A sacroileíte é uma condição causada pela inflamação das articulações sacroilíacas — as estruturas que conectam o osso sacro (base da coluna) ao osso ilíaco (parte do quadril).
A articulação sacroilíaca está localizada na pelve e desempenha um papel fundamental no corpo: ela funciona como um “amortecedor” natural, absorvendo os impactos que ocorrem durante a caminhada e outras atividades. Sem essa proteção, as pressões geradas pelos membros inferiores seriam transmitidas diretamente para a coluna vertebral.
Além da função de absorção de impacto, essa articulação garante a estabilidade da pelve, permitindo movimentos coordenados do tronco e das pernas.
Embora seja uma das maiores articulações do corpo humano, a articulação sacroilíaca possui amplitude de movimento bastante limitada — ela foi projetada principalmente para estabilidade, não para mobilidade.
A dor característica da sacroileíte surge quando essa articulação apresenta inflamação. Essa condição é relativamente comum, especialmente entre praticantes de atividades físicas de alto impacto e pessoas com excesso de peso.
Neste artigo, você encontrará informações completas sobre a sacroileíte: o que é, como identificar os sintomas, quais exames são utilizados no diagnóstico e, principalmente, as diversas opções de tratamento disponíveis para quem sofre com dor no quadril.
O que é o sacro?
O sacro é um osso triangular localizado na base da coluna vertebral, formado pela fusão de cinco vértebras durante o desenvolvimento. Ele se conecta superiormente à quinta vértebra lombar, inferiormente ao cóccix (o popular “ossinho do final da coluna”) e lateralmente aos ossos do quadril.
A anatomia do sacro é piramidal, com formato quadrangular apresentando quatro faces distintas: duas faces laterais (também chamadas auriculares, pois lembram o formato de uma orelha), uma face posterior (dorsal) e uma face inferior (ilíaca).
As faces auriculares são especialmente importantes porque é através delas que o sacro se articula com os ossos do quadril, formando as articulações sacroilíacas. A face dorsal apresenta diversos acidentes ósseos — pequenas aberturas chamadas forames, por onde passam nervos e vasos sanguíneos.
Três ligamentos principais mantêm a articulação sacroilíaca estável: o ligamento sacroilíaco anterior, o posterior e o interósseo. Esses ligamentos são estruturas fibrosas muito resistentes que garantem a firmeza da articulação durante os movimentos do dia a dia.
Diversos músculos participam do funcionamento da articulação sacroilíaca, incluindo o glúteo médio, o glúteo máximo, o piriforme, o gêmeo superior e o obturador interno. O equilíbrio entre esses músculos é fundamental para a saúde da articulação.
Compreender essa anatomia ajuda a entender por que a sacroileíte pode causar dor em diferentes regiões e como os tratamentos atuam para aliviar os sintomas.
Anatomia da Articulação Sacroilíaca
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O que é sacroileíte?
A sacroileíte é uma das principais causas de dor na região do quadril e lombar baixa. Trata-se de uma inflamação que afeta uma ou ambas as articulações sacroilíacas.
Conforme explicamos anteriormente, a articulação sacroilíaca conecta a coluna vertebral aos ossos do quadril. Quando essa articulação está inflamada, mesmo movimentos simples do tronco — como inclinar-se para pegar um objeto ou virar-se na cama — podem causar desconforto significativo.
Um aspecto importante da sacroileíte é que ela frequentemente é confundida com outros problemas, como hérnia de disco ou lombalgia mecânica. Isso ocorre porque a dor pode irradiar para regiões próximas, dificultando a identificação precisa da origem do problema. Quando o tratamento inicial não traz resultados satisfatórios, é fundamental realizar uma investigação mais detalhada para confirmar o diagnóstico.
A sacroileíte pode afetar pessoas de qualquer idade, embora seja mais frequente em adultos. Em alguns casos, está associada a doenças inflamatórias sistêmicas que requerem acompanhamento especializado.
Principais causas da sacroileíte
Conheça as principais causas e entenda como cada uma pode desencadear a inflamação na articulação sacroilíaca:
Sobrecarga mecânica
Atividades repetitivas que sobrecarregam a articulação sacroilíaca podem comprometer sua integridade ao longo do tempo. Esportes que envolvem corrida de longa distância, saltos frequentes ou movimentos repetitivos de rotação do tronco são os mais associados a esse tipo de lesão.
Excesso de peso
O sobrepeso e a obesidade aumentam significativamente a carga sobre as articulações do corpo, incluindo a sacroilíaca. A cada quilo extra, a pressão sobre essa articulação aumenta proporcionalmente, acelerando o desgaste e favorecendo processos inflamatórios.
Fatores genéticos e estruturais
Algumas pessoas nascem com predisposição para problemas articulares ou apresentam alterações anatômicas na coluna e nas pernas que afetam o alinhamento corporal. Essas variações podem gerar sobrecarga desigual sobre a articulação sacroilíaca, favorecendo a inflamação.
Envelhecimento
Com o passar dos anos, as articulações naturalmente perdem parte de sua capacidade de absorção de impacto. Os ligamentos tornam-se menos elásticos, o tecido ósseo pode ficar menos denso, e a lubrificação articular diminui. Esses fatores aumentam a vulnerabilidade à sacroileíte em pessoas mais velhas.
Doenças associadas
Diversas condições podem desencadear ou agravar a sacroileíte, incluindo: artrite reumatoide, espondilite anquilosante, gota, psoríase, doença inflamatória intestinal, entre outras. Nestes casos, o tratamento da doença de base é fundamental.
Gravidez
Durante a gestação, hormônios como a relaxina promovem o afrouxamento dos ligamentos pélvicos para facilitar o parto. Essa adaptação natural, combinada ao peso adicional do bebê, pode sobrecarregar a articulação sacroilíaca e provocar inflamação temporária.
Traumas e lesões
Quedas, acidentes de trânsito ou impactos diretos na região pélvica podem causar lesões na articulação sacroilíaca e desencadear um processo inflamatório. Idosos são particularmente vulneráveis devido à maior fragilidade óssea e ao risco aumentado de quedas.
Processos infecciosos
Embora raro, infecções bacterianas podem atingir a articulação sacroilíaca, causando uma forma de sacroileíte que requer tratamento com antibióticos. Essa causa é mais comum em pessoas com imunidade comprometida.
Fatores de risco para sacroileíte
Como a sacroileíte possui múltiplas causas possíveis, os fatores de risco também são variados e podem se somar.
Atletas que praticam atividades de alto impacto ou que envolvem movimentos repetitivos da pelve estão entre os mais afetados. Corredores de longa distância, jogadores de futebol e praticantes de artes marciais são exemplos de grupos com risco aumentado.
O excesso de peso merece destaque especial como fator de risco. Pessoas com sobrepeso ou obesidade apresentam chances significativamente maiores de desenvolver sacroileíte, pois a articulação é constantemente sobrecarregada.
A gravidez representa um período de risco temporário. Durante a gestação, hormônios naturais promovem o relaxamento dos ligamentos pélvicos, tornando a articulação sacroilíaca mais vulnerável. Felizmente, na maioria dos casos, os sintomas melhoram após o parto.
A idade é outro fator relevante. O envelhecimento natural traz mudanças no sistema musculoesquelético: os ossos tornam-se menos densos, os ligamentos perdem elasticidade e as cartilagens se desgastam. Essas alterações aumentam a suscetibilidade a problemas articulares.
As mulheres, especialmente após a menopausa, apresentam risco aumentado devido às alterações hormonais que afetam a saúde óssea.
O histórico familiar também deve ser considerado: ter parentes com problemas na articulação sacroilíaca ou doenças inflamatórias aumenta as chances de desenvolver a condição.
Outros fatores de risco incluem:
Histórico de fraturas no quadril ou quedas frequentes
Fraturas prévias na vida adulta
Ascendência caucasiana ou asiática
Alimentação inadequada ou desnutrição
Deficiência de cálcio ou vitamina D
Peso corporal muito baixo
Sedentarismo prolongado
Tabagismo e consumo excessivo de álcool
Doenças articulares degenerativas (como osteoartrose)
Doenças neurológicas (Parkinson, Alzheimer)
Uso prolongado de corticosteroides
Problemas de equilíbrio e coordenação motora
Sintomas da sacroileíte
O processo inflamatório da sacroileíte produz uma dor característica na região do quadril e lombar baixa. No entanto, é comum que esse desconforto se estenda para outras áreas, como coxas, nádegas e, em alguns casos, até as pernas. Algumas pessoas relatam dor na virilha e nos pés após permanecerem muito tempo em pé.
Sem tratamento adequado, os sintomas tendem a se agravar progressivamente, podendo afetar a capacidade de caminhar normalmente e causar uma distribuição desigual do peso corporal entre as duas pernas.
Quando a sacroileíte está associada a doenças sistêmicas (como espondilite anquilosante), podem surgir complicações adicionais ao longo do tempo, incluindo rigidez progressiva da coluna. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Dor na região lombar baixa
- Dor nas nádegas (de um ou ambos os lados)
- Sensação de dor profunda na pelve
- Dor no quadril
- Dor que irradia pela perna (geralmente até o joelho)
- Desconforto ou dor nos joelhos
- Contraturas musculares na região lombar
- Rigidez matinal na parte inferior da coluna
- Dificuldade para encontrar posição confortável ao dormir
Característica importante: os sintomas costumam ser piores após períodos prolongados de repouso. Muitos pacientes relatam maior intensidade da dor ao levantar pela manhã ou após ficarem sentados por muito tempo. A dor geralmente melhora com movimento leve.
Situações que podem intensificar a dor incluem: caminhadas longas, subir escadas, agachar-se, movimentar-se na cama durante a noite, e até mesmo tossir ou espirrar.
Quando procurar um médico: Se você apresenta dor persistente na região lombar baixa ou quadril que não melhora com repouso e analgésicos comuns, ou se a dor está afetando suas atividades diárias, é importante buscar avaliação médica especializada.
Avaliação de Sintomas
Responda às perguntas abaixo para entender melhor seus sintomas.
Esta ferramenta é apenas informativa e não substitui a avaliação médica.
1. Onde você sente a dor principalmente?





22 Comentários
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Excelente matéria! Tenho essa dor a muito tempo e agora que fui diagnosticada fiquei muito feliz em esclarecer todas as minhas dúvidas! Muito obrigada.
Tenho sacroileite a médica que fasso tratamento diz que posso trabalhar normal com dor