode variar de leve a excruciante, podendo ser episódica ou contínua. Para muitos, ela se torna não apenas um incômodo, mas uma condição incapacitante.
Nesse quadro, os sinais de dor permanecem ativos no sistema nervoso por meses ou até anos, gerando um alto custo físico e emocional.
As fontes mais comuns incluem dores de cabeça, dor nas articulações, sequelas de traumas e dor nas costas. Outros diagnósticos frequentes são tendinites, síndrome do túnel do carpo e dores cervicais ou pélvicas.
Dores generalizadas musculares (como na fibromialgia) ou dores neuropáticas também são causas comuns de cronificação.
A dor crônica pode ter origem em um trauma inicial, uma infecção ou uma causa contínua. No entanto, algumas pessoas desenvolvem dor crônica sem histórico de lesão ou dano tecidual visível.
O estado emocional influencia diretamente a percepção da dor. Ansiedade, estresse, depressão e fadiga interagem de forma complexa com o sistema nervoso, podendo inibir a produção natural de analgésicos do corpo. Esses fatores podem aumentar a sensibilidade à dor, criando um ciclo vicioso de sofrimento.
Além disso, a dor persistente pode impactar o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a outras condições.
Devido a essa forte conexão entre mente e corpo, tratamentos eficazes exigem uma abordagem que considere tanto os aspectos físicos quanto o suporte psicológico e emocional.
Impacto da dor crônica na vida diária
A dor crônica afeta profundamente a qualidade de vida e a produtividade. Frequentemente, vem acompanhada de fadiga extrema, insônia, alterações de humor e isolamento social.
Além do sofrimento pessoal, o impacto econômico é gigantesco. Gastos com tratamentos, internações e a perda de dias de trabalho geram prejuízos bilionários anualmente, tanto para o sistema de saúde quanto para a economia global.
Diferenças entre dor aguda e dor crônica
Dor Aguda
Alerta sobre lesão ou doença
Causa geralmente identificável
Desaparece com a cura da lesão
Responde bem a analgésicos comuns
Tempo limitado (dias ou semanas)
Dor Crônica
Perde a função de proteção
Causa muitas vezes complexa ou difusa
Persiste por meses ou anos
Exige tratamento multimodal (medicamentos + terapias)
Impacta a saúde mental e social

Quais são os sintomas da dor crônica?
Persistência
Dor variando de leve a severa que não cessa com o tempo esperado de cura.
Sensações variadas
Pode ser descrita como pontada, queimação, choque elétrico, peso ou formigamento.
Desconforto difuso
Sentimento de rigidez muscular, hipersensibilidade ao toque ou pressão.
A dor nunca vem sozinha. Problemas associados incluem:
Fadiga crônica
Sensação de cansaço extremo e falta de energia física e mental.
Distúrbios do sono
A dificuldade para dormir ou manter o sono é comum e piora a percepção da dor no dia seguinte.
Impacto profissional
Redução da produtividade, necessidade de afastamentos e dificuldade de concentração.
Imunidade
O estresse constante da dor pode enfraquecer a resposta imunológica do corpo.
Saúde Mental
Aumento de casos de ansiedade, depressão, irritabilidade e sentimento de desesperança.
Limitações Funcionais
Dificuldade em realizar tarefas diárias, afetando relações familiares e sociais.
Tratamento para dor crônica
O tratamento da dor crônica é personalizado e, muitas vezes, multidisciplinar. As opções medicamentosas incluem analgésicos comuns, anti-inflamatórios e, em casos específicos, opióides supervisionados. Medicamentos tópicos (adesivos, cremes) também são alternativas para ação local com menos efeitos colaterais sistêmicos.
Curiosamente, medicamentos originalmente desenvolvidos para outras finalidades, como anticonvulsivantes e antidepressivos, são extremamente eficazes no controle da dor crônica, pois atuam modulando a forma como o cérebro processa os sinais dolorosos.
Além dos remédios, abordagens não farmacológicas são essenciais. Exercícios físicos guiados e reabilitação são fundamentais para recuperar a função. Terapias como a acupuntura médica também oferecem alívio significativo.
Se houver comorbidades, como diabetes, o controle rigoroso da doença de base é vital para aliviar a dor e prevenir a neuropatia.
Em casos mais complexos, um médico especialista em dor pode indicar procedimentos minimamente invasivos, como infiltrações, bloqueios nervosos, ondas de choque ou neuromodulação.
A eletroestimulação (TENS, PENS) é outra ferramenta que ajuda a bloquear os sinais de dor antes que cheguem ao cérebro, controlando os sintomas de forma não medicamentosa.
Terapias complementares no manejo da dor:
No tratamento farmacológico da dor crônica, especialmente a neuropática, o objetivo não é apenas “esconder” a dor, mas modular o sistema nervoso.
Os **antidepressivos** (especialmente os tricíclicos e duais) são frequentemente a primeira linha de tratamento. Em doses analgésicas (geralmente menores que para depressão), eles aumentam a disponibilidade de substâncias como serotonina e noradrenalina, que ajudam a inibir a passagem do sinal doloroso na medula espinhal.
Os **anticonvulsivantes** (como gabapentina e pregabalina) funcionam “acalmando” os nervos hiperexcitados, reduzindo disparos elétricos anormais que o cérebro interpreta como dor.
Para dores refratárias (que não respondem aos tratamentos iniciais), o médico pode considerar o uso de opióides com rigorosa supervisão, ou realizar rotação de medicamentos para encontrar a melhor combinação com menos efeitos colaterais.
É importante ressaltar que o medicamento isolado raramente resolve o problema por completo. A “fórmula de sucesso” para o alívio da dor crônica geralmente envolve a combinação de intervenção médica, reabilitação física e suporte emocional.
Diagnóstico: Como identificar a causa?
A dor é uma experiência subjetiva; não existe um “dolorímetro” objetivo.
Por isso, o relato do paciente é fundamental. O médico investigará a localização, duração, tipo de sensação (queimação, peso, pontada) e os fatores que pioram ou aliviam a dor.
Escalas visuais (como notas de 0 a 10) ajudam a monitorar a evolução do tratamento e o impacto da dor na funcionalidade do dia a dia.
Exames complementares são solicitados para confirmar suspeitas ou excluir outras causas graves (como infecções ou tumores).
Exames de sangue auxiliam na detecção de doenças inflamatórias ou reumatológicas.
Imagens (Raio-X, Ultrassom, Ressonância) avaliam a estrutura óssea e tecidos moles (tendões, ligamentos, hérnias). Em casos de suspeita de dano nos nervos, a Eletroneuromiografia pode ser necessária.
O Ciclo Vicioso da Dor Crônica
1. Dor
Início do estímulo doloroso persistente
2. Tensão
Estresse, ansiedade e medo do movimento
3. Inatividade
Enfraquecimento muscular e rigidez
4. Mais Dor
O corpo fica mais sensível e a dor aumenta
Interromper este ciclo é o principal objetivo do tratamento multidisciplinar.
Pilares do Tratamento da Dor
Médico / Intervencionista
- Diagnóstico preciso
- Controle medicamentoso
- Bloqueios e infiltrações
- Neuromodulação
Físico / Reabilitação
- Fortalecimento muscular
- Correção postural
- Melhora da amplitude
- Dessensibilização
Emocional / Cognitivo
- Gerenciamento do estresse
- Higiene do sono
- Enfrentamento do medo
- Biofeedback
Somos uma clínica premium localizada na região central de São Paulo (Jardins). Nossa equipe é formada por médicos e profissionais especialistas em Dor e Reabilitação, com atuação no Grupo de Dor da Neurologia e Ortopedia do Hospital das Clínicas da FMUSP.



