A meralgia parestésica é uma síndrome de compressão nervosa que provoca sensação de queimação, dormência e formigamento na região lateral e frontal da coxa. Essa condição ocorre quando o nervo cutâneo femoral lateral (NCFL) — responsável pela sensibilidade da pele nessa área — é comprimido ou aprisionado ao passar pela região da pelve e virilha[1]Harney D, Patijn J. Meralgia paresthetica: diagnosis and management strategies. Pain Medicine. 2007 Nov 1;8(8):669-77. Disponível em: https://academic.oup.com/painmedicine/article/8/8/669/1909720.
Para entender essa condição, é importante saber que todo o nosso corpo possui uma rede de nervos. Os nervos são estruturas do sistema nervoso que funcionam como “cabos de comunicação”, transmitindo informações entre o cérebro, a medula espinhal e todas as partes do corpo.
Existem dois tipos principais de nervos: os nervos motores, que controlam os movimentos dos músculos, e os nervos sensoriais, que captam sensações como dor, temperatura, toque e pressão. O nervo cutâneo femoral lateral é um nervo exclusivamente sensorial — ou seja, ele não controla movimentos, apenas transmite sensações da pele da coxa para o cérebro.
Esse nervo tem origem na coluna lombar (vértebras L2 e L3) e percorre um trajeto específico até a coxa. Durante esse percurso, ele passa por baixo do ligamento inguinal — uma faixa de tecido fibroso localizada na virilha, entre o osso do quadril e o osso púbico. É justamente nessa passagem que o nervo pode ser comprimido, dando origem à meralgia parestésica[2]Cheatham SW, Kolber MJ, Salamh PA. Meralgia paresthetica: a review of the literature. International journal of sports physical therapy. 2013 Dec;8(6):883. Disponível em: … Continue reading.
O que é meralgia parestésica?
O nome “meralgia parestésica” vem do grego: “meros” significa coxa e “algos” significa dor.
Assim, meralgia significa literalmente “dor na coxa”. Já o termo “parestesia” refere-se a sensações anormais na pele, como formigamento, dormência, queimação ou “agulhadas”.
Unindo os dois termos, meralgia parestésica descreve uma condição caracterizada por dor na coxa acompanhada dessas sensações anormais.
Essa condição também é conhecida na literatura médica como síndrome de Bernhardt-Roth, em homenagem aos dois médicos que primeiro descreveram a doença no final do século XIX.
Trata-se de uma neuropatia (doença que afeta um nervo), especificamente o nervo cutâneo femoral lateral[3]Haim A, Pritsch T, Ben-Galim P, Dekel S. Meralgia paresthetica: a retrospective analysis of 79 patients evaluated and treated according to a standard algorithm. Acta orthopaedica. 2006 Jan … Continue reading.
A meralgia parestésica é uma condição relativamente comum: estima-se que afete aproximadamente 3 a 5 pessoas por ano a cada 10.000 habitantes. É mais frequente em homens do que em mulheres, e a faixa etária mais acometida é entre 30 e 65 anos. No entanto, pode ocorrer em qualquer idade, especialmente quando existem fatores de risco como obesidade ou uso de roupas muito apertadas.
Anatomia do Nervo Cutâneo Femoral Lateral
Entenda o Trajeto do Nervo:
- Origem: O nervo nasce na coluna lombar (vértebras L2 e L3)
- Trajeto: Desce pela pelve em direção à virilha
- Ponto crítico: Passa por baixo do ligamento inguinal (onde pode ser comprimido)
- Destino: Inerva a pele da região lateral e frontal da coxa
Causas e Fatores de Risco para meralgia parestésica
A compressão do nervo cutâneo femoral lateral (NCFL) é a causa direta da meralgia parestésica. Esse nervo é responsável por transmitir as sensações de toque, temperatura e dor da pele da coxa para o cérebro.
O trajeto do nervo começa na medula espinhal, passa pela região pélvica e desce pela parte externa da coxa. Por ser um nervo exclusivamente sensorial, sua compressão não causa fraqueza muscular nem afeta a capacidade de movimentar a perna — apenas altera as sensações na pele.
Normalmente, o nervo percorre esse caminho sem problemas. Porém, na meralgia parestésica, ele fica aprisionado ou comprimido, geralmente na região onde passa por baixo do ligamento inguinal[4]Parisi TJ, Mandrekar J, Dyck PJ, Klein CJ. Meralgia paresthetica: relation to obesity, advanced age, and diabetes mellitus. Neurology. 2011 Oct 18;77(16):1538-42...
Diversos fatores podem causar essa compressão, tanto externos (relacionados a hábitos e comportamentos) quanto internos (condições médicas). Conheça os principais:
Roupas apertadas
Cintos muito justos, jeans de cintura alta e ajustados, calças skinny ou uniformes apertados na região da cintura são causas frequentes. A pressão constante dessas vestimentas sobre a virilha pode comprimir o nervo contra o ligamento inguinal ao longo do tempo, especialmente quando usadas por muitas horas seguidas.
Cintas modeladoras e corpetes
O uso frequente de cintas modeladoras, que comprimem o abdome para afinar a cintura, é uma causa cada vez mais comum de meralgia parestésica. Essas peças exercem pressão direta sobre a região inguinal, podendo comprimir o nervo cutâneo femoral lateral. O mesmo vale para corpetes, faixas abdominais apertadas e alguns tipos de shapewear.
Gravidez
Durante a gestação, o útero em crescimento e o ganho de peso natural exercem pressão adicional sobre toda a região pélvica e inguinal. Isso pode comprimir temporariamente o nervo cutâneo femoral lateral, causando meralgia parestésica em algumas gestantes, principalmente no terceiro trimestre. A boa notícia é que, na maioria dos casos, os sintomas melhoram ou desaparecem após o parto.
Postura inadequada
Permanecer muitas horas sentado com postura incorreta — como escorregar na cadeira, curvar excessivamente a coluna lombar ou cruzar as pernas por longos períodos — pode comprimir o nervo na região inguinal. Profissionais que trabalham sentados por longas jornadas (motoristas, escriturários, programadores) têm maior risco.
Atividades físicas intensas ou repetitivas
Exercícios de alta intensidade ou movimentos repetitivos que envolvem flexão e extensão frequente do quadril podem irritar ou comprimir o nervo. Exemplos incluem: agachamentos com carga elevada, corridas de longa distância, ciclismo prolongado, subir escadas carregando peso e exercícios abdominais intensos. Atletas e praticantes de musculação devem estar atentos a esses sintomas.
Obesidade e excesso de gordura abdominal
O acúmulo de gordura na região abdominal e nos quadris aumenta a pressão sobre a virilha, área por onde o nervo passa. Esse excesso de tecido adiposo pode comprimir o nervo contra o ligamento inguinal. Estudos mostram que pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30 têm risco significativamente maior de desenvolver meralgia parestésica. A perda de peso é frequentemente parte importante do tratamento.
Diabetes mellitus
Pessoas com diabetes têm maior predisposição a neuropatias (doenças dos nervos) em geral, incluindo a meralgia parestésica. O excesso de açúcar no sangue pode danificar os nervos ao longo do tempo, tornando-os mais vulneráveis à compressão. O controle adequado da glicemia é fundamental para prevenir e tratar essa condição em diabéticos.
Tumores e lesões locais
Embora menos comuns, tumores benignos (como lipomas — tumores de gordura) ou malignos na região pélvica podem comprimir o nervo cutâneo femoral lateral. Lesões ou massas próximas ao trajeto do nervo também podem causar os sintomas. Por isso, é importante a avaliação médica para descartar essas causas.
Traumas e fraturas
Fraturas na região do quadril ou da pelve, especialmente próximas à espinha ilíaca anterossuperior (a “ponta” do osso do quadril que podemos sentir na virilha), podem deslocar estruturas e comprimir o nervo. Traumas diretos na região, como acidentes ou quedas, também podem lesar o nervo ou causar inflamação local.
Procedimentos cirúrgicos prévios
Cirurgias na região da virilha, quadril ou abdômen podem causar meralgia parestésica como complicação. Procedimentos como correção de hérnia inguinal, cirurgias ortopédicas do quadril, apendicectomia, cesariana ou colecistectomia (retirada da vesícula) podem lesionar diretamente o nervo ou levar à formação de tecido cicatricial que o comprime. Essa causa é chamada de “iatrogênica” (causada por procedimento médico).
Avalie seu Risco de Meralgia Parestésica
Responda às perguntas abaixo para uma avaliação inicial. Este quiz não substitui uma consulta médica.
1. Você usa frequentemente roupas apertadas na cintura (cintos justos, jeans skinny, cintas modeladoras)?
Sintomas da meralgia parestésica
Os sintomas da meralgia parestésica são tipicamente intermitentes — ou seja, vêm e vão, podendo ter períodos de melhora e piora. A intensidade varia de pessoa para pessoa: alguns sentem apenas um leve desconforto, enquanto outros experimentam dor significativa que interfere nas atividades diárias.
Os principais sintomas relatados pelos pacientes incluem:
- Dor em queimação ou ardência na parte lateral e frontal da coxa
- Dormência (hipoestesia) — sensação de que a região está “adormecida”
- Formigamento (parestesia) — sensação de “alfinetadas” ou “agulhadas”
- Piora dos sintomas ao ficar em pé, caminhar ou sentar por longos períodos
- Alívio ao deitar ou ao afrouxar roupas apertadas
- Sensibilidade aumentada ao toque leve na região (às vezes, até o contato com a roupa incomoda)
Sinais Clínicos Detalhados
- 01.
Dor e parestesias características
O sintoma mais marcante da meralgia parestésica é a dor localizada na região ântero-lateral da coxa (parte da frente e lateral). Essa dor tem características específicas: geralmente é descrita como queimação, ardor ou pontadas. Os pacientes frequentemente relatam que a sensação é semelhante a "fogo" ou "formigamento intenso" na pele. Essas parestesias tendem a se intensificar durante atividades como caminhar, ficar em pé por tempo prolongado ou subir escadas. - 02.
Alteração da sensibilidade tátil
A meralgia parestésica causa alterações perceptíveis na sensibilidade da pele. O paciente pode apresentar hipoestesia (redução da sensibilidade), sentindo menos o toque, a temperatura ou a dor na região afetada. Paradoxalmente, alguns pacientes desenvolvem hiperestesia (sensibilidade aumentada), na qual até mesmo o toque leve da roupa ou do lençol causa desconforto. Ao exame médico, a palpação da região pode desencadear dor ou sensações anormais.
- 03.
Piora com movimentos e posturas específicas
Movimentos que esticam ou tracionam a região da virilha costumam agravar os sintomas. Exemplos incluem: caminhar longas distâncias, subir escadas repetidamente, permanecer muito tempo em pé ou em posição ereta, e estender a perna para trás. Fatores externos também influenciam: cintos apertados, roupas justas na cintura, bolsas transversais ou mochilas com alças que pressionam a região podem desencadear ou piorar a dor, pois aumentam a compressão sobre o nervo.
- 04.
Alívio ao remover o fator de compressão
Uma característica importante que ajuda no diagnóstico é o alívio dos sintomas quando o fator de compressão é removido. Por exemplo: afrouxar o cinto, trocar uma calça justa por uma mais folgada, ou deitar-se costuma trazer melhora rápida do desconforto. Esse padrão de alívio com a descompressão é um forte indicativo de que a causa da dor é realmente o aprisionamento do nervo cutâneo femoral lateral.
- 05.
Ausência de fraqueza muscular
É fundamental entender que o nervo cutâneo femoral lateral é exclusivamente sensitivo — ele não controla nenhum músculo. Por isso, a meralgia parestésica NÃO causa fraqueza muscular, dificuldade para andar, alterações nos reflexos ou incapacidade de movimentar a perna. Se houver algum desses sintomas, é necessário investigar outras condições neurológicas, pois provavelmente há envolvimento de outros nervos além do cutâneo femoral lateral.
Checklist de Sintomas
Marque os sintomas que você está experimentando
Importante: Este checklist é apenas informativo e não substitui uma avaliação médica. Se você apresenta vários destes sintomas, consulte um especialista.
Os sintomas concentram-se especificamente na lateral externa e na face frontal da coxa, podendo se estender desde a região do quadril até próximo ao joelho. A intensidade pode variar ao longo do dia e costuma piorar quando o paciente permanece muito tempo em pé ou caminha por períodos prolongados.
É importante destacar que, embora a dor seja localizada na coxa, alguns pacientes relatam irradiação (propagação) do desconforto para regiões próximas como joelho, panturrilha, coluna lombar e quadril. Essa irradiação geralmente ocorre como consequência de compensações posturais — ou seja, o corpo tenta se adaptar para evitar a dor, alterando a forma de andar ou de se posicionar, o que sobrecarrega outras estruturas.
Exames para Diagnóstico
Diagnosticar a meralgia parestésica pode ser desafiador, pois a dor na virilha e na coxa tem diversas causas possíveis, como hérnias, tendinites, fraturas por estresse, bursite do quadril ou problemas na coluna lombar.
O médico especialista utiliza uma combinação de exame clínico detalhado e, quando necessário, exames complementares para confirmar o diagnóstico e descartar outras condições. Conheça os principais métodos diagnósticos:
Exame físico e anamnese
É o primeiro e mais importante passo do diagnóstico. O médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas (localização, intensidade, fatores de piora e melhora), hábitos (uso de roupas apertadas, ocupação, atividade física), histórico médico (diabetes, cirurgias prévias, ganho de peso recente) e realizará testes específicos de sensibilidade na coxa. A palpação da região inguinal e manobras que reproduzem a compressão do nervo ajudam a confirmar o diagnóstico.
Ressonância magnética (RM)
A ressonância magnética é excelente para avaliar tecidos moles (músculos, ligamentos, nervos). Pode identificar processos inflamatórios, edema (inchaço) ou compressão direta do nervo. Também é útil para detectar lipomas, tumores ou hérnias que possam estar comprimindo o nervo. Além disso, a RM serve para descartar outras condições que causam dor na coxa, como hérnia de disco lombar, estenose do canal vertebral ou doenças do quadril.
Ultrassonografia com Doppler
A ultrassonografia é um exame não invasivo, sem radiação, que permite visualizar em tempo real as estruturas próximas ao nervo cutâneo femoral lateral. Pode identificar espessamento do nervo (sinal de irritação crônica), presença de cistos, lipomas ou outras massas, além de alterações vasculares. É útil também para guiar infiltrações e bloqueios diagnósticos ou terapêuticos.
Tomografia computadorizada (TC)
A tomografia é especialmente útil para avaliar estruturas ósseas, identificando eventuais osteófitos (esporões ósseos) ou alterações na pelve que possam comprimir o nervo. Embora seja menos sensível que a ressonância para avaliar tecidos moles, é uma alternativa importante para pacientes que não podem realizar RM — como portadores de próteses metálicas, marcapassos ou outros dispositivos incompatíveis com o campo magnético.
Eletroneuromiografia (ENMG)
A eletroneuromiografia é um exame que avalia a função dos nervos e músculos através de estímulos elétricos. Na meralgia parestésica, pode demonstrar alterações na condução nervosa do nervo cutâneo femoral lateral. Esse exame é particularmente útil quando há dúvida diagnóstica ou quando se suspeita de envolvimento de outros nervos. Também ajuda a diferenciar a meralgia parestésica de outras neuropatias ou radiculopatias (problemas na raiz do nervo na coluna).
Bloqueio diagnóstico
Uma técnica diagnóstica importante é o bloqueio anestésico do nervo cutâneo femoral lateral. Consiste na injeção de anestésico local próximo ao nervo, geralmente guiada por ultrassom. Se os sintomas desaparecerem temporariamente após a injeção, confirma-se que a origem da dor é realmente a compressão desse nervo. Esse procedimento também pode ter efeito terapêutico quando combinado com corticosteroides.
É importante diferenciar a meralgia parestésica de outras condições que causam dor na região da virilha e coxa. Uma delas é a lesão do nervo obturador.
O nervo obturador é diferente do nervo cutâneo femoral lateral: ele inerva a parte interna da coxa (não a lateral) e tem função tanto sensitiva quanto motora. Isso significa que uma lesão do nervo obturador pode causar não apenas dor e alterações de sensibilidade na parte interna da coxa, mas também fraqueza muscular — especialmente para movimentos como fechar as pernas (adução), equilibrar-se, girar e flexionar o quadril.
O nervo obturador também se origina no plexo lombar (a rede de nervos da coluna lombar que inerva os membros inferiores), mas seu trajeto e área de atuação são distintos do nervo cutâneo femoral lateral.
A diferenciação entre essas duas condições é importante porque o tratamento pode variar. Se além de dor e alterações sensitivas houver fraqueza muscular na perna, é necessário investigar o envolvimento do nervo obturador ou de outros nervos do plexo lombar.
Tratamento para meralgia parestésica
O primeiro passo para um tratamento eficaz é o diagnóstico correto, realizado pelo médico especialista. Durante a consulta, o médico realizará exame físico detalhado e fará perguntas sobre seu histórico médico, hábitos de vida, medicamentos em uso, atividades profissionais, características da dor e sensações que você está experimentando. Quando necessário, serão solicitados exames complementares para confirmar o diagnóstico.
O plano de tratamento será personalizado de acordo com o perfil do paciente. Por exemplo: se a paciente estiver grávida, serão priorizados tratamentos seguros para a gestação; se o paciente tiver obesidade, a perda de peso será parte importante do tratamento; se a causa for uso de roupas apertadas, a mudança de hábitos será o foco inicial[5]Ata AM. Ultrasound-guided diagnosis and treatment of meralgia paresthetica. Pain Physician. 2016 May;19:E667-9..
Meralgia Parestésica – Quanto tempo dura?
O tempo de recuperação varia de acordo com a causa, a gravidade do caso e a adesão ao tratamento.
Em casos leves, nos quais a causa é identificada e removida rapidamente (como trocar roupas apertadas por mais folgadas), os sintomas podem melhorar em poucos dias a semanas. Já em casos mais complexos, a recuperação pode levar alguns meses.
A boa notícia é que aproximadamente 85% dos pacientes com meralgia parestésica apresentam recuperação satisfatória com tratamento conservador (não cirúrgico). Esse dado é muito animador e reforça a importância de buscar tratamento adequado.
Algumas situações específicas têm prognósticos bem definidos:
- Casos iatrogênicos (pós-cirúrgicos): geralmente melhoram em cerca de 3 meses, à medida que o tecido cicatricial amadurece e a inflamação diminui.
- Meralgia na gravidez: na maioria dos casos, os sintomas melhoram ou desaparecem após o parto, quando a pressão sobre a região pélvica diminui.
- Casos associados à obesidade: a melhora está diretamente relacionada à perda de peso, podendo ser mais gradual.
É fundamental trabalhar em parceria com seu médico para determinar o plano de tratamento mais eficaz para o seu caso específico e acompanhar a evolução dos sintomas.
Linha do Tempo de Recuperação
Expectativa de evolução com tratamento adequado (casos típicos)
Fase Inicial
- Diagnóstico médico e identificação da causa
- Início das mudanças de hábitos (roupas, postura)
- Possível início de medicação para alívio dos sintomas
- Primeiros sinais de melhora em casos leves
Adaptação
- Corpo se adapta às mudanças implementadas
- Redução gradual da intensidade dos sintomas
- Possível indicação de reabilitação
- Reavaliação médica do progresso
Consolidação
- Melhora significativa na maioria dos pacientes
- Possível alta da reabilitação
- Se necessário, procedimentos como infiltrações
- Ajuste fino do tratamento conforme resposta
Manutenção
- 85% dos pacientes recuperados com tratamento conservador
- Manutenção dos hábitos saudáveis para prevenir recidivas
- Casos refratários: avaliação de tratamentos avançados
- Acompanhamento periódico conforme necessidade
Nota: Esta linha do tempo representa uma evolução típica. O tempo real de recuperação varia conforme a causa, gravidade e adesão ao tratamento. Converse com seu médico sobre suas expectativas específicas.
Tratamento conservador para meralgia parestésica
O tratamento conservador (não cirúrgico) é a primeira linha de abordagem e é eficaz na grande maioria dos casos. O princípio fundamental é identificar e eliminar o fator que está causando a compressão do nervo.
[Fonte: Cochrane Database of Systematic Reviews, 2012]Evite cintos apertados, jeans justos e cintas modeladoras. Optar por roupas confortáveis na cintura alivia a pressão direta sobre o nervo.
Se houver sobrepeso, a redução do peso corporal diminui a pressão sobre a região inguinal. Mesmo perdas modestas trazem melhora significativa.
Identifique atividades que pioram a dor (ex: ficar muito tempo em pé). Não pare de se exercitar, mas adapte a atividade para não pressionar a virilha.
Alongamento dos flexores do quadril e fortalecimento do core (abdômen e lombar) ajudam a reduzir a tensão muscular e melhorar a postura.
Frio: para inflamação e dor aguda.
Calor: para relaxar a musculatura.
Seu médico orientará o melhor para o seu momento.
Auxilia na redução da tensão muscular na região afetada e melhora a circulação local, contribuindo para o alívio dos sintomas.
Técnica reconhecida para controle da dor neuropática. A inserção de agulhas estimula analgésicos naturais (endorfinas) e modula a transmissão dos sinais de dor.
Tratamento Especializado em São Paulo
Clínica Dr. Hong Jin Pai - Especialistas em Dor
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Al. Jaú, 687 - Região Central de São Paulo
Equipe Especializada
Médicos do Grupo de Dor do HC-FMUSP
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Tratamentos não cirúrgicos disponíveis:
(11) 99160-4480
Tratamento Intervencionista para Meralgia Parestésica
Quando o tratamento conservador não é suficiente para controlar os sintomas, ou em casos de dor mais intensa, podem ser indicados procedimentos intervencionistas. Esses procedimentos são minimamente invasivos e têm como objetivo reduzir a inflamação e a dor diretamente no local afetado.
Infiltração com corticosteroides
As infiltrações de corticosteroides (anti-inflamatórios potentes) podem ser altamente eficazes para reduzir a inflamação e a dor causadas pela irritação do nervo cutâneo femoral lateral.
Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, realizamos infiltrações guiadas por imagem (ultrassom) após uma avaliação médica completa, na qual os riscos e benefícios do procedimento são discutidos detalhadamente com o paciente.
Como é feita a infiltração?
O procedimento é realizado com uma pequena dose de corticoide combinada com anestésico local. A injeção é direcionada para o tecido ao redor do nervo (perineural), com cuidado para evitar injeção direta no nervo. O procedimento em si é rápido, durando geralmente entre 30 e 60 segundos, após os quais é aplicado um curativo e são fornecidas orientações pós-procedimento.
O que esperar após a infiltração?
Após o procedimento, o paciente recebe orientações específicas e deve observar o local para identificar possíveis sinais de complicação (raros), como vermelhidão intensa, calor, sensibilidade aumentada, inchaço ou febre.
É normal que, após o efeito do anestésico local passar (4 a 5 horas), possa haver uma piora temporária dos sintomas. Isso pode durar de 3 a 5 dias e faz parte da resposta inflamatória inicial ao procedimento. Durante esse período, recomenda-se:
- Aplicação de gelo no local por 10-15 minutos a cada hora, conforme necessário
- Evitar atividades físicas intensas nos primeiros dias
- Usar roupas confortáveis e folgadas na região
O efeito terapêutico completo do corticoide geralmente é percebido após 5 a 7 dias, quando a inflamação ao redor do nervo diminui significativamente.
Medicamentos para Meralgia Parestésica
Os medicamentos auxiliam no controle dos sintomas enquanto tratamos a causa base. A escolha depende da intensidade da dor e do perfil de cada paciente.
Ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco. Úteis na fase inicial para inflamação e dor. Uso por curtos períodos para evitar problemas gástricos.
Adesivos aplicados diretamente na pele. Ajudam a bloquear a dor localmente sem efeitos sistêmicos. Opção segura e prática.
Gabapentina e pregabalina. Reduzem a "hiperexcitabilidade" dos nervos, diminuindo choques e queimação.
Amitriptilina e duloxetina. Modulam a dor no sistema nervoso central. Eficazes para dor neuropática mesmo sem depressão.
Anti-inflamatórios potentes (oral ou infiltração). Reduzem a inflamação ao redor do nervo em casos mais intensos.
Tramadol e codeína. Reservados para dor intensa que não responde a outros tratamentos. Uso restrito e controlado.
Outras opções de tratamento para meralgia parestésica
Quando o tratamento conservador e os medicamentos não proporcionam alívio adequado, existem outras opções terapêuticas que podem ser consideradas. Essas técnicas são realizadas por médicos especializados e visam atuar diretamente sobre o nervo afetado ou os tecidos ao redor:
Agulhamento seco (dry needling)
Técnica que utiliza agulhas de acupuntura inseridas em pontos gatilho (nódulos musculares dolorosos) na região afetada. O objetivo é provocar uma resposta de contração muscular que libera a tensão e melhora o fluxo sanguíneo local. Pode ajudar a relaxar músculos que estejam contribuindo para a compressão do nervo e reduzir a dor referida na região da coxa.
Radiofrequência pulsada
Procedimento minimamente invasivo no qual uma agulha especial é posicionada próxima ao nervo cutâneo femoral lateral, guiada por imagem. Através dessa agulha, são emitidas ondas de radiofrequência que modulam a atividade do nervo, reduzindo a transmissão dos sinais de dor sem destruir o nervo. O procedimento é realizado com anestesia local e o paciente pode retornar às atividades normais em poucos dias.
Bloqueio nervoso com corticosteroide
Diferente da infiltração simples, o bloqueio nervoso visa depositar o medicamento (anestésico + corticosteroide) o mais próximo possível do nervo, geralmente guiado por ultrassom ou fluoroscopia. Proporciona alívio mais duradouro e pode ser repetido se necessário. Em casos de meralgia parestésica refratária, pode ser uma opção eficaz antes de considerar cirurgia.
PENS (Estimulação Elétrica Nervosa Percutânea)
Técnica que combina elementos da acupuntura e da eletroestimulação. Agulhas finas são inseridas próximas ao trajeto do nervo e conectadas a um aparelho que emite estímulos elétricos de baixa intensidade. Esses estímulos modulam a atividade nervosa e podem proporcionar alívio da dor neuropática.
Fluxograma de Tratamento
Como o médico decide o melhor tratamento para cada caso
(mudanças de hábitos, roupas, peso)
Continuar hábitos saudáveis
(infiltrações, bloqueios, radiofrequência)
(neurólise ou neurectomia)
dos pacientes melhoram com tratamento conservador
precisam de tratamentos intervencionistas
necessitam de tratamento cirúrgico
Procedimento cirúrgico para meralgia parestésica
A cirurgia é reservada para casos que não respondem adequadamente ao tratamento conservador e intervencionista, ou para casos com recidivas frequentes. Felizmente, a necessidade de cirurgia é rara — menos de 5% dos pacientes chegam a esse ponto.
Existem duas técnicas cirúrgicas principais para o tratamento da meralgia parestésica:
1. Neurólise (descompressão): É o procedimento preferido quando possível. Consiste em liberar o nervo de qualquer estrutura que esteja comprimindo-o — como tecido cicatricial, parte do ligamento inguinal ou outras estruturas. O objetivo é permitir que o nervo volte a funcionar normalmente, preservando sua função sensitiva.
2. Neurectomia: Consiste na secção (corte) de um segmento do nervo cutâneo femoral lateral. É indicada quando a neurólise não é possível ou não foi eficaz. Como consequência, haverá dormência permanente na região inervada pelo nervo, mas os sintomas de dor e sensações anormais cessam.
A incisão cirúrgica é pequena (geralmente menos de 5 cm) e é feita próxima à espinha ilíaca anterossuperior — a proeminência óssea que pode ser palpada na parte frontal do quadril. Por essa incisão, o cirurgião localiza e expõe o nervo cutâneo femoral lateral para realizar o procedimento escolhido.
Pós-operatório: A recuperação cirúrgica é geralmente tranquila. Os cuidados incluem higiene e curativo adequados da ferida operatória, uso dos medicamentos prescritos (analgésicos e anti-inflamatórios), repouso relativo nos primeiros dias e retorno gradual às atividades. O acompanhamento médico é essencial para avaliar a cicatrização e a melhora dos sintomas.
Na maioria dos casos cirúrgicos, há melhora significativa ou completa dos sintomas. Porém, mesmo após a cirurgia bem-sucedida, é importante manter hábitos que previnam a recidiva da condição — como evitar ganho excessivo de peso e uso de roupas muito apertadas.
Considerações finais e prevenção
Embora a meralgia parestésica não seja amplamente conhecida pela população, suas causas são muito comuns em nossa sociedade. A obesidade e o sobrepeso afetam grande parte dos brasileiros, e o hábito de usar roupas justas e cintas modeladoras é frequente, especialmente entre as mulheres.
Quando pensamos em consequências do estilo de vida inadequado, geralmente lembramos de doenças cardiovasculares (como infarto e AVC) ou metabólicas (como diabetes). Porém, os nervos também sofrem com esses hábitos, podendo levar a neuropatias como a meralgia parestésica — que, em casos extremos, pode necessitar de tratamento cirúrgico.
Dicas para prevenção:
- Mantenha um peso saudável
- Use roupas confortáveis, especialmente na região da cintura
- Evite ficar sentado por períodos muito longos — faça pausas para se movimentar
- Mantenha uma boa postura
- Pratique atividade física regular de forma equilibrada
- Se tiver diabetes, mantenha a glicemia bem controlada
Cuidar da saúde de forma global é essencial. Nosso organismo funciona como um sistema integrado que responde aos padrões de comportamento e hábitos que adotamos ao longo da vida.
É importante também estar atento aos sinais do corpo. Uma dormência ou formigamento recorrente na coxa pode parecer algo banal, mas quando persiste ou se repete, merece atenção médica. Como vimos, esses sintomas podem indicar uma compressão do nervo cutâneo femoral lateral, e quanto mais cedo o diagnóstico e tratamento, melhores são os resultados.
Se você está experimentando sintomas de meralgia parestésica ou tem dúvidas sobre sua condição, procure um médico especialista em dor para uma avaliação adequada.

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Não atendemos diretamente por convênio. Nosso foco é um atendimento especializado no paciente. Assim, separamos pelo menos 60-90 minutos para consulta, exame e avaliação do paciente.
O processo na maioria das vezes é digital (pelo Smartphone, tablet ou computador) é simples. O valor reembolsado corresponde a uma tabela de valores da própria operadora e pode cobrir todo o procedimento ou parte dele. Lembrando que a parte não reembolsada pode ser abatida no imposto de renda pessoa física (IRPF).
Clínica Dr. Hong Jin Pai - Centro de Dor, Acupuntura Médica, Fisiatria e Reabilitação.
Al. Jaú 687 - São Paulo - SP
Atendimento de segunda a sábado.




50 Comentários
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Ótimo Artigo, esclarecedor e bem técnico!
Agradecido pela explanação e pela dedicação em compartilhar tal conhecimento.
Texto maravilhoso e muito esclarecedor. É exatamente o que estou sentindo na coxa direita. Uma sensação de queimor, lascinante e dormência. Acho que com as explicações expostas pelo Dr, ao menos já tenho o diagnóstico do meu problema. Agora é tentar resolver. Muito obrigado!
Estou sentindo dormência e sensação de anestesia, conforme descrito no artigo, desde ontem quando treinava agachamento. Estou apreensiva.
Tenho 37 anos, meu peso está na média.
Josivânia
Parabéns pelo artigo!
Eu também tenho esses sintomas. Fui em vários médicos e me disseram que era problema de postura. Eu descobri na internet o problema com o nome de meralgia, me senti melhor sabendo que é um problema comum. Estou fazendo exercícios para melhorar a postura e não contrair o nervo.
Obrigada pelo artigo. Esclareceu meu problema. Há mais de dez anos sinto todos esses sintomas , porém acompanhados de coceira intensa, recorrendo a vários médicos sem sucesso. Agora sei a qual profissional recorrer.Deus os abençoe.
Gostaria de saber qual especialidade de médico consultar seria o clinico mesmo ou outra ? Estou sentido esse sintomas.